O convite não poderia ser mais
claro. Jesus informa que muito cedo o semeador saiu a semear e como jogava as
sementes ao solo, algumas caíram à margem do caminho e os pássaros vieram e as
comeram; outras caíram em terra cercada de pedras, logo brotaram, mas como
havia pouca terra em volta não aprofundaram as raízes e daí o sol as queimou;
outras ainda caíram em espinheiros e crescendo os espinhos as sufocaram; enfim
outras caíram em terra fértil, cresceram e produziram frutos, umas 100, outras
60, outras 30 (Mateus XIII: 1 a 8). Como complemento Jesus enuncia em Lucas
(IX: 62): “Todo aquele que pega na charrua e olha para trás não serve para o
reino de Deus”.
O convite, à época
confeccionado com a linguagem metafórica, deixa de ser apenas uma figura de
linguagem com a compreensão escancarada pela Doutrina Espírita. O Mestre nos outorgava
ali a condição de semeadores, com a absoluta inclusão de todas as pessoas
dotadas da mínima capacidade de se comunicar. A pergunta que nos cabe é: o que
estamos semeando? E ainda: quais as sementes que estamos jogando pelo caminho?
Haverá
quem questione o local onde caem ou quem as está recebendo, mas essas opções
simplesmente não importam. O que é feito das sementes não compete ao semeador
julgar, importa sim a sua qualidade, a qual transparece diretamente a condição
de quem as distribui. Esperar terra pronta pode ser uma justificativa, mas a
postergação invariavelmente será cobrada de quem a utiliza como expediente para
arrazoar a falta de ação.
Deixar
para depois é demonstração de despreparo que joga ao pó da terra a ineficiência
operativa dos que dizem ter consciência da tarefa, mas alongam para amanhã o
início do esforço. O amanhã é o tempo do nada e do nunca, apenas uma brecha
para que não fiquem muito evidentes a preguiça de propósitos e o medo da
mudança que nos alcançam.
Cuidar
das sementes é o que nos compete. Manter o esforço constante nos alimenta.
Focar no passo de agora é o que nos leva adiante. Além e acima das fragilidades
que nos identificam ainda num mundo de muitas imperfeições, no qual estagiamos
por completa sintonia evolutiva. A condição de imperfeição, no entanto não deve
servir de pano de fundo para que aprofundemos numa disposição de alimentá-la.
Longe
de ser apenas a conclamação de alerta para o começo de um novo ano, a mensagem
de Jesus serve para o despertar de cada manhã.
Questionemos os nossos reais propósitos de mudança resistindo aos
movimentos reativos das pessoas e das coisas que nos cercam, afinal não é a
atitude ou a gratidão dos outros que acarpeta o caminho que define as nossas
decisões. Permanecer na atitude de tornar o mundo melhor é escolha pessoal,
começando pelas definições do autocuidado.
De
toda forma é importante aproveitar os estrangulamentos que o tempo de giro do
planeta nos oferece. Deixemos que a mensagem de Jesus norteie cada passo de
2018. Serenidade, Sinceridade, Tolerância, Respeito e Amor são sementes. Que
tal nos transformarmos em semeadores?
¹ editorial do programa Antena Espírita de 07.01.2018.
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