O Materialismo é a doutrina que acredita que os
fenômenos naturais, sociais, mentais e históricos são esclarecidos pela própria
matéria ou pelas condições concretas materiais, também dispensando qualquer
forma de participação divina em todo o processo de formação da vida,
relacionando-o com fatores evolutivos casuais.
Concebendo os fenômenos vitais como sem origem
inteligente, fruto somente do "acaso", não aceitando a substância
imaterial, os partidários do materialismo têm grande propensão de sancionar o
orgulho e o egoísmo e, consequentemente, o hedonismo, como igualmente
participam com afinco de todos os programas relativos à justificação e à
propagação dos crimes do aborto e da eutanásia.
Rejeitando a morte como uma passagem
transcendental, onde a imortalidade do espírito é constatada, penetrando o ser
na dimensão extrafísica, os materialistas, sem esperança e desestimulados, têm
maior facilidade de se envolver nas teias do suicídio, porquanto consideram a
morte biológica como final de tudo (como o nada) e não possuem a consciência da
importância das dificuldades e das vicissitudes da existência física para o
aprimoramento do ser espiritual e que a cessação da vida física é princípio de
uma nova jornada, diante do Infinito.
Um jornalista materialista assim se expressou:
"É difícil ser ateu. Encaramos a morte com olhos aterrorizados. A despeito
de todos saberem que ela é inevitável, nós a encaramos como o fim de tudo. Não
esperamos nada do além-túmulo. Não estamos indo ao encontro a deus ou a
eternidade. Quando nos apaixonamos, não esperamos viver no paraíso ao lado de
nossas esposas ou maridos.
Tornar-se-á célebre a frase de Ann Druyan,
viúva de Carl Sagan, um dos ateus mais respeitáveis dessa geração, ao falar da
despedida do marido, no leito de morte: ‘Nenhum apelo a Deus, nenhuma esperança
sobre uma vida pós-morte, nenhuma pretensão que ele e eu, que fomos
inseparáveis por vinte anos, não estávamos dizendo adeus para sempre'. São
palavras terríveis, mas sabemos que é verdade.
Sabemos. A consciência ateísta, quando surge,
nos eleva a uma percepção única. Passamos a enxergar a vida como a areia da
ampulheta, que escorre inexoravelmente pela fenda. Não importa o quão correta
tenha sido sua vida, no fim, a morte reina absoluta".
Infelizmente, o materialista, diante da morte,
contempla o grande silêncio do nada, sentindo sua alma despedaçar-se num
aparente adeus sem volta. Conta-se que Francisco de Assis estava trabalhando na
terra, quando um frade lhe fez a seguinte pergunta: - "Irmão Francisco, se
você soubesse que iria morrer daqui a alguns minutos, o que faria? Respondeu,
com serenidade, certo e seguro de que a morte não interrompe a vida imortal do
espírito: - "Continuaria capinando o meu jardim".
Para os descrentes a criação do mundo e toda a
vida são regidas pelo acaso. Afirmou Kardec: "Atribuir a formação primária
das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa,
porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que há de ter uma
causa". Depois o codificador pergunta à espiritualidade superior: Q. 8 de
"OLE": - "Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a
formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao
acaso? Resposta: "Outro absurdo! Que homem de bom-senso pode considerar o
acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada". Depois, Kardec
comenta: "A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia
combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder
inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o
acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso
inteligente já não seria acaso".
Na Q. 9 de "OLE": - "Em que é
que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas
as inteligências?" Resposta: "Tendes um provérbio que diz: Pela obra
se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que
gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que
ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus
pode abater!". Comentário do codificador: "Do poder de uma
inteligência se julga pelas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o que a
Natureza produz, a causa primária é, conseguintemente, uma inteligência
superior à Humanidade. Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência
humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que
opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência superior é
que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe
deem".
Na Q. 4 de "OLE": - "Onde se
pode encontrar a prova da existência de Deus? Resposta: "Num axioma que
aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo
o que não é obra do homem e a vossa razão responderá". Comentário de
Kardec: "Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da
Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é
negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma
coisa'
Na Q.5 de "OLE": - "Que dedução
se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da
existência de Deus? Resposta: "A de que Deus existe; pois, donde lhes
viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma consequência do
princípio - não há efeito sem causa".
