A arte traz em sua essência um
recado que pode ser quando bem codificada, uma seta que indica o caminho. Na
canção Força Estranha, de autoria de Caetano Veloso, interpretada por tantos e
lançada por Roberto Carlos no final da década de 70, o autor “fala por isso uma
força me leva a cantar, por isso essa Força Estranha no ar”. E a pergunta que
não quer calar surge: quem ainda não experimentou essa força que parece emergir
no nada e nos faz resistir à onda que nos quer jogar lá adiante?
Essa força é invisível, às
vezes suave e de outras tempestiva. Chega e toma espaço. Dá impressão de que
surge de fora, do além, do aquém, sabe-se lá de onde. Afinal consegue nos
alcançar na solidão do quarto ou na multidão do shopping. Funciona como se uma
luz acendesse no ambiente escuro da alma, uma música tocasse no silêncio, um
leve e agradável odor nos penetrasse os sentidos além das narinas.
Sua ação premia estudos
cansativos em busca das respostas das ciências: “Eureca”, como diria Arquimedes
ao perceber a primeira lei da hidrostática ao emergir o corpo numa banheira,
depois de longas horas de estudos matemáticos que faz da indústria naval uma
realidade. Sob o seu embalo Paulo de Tarso se transforma no maior divulgador da
Boa Nova mudando de inopino a sua estrada quando passava a galope por aquela de
Damasco. Tomado pela sua influência Sócrates, o maior de todos os filósofos gregos,
abdicou da fuga do cárcere encarando a morte com digna clarividência. Bafejada
pela sua inspiração a extraordinária IX Sinfonia de Beethoven vence a profunda
surdez do autor encantando os nossos ouvidos.
O Maravilhoso Laboratório do
Invisível opera vinculações que a nossa mente encarnada nos impede de
visualizar. Quem dera pudéssemos perceber o emaranhado de energias que
transitam num espaço que consideramos vazio e está plenificado de ondas que se
entrechocam sem se tocar pela diversidade de suas naturezas. Há um desfile de
luzes, sons e vibrações que ladeiam a nossa cegueira sensorial e que nos
influencia inequivocamente ao primeiro movimento de sintonia, sem que sequer o
percebamos.
Vivemos num mundo material?
Qual nada! Podemos persistir com a mesma postura de afogar as nossas aspirações
em torno de ganhos e vantagens passageiras, mas é impossível negar que o mundo
da Forças Estranha passeia em torno dos nossos passos. Podemos sim torná-lo uma
via de acesso possível. Podemos sim ligar o radar dessas energias para que nos
sirvam de sinalizador para decisões de atitudes. Theilhard de Chardin nos
provoca ao dizer que “não somos seres humanos vivendo uma experiência
espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”.
Acenda a sua luz. O pensamento
sadio, que gera a palavra sadia, que alimenta a atitude equilibrada é antena
que conecta com a Força Estranha do equilíbrio. Tudo começa no pensamento. E o
pensamento é onde exercitamos o que há de mais profundo na liberdade de ser (LE
– q. 833). Pensemos o bem a fim de que essa seja a nossa atitude. Sem temores e
confiante que a Força Estranha que emerge de Jesus é o nosso alicerce que
permite transpor os perigos e instalar a luminosidade em cada um de nós.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 29.10.2017
Com certeza Roberto foi uma força estranha que te inspirou a escrever esse editorial. Parabéns!
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