Este texto, enviado pelo
confrade Luiz Manoel Acioli, foi escrito em 31 de março de 1952, pelo Coronel
Jaime Rolemberg de Lima, fundador do Lar Fabiano de Cristo, Patrono do Grupo de
Estudos Espíritas Jaime Rolemberg, situado na Rua Raul Uchôa, 31, Montese.
Fortaleza – CE.
Ele foi extraído de “O Cruzado”, boletim oficial da Cruzada dos Militares
Espíritas, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Nesta época, Jaime Rolemberg
de Lima ainda era Capitão do Exército Brasileiro. Ele desencarnou no dia 17 de janeiro
de 1978, com 64 anos incompletos.
Publicamos esse artigo histórico em comemoração aos 60 anos de fundação
do Lar Fabiano de Cristo, ocorrido no dia 08 de janeiro de 2018.
O PROSELITISMO (Capitão J. Rolemberg Lima)
É um vezo, e justo, de toda religião, trabalhar para o aumento do número
dos seus adeptos.
A maioria delas argumenta que os seus membros são os únicos conhecedores
dos caminhos que conduzem a Deus, à salvação das almas. É, então, um dever
levar a palavra aos supostos deserdados do reino dos céus, convertê-los e
encaminhá-los.
Não se cansa de repetir dogmas e fórmulas, práticas e rituais,
mandamentos e proibições. É comum em nossas sessões conversarmos com Espíritos
desencarnados convictos de estarem no céu ou a caminho dele em face de uma vida
piedosa aqui na terra, fiel a todos os deveres da religião que abraçaram. Na
maior parte, porém, são Espíritos bondosos, que facilmente compreendem quanto
seus atos de caridade e amor valeram mais que o cumprimento das regras
exteriores do culto. Rapidamente se assenhoram de que não ganharam o céu como
pensavam, mas, em compensação, gozam de paz no espaço. Há, porém, os
presunçosos, os saduceus, amigos das fórmulas, que fazem as coisas com as mãos
e os pés sem a preocupação de esconder seus atos honráveis e que discutem, com
a matemática do homem das mãos enferrujadas, da crônica de Humberto de Campos,
a conquista que fez, em vida, das bem-aventuranças celestes.
Os espíritas, não são, geralmente, grandes conquistadores de prosélitos.
Segundo o ensino, os próprios Espíritos, atuando nos encarnados,
produzindo fenômenos inexplicáveis fora da Doutrina, bem como a escola do
sofrimento e da dor, são os propagandistas do Espiritismo. O estudo
doutrinário, a explicação conscienciosa, a pregação aos interessados, a
solicitar demonstração de amor ao próximo e desprendimento, o bom exemplo, o
progresso íntimo, eis os melhores fatores da propaganda.
“Não atires margaridas contra cedros”.
Por que porfiar, para impor a Doutrina, quando é certo que se a doença, o
desencarne das pessoas queridas, as injustiças da vida que o Eclesiastes já
reconhecia atingir indistintamente a ricos e pobres, sábios e parvos, santos e
ímpios hão de criar o momento ótimo para a semente germinar?
Aguardemos. Aos perplexos diante das incógnitas da vida material expliquemos
o problema do ser e da dor, a pluralidade das existências, os embates da
própria consciência lutando para manter a conduta planejada ao encarnarmos,
frente às provas encontradas no caminho, muitas delas ardentemente desejadas
para reparação de velhos erros.
Aguardemos, mas não nos neguemos a lançar a semente quando o terreno for
propício. Seria egoísmo o contrário. Doutrina feita de amor e compreensão,
indulgência e tolerância, o Espiritismo é um bálsamo para as almas aflitas ou
sofredoras. Apelando para a razão, passível de demonstrações experimentais,
alimenta os famintos, os curiosos, os investigadores impenitentes, os
incrédulos, exigindo apenas, para ser aceita, interesse honesto e o sincero
desejo de esclarecimento.
Admira verificar quanto ela se tem desenvolvido sem campanhas organizadas
de expansão, sem os doutores da lei, sem os donos ou vendedores de passagem
para a felicidade do além, sem intransigências e, chega ao incrível pensar na
falta de uma organização hierarquizada, um comando, um órgão coordenador.
Contudo, sem nada disso, a doutrina caminha e a Pátria do Evangelho
assiste a uma expansão religiosa como talvez nunca haja ocorrido. Os jornais, o
rádio, tudo entra a concorrer para a divulgação informativa dos fatos espíritas
e não é com a chacota que as explicações são recebidas. Há um longo campo, há
uma grande massa de interessados nas coisas da doutrina, e bem o comprova o apoio
que vem merecendo a campanha da Hora Espiritualista “João Pinto de Souza” por
uma estação própria. Nós, que secretariamos a diretoria provisória no
lançamento da campanha, podemos testemunhar a extensão do interesse despertado
e a ocorrência do apoio moral, através de vasta correspondência e do apoio
material pela oferta de meia centena de milhares de cruzeiros em alguns dias.
Sob a égide de Paulo de Tarso, o evangelizador dos gentios, pretende-se
levar em ondas de Hertz a palavra do Mestre, segundo a Codificação Kardeciana,
a todos os recantos do país, num esforço de educação e esclarecimento
espiritual.
Não apresentando interesse comercial, os programas espíritas
radiofonizados estão sempre sujeitos à instabilidade, impondo-se a obtenção da
emissora própria como única solução eficiente.
Mesmo não se objetivando conquistar adeptos, senão levar consolo a todos
que o busquem, não é possível regredir desamparando os programas radiofônicos
existentes e que tantos préstimos realizam, inclusive espalhando razoável messe
de benefícios sociais.
O rádio é o tipo ideal do veículo de divulgação do Espiritismo, não
apenas pela eficiência, mas também porque só o ouve quem o quer e quem o
quiser, para ouvir a doutrina, estará, fatalmente, burilando o Espírito, preparando-se
para a vida no espaço.
Não atiremos margaridas contra cedros, mas ajudemos aos irmãos divulgando
a Doutrina levando-a a todos quantos possam vir a ela.
"O rádio é o tipo ideal do veículo de divulgação do Espiritismo, não apenas pela eficiência, mas também porque só o ouve quem o quer e quem o quiser, para ouvir a doutrina, estará, fatalmente, burilando o Espírito, preparando-se para a vida no espaço." Transcrevi esse parágrafo do texto acima, para ressaltar como foi, para mim, prazeroso ler a importância do rádio na divulgação da Doutrina Espírita, principalmente por integrar a equipe de um programa radiofônico que vai ao ar todos os domingos pela Rádio Cidade AM 860, a mais de 11 anos sob o título: ANTENA ESPÍRITA!
ResponderExcluirMaravilhoso ler este artigo de meo e experienciar de novo aquela sabedoria avo, e ler o comentario de um amigo antigo de quem ja nem me leMuraoito obrigado aos que mantem este espaco virtual. Precisamos manter acesa esta chama! ado a todos.
ExcluirCompanheiro do Canteiro de Ideas, por favor edite o post acima. Nao entendo porque apareceu todo misturado desta mcaneira e nao consigo onsertar. Obrigado.
ExcluirInteressantíssima a abordagem do Cel. Jaime. Isso nos meandros do século passado e atualíssima para os nossos dias. Muito propício o comentário do confrade Castro. Naquela época o autor não poderia imagina o mundo virtual que hoje é um oceano de divulgação espírita, no qual este espaço se insere. Todavia, o rádio continua e continuará pelas ondas hertzianas, levando os ensinamentos do Consolador Prometido para os corações necessitados de consolo.
ResponderExcluirCom os comentários acima dos confrades Castro e Jorge Luiz, e conhecendo a biografia do Coronel Jaime Rolemberg de Lima, apenas confirmo minhas convicções: Ele foi um Espírito generoso que viveu além da sua época.
ResponderExcluirMais tarde vou contar algumas histórias da vida desse militar que servirão de profundas reflexões.