Todo o encanto dos ensinos espíritas, oriundo
da fé racional considerando o potencial do magnetismo pelo passe, desaparece
ante as ginásticas pedantes e caricatas de tratamentos “espirituais”
ultimamente praticados em algumas instituições espíritas mal administradas.
Dos muitos disparates que já ouvi nas hostes
espíritas de Brasília, um deles é que a aplicação do passe quando “concentrado”
(concentrado???…!!!) e muito demorado pode causar “congestionamento fluídico”
(congestionamento fluídico???…!!!) e com isso o assistido pode se sentir mal
(sentir mal???…!!!) Acredite se puder!
Ora, na aplicação do passe oferecido numa casa
espírita bem dirigida, os Benfeitores manipulam e espargem os fluidos
exatamente na quantidade necessária para cada assistido, nem mais, nem menos.
Nunca em excesso.
O passe não poderá, em tempo algum, ser
aplicado com movimentos bruscos, com malabarismos manuais, estalos de dedos,
cânticos estranhos e, muito menos ainda, com passistas incorporados com
“aconselhamentos” para o assistido.
Por conseguinte, na aplicação do passe não se
fazem necessários a gesticulação violenta, a respiração ofegante ou o bocejo
contínuo, e que também não há necessidade de tocar o assistido. A transmissão
do passe dispensa qualquer recurso espetacular.
São ridículas as encenações preparatórias com
as mãos erguidas ao alto e abertas, para suposta captação de fluidos pelo
passista, mãos abertas sobre os joelhos, pelo paciente, para “melhor
assimilação” fluídica, braços e pernas descruzados para não impedir a livre
passagem dos fluidos, e assim por diante – só servem para achincalhar o passe,
o passista e o paciente.
A transfusão sanguínea promove a renovação das
forças biológicas. O passe é transfusão de energia psíquica e magnética. A
diferença é que os recursos sanguíneos são extraídos de um reservatório
limitado, mas os elementos psíquicos são retirados do reservatório interminável
das forças espirituais.
A transfusão ocorre através do períspirito,
órgão sensitivo do Espírito, que interage de forma profunda com o corpo biológico,
razão pela qual as energias psíquicas, transmitidas pelo passe e recebidas
inicialmente pelos “centros de força”, alcançam o corpo físico através dos
“plexos”, proporcionando a renovação das células enfermiças. As energias
psíquicas poderão ser espirituais, considerando o magnetismo advindo dos
desencarnados que participam dos processos, e fluidos humanos, através do
magnetismo animal pertencente aos passistas encarnados.
O passe é prece, concentração e doação. A
oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental que atrai.
Por ela, consegue o passista duas coisas importantes: primeiro, expulsar da
mente os sombrios pensamentos remanescentes da atividade comum das lutas materiais
diários; segundo, sorver do plano espiritual as substâncias renovadoras a fim
de conseguir operar com eficiência em favor do próximo.
Por questão de bom senso, o passe deverá sempre
ser ministrado de modo silencioso, com simplicidade e naturalidade. Todo o
potencial e toda a eficácia do passe genuinamente espírita dependem do espírito
e da assistência espiritual do passista e não apenas do passista. Jesus
utilizou o passe “impondo as mãos” sobre os enfermos, a fim de beneficiá-los. E
ensinou essa prática aos seus discípulos e apóstolos, que também a empregaram
largamente nos tempos apostólicos.
Vale relembrar aqui que apesar dos estranhos
passistas que criam confusões ao aplicarem o passe, reconhecemos que muitos
encarnados e desencarnados são beneficiados pela transfusão dos fluidos
psíquicos, pois sabemos que é manifestação do amor de Deus, esse sentimento
sublime que abarca a todos e os alivia.
Importa-nos lembrar, porém, um pensamento de
Chico Xavier: o passe, tal como terapia, não modifica necessariamente as
coisas, para nós, mas pode modificar-nos a nós em relação às coisas.
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