Difícil entender que toda a harmonia e ordem do
Cosmos surgiram espontaneamente, sem a presença de uma causa inteligente.
Calcula-se que, no Universo, há algumas centenas de bilhões de galáxias,
contendo cada uma em média uma centena de bilhão de estrelas. Contemplando o
espaço ilimitado e indefinido, onde se movem bilhões e bilhões de astros, o
homem antevê a eternidade e sente a presença de Deus imanente na abóbada
estrelada da noite, tendo a certeza de que o Cosmos é uma expressão do Ser
Superior. Tudo realmente tem uma causa e fomos criados para a ventura eterna.
Disse o amoroso Jesus: "Não se turbe o
vosso coração; crede em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas
moradas... Vou preparar-vos lugar" (João 14: 1-2).
Analisando as religiões dogmáticas, com
racionalidade e bom senso, um grande número de pessoas se vê às voltas com o
materialismo, desiludido dos argumentos pueris e desatualizados da teologia
predominante, como igualmente do mercantilismo religioso, verificado desde os
primórdios da transformação do cristianismo primevo em religião constituída.
Infelizmente, o sacerdócio, ligado ao poder temporal e ao mundanismo, sempre
esteve presente, em todos os tempos, sobressaindo o interesse financeiro acima
de tudo.
O Mestre Jesus, que não tinha onde reclinar a
cabeça (Mateus 8: 20), esteve muito longe de tudo isso, já que pregava:
"... de graça recebestes, de graça daí" (Mateus 10: 8) e que expulsou
a todos os que ganhavam dinheiro, fazendo comércio religioso no templo de
Jerusalém, "transformando-o em covil de ladrões" (Mateus 21: 13). No
Apocalipse, a religião sem espiritualidade é denominada simbolicamente de
"Babilônia, a Grande" (14: 8) e os que lucram com a aleivosa crença
de "mercadores da terra" (18: 3).
Realmente, a falsa religião colabora enfaticamente
para que o materialismo cada vez mais cresça no mundo, principalmente quando
ensina conceitos já superados e anticientíficos, como, por exemplo, a criação
do mundo em seis dias e esteja envolvida com a vergonhosa mercantilização da
fé. O trabalho religioso, estimulado por um bom salário, deixa a desejar em sua
autenticidade, espontaneidade e como ato de amor desinteressado.
Na atualidade, muitas pessoas estão se tornando
materialistas, através das ideias ateístas do biólogo inglês Richard Dawkins,
divulgadas na obra "Deus - Um Delírio" (The God Delusion), atraindo
todos os que se encontram desiludidos com as vetustas religiões tradicionais.
É muito comum o testemunho de ex-materialistas
que se converteram à Doutrina Espírita ("Fé Raciocinada"), relatando
que não conseguiam aceitar o Deus, irascível, violento e sanguinário (1º
Samuel, 15: 3; Deuteronômio, 13: 6, 9 e 10; Deuteronômio, 22:20-21; Levítico,
20: 9; Levítico, 26: 6-8), pregado pelas religiões dogmáticas, sob as ordens de
uma teologia, distanciada da lógica e do discernimento. Dizem, igualmente, que
o que os levou ao Espiritismo foi exatamente a verificação da Doutrina,
codificada pelo excelso Allan Kardec, priorizar, assim como os materialistas, a
criticidade, a discussão dos seus princípios e a liberdade de pensamento,
seguindo, contudo, o parâmetro doutrinário de que "o argumento supremo
deve ser a razão" (Conclusão de "OLE", no penúltimo parágrafo).
Uma das máximas espíritas diz que "Fé inabalável é a que pode encarar a
razão frente a frente em todas as épocas da Humanidade". Portanto, na
Doutrina Espírita, a fé, desligada da razão, sem os rigores da verificação, é
morta, inexpressiva. O espírita crê porque sabe.
Ao mesmo tempo, o Espiritismo como síntese
perfeita de ciência, filosofia e religião faz o trabalho oposto dos militantes
ateístas, atraindo os místicos e cientificistas, indo além dos limites
observados por eles, fazendo-os encontrar aquilo que não conseguiam ainda
entender.
Nesse momento, lembro-me de três fatos
ocorridos que poderão exemplificar a importância da Doutrina Espírita para
esclarecimento de muitas criaturas envolvidas pela desilusão religiosa e pela
singeleza da niilista proposta materialista que termina no túmulo, enquanto o
Espiritismo segue adiante, vai muito além, revelando a vida após a morte:
1- Em 1991, através da divulgação internacional
realizada pelo "Almanako Lorenz", escrito na língua esperanto
("O idioma fraterno do futuro"), um artigo de minha autoria,
intitulado "A Descoberta do Espírito", publicado posteriormente na
obra "O Consolador entre Nós", da Casa Editora O Clarim de Matão, SP,
foi lido por um cientista de nacionalidade russa da Academia de Ciências de San
Marino, que o publicou em um popular jornal da Rússia, o "Azohckúu
Becthnk", quando já se estava iniciando o processo de derrocada do
comunismo e fim da censura. A repercussão foi intensa, desde que, na matéria,
citei trabalhos de alguns cientistas estrangeiros, chegando à prova segura da
sobrevivência do ser após o fenômeno da morte;
2- Um médico materialista, que não aceitava o
espiritualismo e debochava muito das pessoas religiosas, perdeu seus genitores,
em acidente automobilístico. Certo dia, fui procurado por ele, dizendo-me que
queria relatar estranhos sonhos que, nas últimas noites, tinha com o pai.
Narrou-me que, num dos sonhos, estava em um local cercado de edifícios quando
lhe apareceu o genitor, que dizia estar bem e mostrando-lhe um dos prédios, em
que se encontrava internado. Perguntando-lhe a respeito da mãe, recebeu a
informação de que ela estava em outro local onde ele não tinha acesso, mas que
estava ainda melhor do que ele. A seguir, indagou do pai se estava satisfeito,
recebendo esta resposta: "A única coisa que não gosto aqui é de ser
levado, ás dezoito horas de todos os dias, para junto de todos e ter de
rezar!" Fiquei emocionado, porquanto o colega, materialista fanático e
irônico, desconhecia por completo as obras religiosas, principalmente as
espíritas. Prontamente, contei-lhe as narrativas do médico André Luiz, através
da psicografia de Chico Xavier, a respeito da oração coletiva de todos os
habitantes da cidade espiritual "Nosso Lar", na hora do crepúsculo,
dando veracidade ao que, para ele, seria apenas um sonho. Uma fecunda semente
foi lançada em seu campo evolutivo e, a partir daí, a germinação se processou e
o colega encontrou o caminho da luz, distanciando-se das sombras do
agnosticismo;
3- Sempre pesquisei muito a teratologia médica,
correlacionando-a com a excelsa Doutrina Espírita, e a informação doutrinária
de poder haver formação fetal sem a presença do ser espiritual sempre me
fascinou. Tive a chance de encontrar, na literatura mundial, ilustrações do
feto acárdico que se apresenta completamente oco e se encaixa perfeitamente no
que desejava. Quando me vi pessoalmente com um deles, divulguei as fotos e
elaborei um trabalho científico, que foi publicado, na Revista Internacional de
Espiritismo, em 1998, causando grande repercussão, tanto no Brasil, quanto no
Exterior. Para minha surpresa e alegria, a Revista Espírita, fundada, em 1858,
por Allan Kardec, foi reeditada, na França. Na publicação de estreia, constava
minha matéria, traduzida para o idioma francês. Logo após, recebi
correspondência da França, constando o exemplar da "Revue Spirite" e
uma carta da confreira Anita Becquerel, dizendo o seguinte: "Este artigo
tem tido uma grande repercussão junto ao público que frequenta as conferências
promovidas pela USFF, fazendo com que haja um despertar de interesse. Porque se
trata ao mesmo tempo de um tema atual e científico. A matéria mostra que o
mesmo tema foi tratado pelos espíritos há quase 150 anos. Isso atordoa, e
muito, o espírito cartesiano dos franceses. Muitos vêm comprar revistas extras
por causa do artigo".
A Doutrina Espírita, com seus racionais
postulados científicos, inicia o trabalho de esclarecimento da humanidade.
Afinal, o homem encontra-se no limiar de uma nova era, na qual os enigmas serão
decifrados e as barreiras do desconhecido sofrerão um intenso processo de
desmoronamento. O Mestre Jesus previu esse grande momento, dizendo que o
Consolador seria enviado, não somente para relembrar o que ele ensinou, como
igualmente espargir novas lições. Assenhoreando-se da visão cósmica, utilizando
também a ótica da racionalidade, o Espiritismo testemunha a existência de Deus
e toma acesso às Suas Leis Morais. Perguntou Kardec (Q. 621 de
"OLE"): "Onde está escrita a lei de Deus?" A resposta,
pronta e objetiva: "Na consciência".
O Espírito, tendo o direito do uso do seu livre
arbítrio, tem, igualmente, a responsabilidade pelos atos que praticar. A lei
divina, denominada de "Causa e Efeito", tem sua corroboração
científica no "Terceiro Princípio da Mecânica" de Isaac Newton:
"A toda ação corresponde uma reação igual e diretamente oposta". Todo
o bem e o mal praticados pelo homem repercutem na intimidade espiritual
(perispírito), sendo registrada em imediato a ação. Diz a cantiga popular:
"A canoa virou, deixá-la virar. Foi por causa do fulano que não soube
remar". "A voz do povo é voz de Deus": Enunciação da Lei de
Causa e Efeito, citada nos Evangelhos e estudada com afinco no
Espiritismo". Em caso de ato danoso a outrem, o Espírito armazena a
distonia por ele mesmo criada, havendo, então, a necessidade de expurgá-la,
através de uma outra oportunidade encarnatória. Através do conhecimento da
Doutrina Espírita, sabemos que, na dimensão espiritual, as dores de consciência
exigem reparação. Encarnando, há a oportunidade de resgatar os débitos e
adquirir a paz e a felicidade: "Se a tua mão ou teu pé te faz tropeçar,
corta-o, e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou
aleijado" (Mateus 18:8); "Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o
e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos"
(Mateus 18:9), ficando livre da tortura do remorso vivenciado na pátria
espiritual com a aparência de "fogo eterno". Pela Doutrina Espírita
sabemos que cada ser é responsável pelos seus próprios passos. A
responsabilidade é pessoal. O que parece barbaridade revela apenas uma verdade:
Somos hoje o que construímos ontem e seremos amanhã o que fizermos agora.
A Doutrina Espírita tem por princípio as
relações do mundo material com os espíritos ou seres do mundo invisível. Com
efeito, o Espiritismo é o oposto do materialismo. Como diz o ilustre escritor
Leon Denis: "O espírito humano flutua indeciso entre as solicitações das
duas potências: de um lado as religiões com seu espírito de dominação e de
intolerância; - de outro a "ciência" materialista em seus princípios
como em seus fins, com frias negações e exagerada inclinação para o
individualismo. Uma: religião sem provas; outra: ciência sem ideal; - e em
torno de ambas acumulam-se as ruínas e os destroços de numerosas esperanças e
de aspirações derrubadas".
Amalgamando ciência, filosofia e religião, o
Espiritismo surge, diante do oceano tempestuoso da dúvida, da descrença e da
solidão, como a navegação segura, desembarcando no porto da tranquilidade e da
paz. Seu habilidoso timoneiro é o amoroso Jesus que "nasceu em noite
escura, viveu entre os infortúnios de Terra e expirou na cruz, em tarde
pardacenta, sobre o monte empedrado, mas ressuscitou aos cânticos da manhã, no
fulgor de um jardim" (Emmanuel, livro "Religião dos Espíritos").
"A GRANDE FORÇA DO ESPIRITISMO ESTÁ NO
APELO QUE FAZ À RAZÃO E AO BOM-SENSO"
Nenhum comentário:
Postar um comentário