terça-feira, 30 de janeiro de 2018

RESPEITO E CIVILIDADE¹








Os movimentos sociais avançam passando por cima das convicções acumuladas pelos muitos anos de cultura. Os anos 60 rasgaram véus e mostraram realidades que ainda não absorvemos completamente. Naquela década a mulher iniciou a sua caminhada pela valorização em pé de igualdade de espaço e direitos com o gênero masculino e a bússola da humanidade derivou para mares nunca dantes navegados. Conceitos novos de liberdade, educação, trabalho, valorização humana passaram a ser discutidos sob nova roupagem. Os fatos que aparentemente sinalizavam para uma revolução do deboche e da libertinagem avançaram na direção de uma nova ordem social tornando o mundo uma arena global que trouxe os debates às praças públicas e transformou as ruas num espaço de plebiscitos espontâneos, nos quais somos todos convidados a mostrar a cara. Ter opinião e coragem de defendê-la passou a ser a prática desafiadora dos tempos modernos.

          A descriminalização do aborto, a liberalização da maconha, a união civil entre homo-afetivos, os movimentos pela reforma agrária, o direito ao uso de arma de fogo são alguns dos temas polêmicos que invadiram os lares e instituições exigindo clareza na postura a ser adotada diante das diversas versões defendidas pala liberdade que compete a cada um. Numa sociedade plural como a nossa é fundamental que iniciemos pelo exercício do respeito ao ideal do outro e da tolerância amistosa diante das múltiplas formas de pensar.
          É importante considerar em tempos de tantas variáveis sociais que a sociedade humana sempre esteve às voltas com temas polêmicos e controversos, cuja discussão cabia apenas aos filósofos e aos governantes e o fato de serem as massas que na atualidade movimentam os manifestos mostra que evoluímos na direção do entendimento muito mais do que acontecia no passado.
          Lembremo-nos de que a mensagem de Jesus foi recebida como um atentado à Paz e Ele próprio perseguido pelos poderosos como um revolucionário que plantava anarquia por onde passava, apesar de jamais ter sinalizado com atos de violência a agressão. Sua doutrina foi considerada herege por uns, mentirosa por outros e ainda insensata pela maioria. Foram necessários muitos anos para que o seu pensamento se afirmasse como o maior código de amor para a humanidade.
          Diante da eclosão dos novos conceitos cultivemos a paciência de quem sabe que a verdade pode ficar obscurecida e marginal por algum tempo, mas tem a força reveladora que modifica qualquer realidade quando chega o momento certo. Doemos o melhor que esteja em nosso alcance nesse tempo de mudanças tão pujantes, certos de que só aquelas mudanças que estejam sob a bênção de Jesus e que haverão de florescer e frutificar. Como na Parábola do Joio e do Trigo é necessário que ambos cresçam para que não se arranque o trigo por confundi-lo com o joio quando ainda pequeninos. Acalmemo-nos, pois diante dessa inquietude das ruas, sob o olhar silente e carinhoso de Jesus, o Mestre que soube semear a Boa Nova e guarda a certeza absoluta de que a sua árvore é frutífera. 

¹editorial do programa Antena Espírita de14.01.2018.

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