Assim diz a escritura: “Todos levam teu
espírito incorruptível! Por isso, pouco a pouco corriges os que caem, e os
admoestas, lembrando-lhes as faltas, para que se afastem do mal e creiam em ti,
Senhor”.[i]
Haveria fundamento para essa maneira de pensar
entre kardecistas? Creio que sim. De idêntico modo podemos entender esta
instrução do fundador da filosofia espírita: “A alma humana, emanação divina,
leva nela o germe ou princípio do bem, que é seu objetivo final, e deve fazê-la
triunfar das imperfeições inerentes ao seu estado de inferioridade na
Terra”.[ii] O espírito Dufêtre, no mesmo sentido, ensina: “(...) se o coração
humano é um abismo de corrupção, sempre existe em algumas de suas partes mais
secretas o germe de bons sentimentos, centelha viva da essência
espiritual”.[iii] O espírito Fénelon, consoante, sustenta: “O amor é de
essência divina e, do primeiro ao último de vós, todos possuís, no fundo do
coração, a centelha desse fogo sagrado. (...) por mais que procurem, não
conseguem fazer desaparecer o germe vivaz que Deus colocou em seu coração, no
momento em que os criou. Esse germe se desenvolve e cresce com a moralidade e a
inteligência (...) Não acrediteis na dureza e na insensibilidade do coração humano,
mesmo a contragosto ele cede ao verdadeiro amor; é um ímã ao qual ele não pode
resistir, e o contato desse amor vivifica e fecunda os germes dessa virtude que
está em vossos corações em estado latente”.[iv] Ainda no best-seller da
codificação kardeciana, garante um espírito protetor: “Deus, em sua
misericórdia infinita, colocou no fundo do vosso coração uma sentinela
vigilante, que se chama consciência. Escutai-a, porque ela só vos dará bons
conselhos. Às vezes podereis entorpecê-la, opondo-lhe o espírito do mal; então,
ela se cala. Mas ficai seguros de que a pobre desprezada se fará ouvir no
momento em a deixardes perceber a sombra do remorso. Escutai-a, interrogai-a,
e, muitas vezes, sereis consolados pelos seus conselhos”.[v]
Tudo isso remete flagrantemente ao que a
tradição cristã, em verdade, sempre chamou o Espírito Santo, ou o Santo
Espírito, i. é, o nosso potencial divino, o germe do bem, a centelha viva da
essência espiritual, donde, talvez, o quarto evangelho canônico estender a
todos o que só aos juízes de Israel estava dito no Salmo 82, v. 6: “Vós sois
Elohim (deuses). E todos vós sois filhos do Altíssimo”. Aos que digam que
exorbito, recordarei o frontispício da Revista Espírita de Allan Kardec, no
sentido de ser por demais extenso esse capítulo da história do espiritismo na
antiguidade, integrando as infindas tentativas de explicar as lendas e as
crenças populares, bem como a mitologia de todos os povos.
[i] Sabedoria, XII, 1-2. A Bíblia de Jerusalém.
[ii] Revista Espírita. Abr/1869. Profissão de
Fé Espírita Americana, n. 18. Edicel.
[iii] O Evangelho segundo o Espiritismo, X: 18.
[iv] O Evangelho segundo o Espiritismo, XI, 9.
[v] O Evangelho segundo o Espiritismo, XIII,
10.
fonte: http://sergioaleixo.blogspot.com.br
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