Os movimentos sociais avançam
passando por cima das convicções acumuladas pelos muitos anos de cultura. Os
anos 60 rasgaram véus e mostraram realidades que ainda não absorvemos
completamente. Naquela década a mulher iniciou a sua caminhada pela valorização
em pé de igualdade de espaço e direitos com o gênero masculino e a bússola da
humanidade derivou para mares nunca dantes navegados. Conceitos novos de
liberdade, educação, trabalho, valorização humana passaram a ser discutidos sob
nova roupagem. Os fatos que aparentemente sinalizavam para uma revolução do
deboche e da libertinagem avançaram na direção de uma nova ordem social
tornando o mundo uma arena global que trouxe os debates às praças públicas e
transformou as ruas num espaço de plebiscitos espontâneos, nos quais somos
todos convidados a mostrar a cara. Ter opinião e coragem de defendê-la passou a
ser a prática desafiadora dos tempos modernos.
A
descriminalização do aborto, a liberalização da maconha, a união civil entre
homo-afetivos, os movimentos pela reforma agrária, o direito ao uso de arma de
fogo são alguns dos temas polêmicos que invadiram os lares e instituições
exigindo clareza na postura a ser adotada diante das diversas versões
defendidas pala liberdade que compete a cada um. Numa sociedade plural como a
nossa é fundamental que iniciemos pelo exercício do respeito ao ideal do outro
e da tolerância amistosa diante das múltiplas formas de pensar.
É
importante considerar em tempos de tantas variáveis sociais que a sociedade
humana sempre esteve às voltas com temas polêmicos e controversos, cuja
discussão cabia apenas aos filósofos e aos governantes e o fato de serem as
massas que na atualidade movimentam os manifestos mostra que evoluímos na
direção do entendimento muito mais do que acontecia no passado.
Lembremo-nos
de que a mensagem de Jesus foi recebida como um atentado à Paz e Ele próprio
perseguido pelos poderosos como um revolucionário que plantava anarquia por
onde passava, apesar de jamais ter sinalizado com atos de violência a agressão.
Sua doutrina foi considerada herege por uns, mentirosa por outros e ainda
insensata pela maioria. Foram necessários muitos anos para que o seu pensamento
se afirmasse como o maior código de amor para a humanidade.
Diante
da eclosão dos novos conceitos cultivemos a paciência de quem sabe que a
verdade pode ficar obscurecida e marginal por algum tempo, mas tem a força
reveladora que modifica qualquer realidade quando chega o momento certo. Doemos
o melhor que esteja em nosso alcance nesse tempo de mudanças tão pujantes,
certos de que só aquelas mudanças que estejam sob a bênção de Jesus e que
haverão de florescer e frutificar. Como na Parábola do Joio e do Trigo é
necessário que ambos cresçam para que não se arranque o trigo por confundi-lo
com o joio quando ainda pequeninos. Acalmemo-nos, pois diante dessa inquietude
das ruas, sob o olhar silente e carinhoso de Jesus, o Mestre que soube semear a
Boa Nova e guarda a certeza absoluta de que a sua árvore é frutífera.
¹editorial do programa Antena Espírita de14.01.2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário