Renomado teólogo pergunta: — O que é
alteridade? — Ao que responde: — É ser capaz de apreender o outro na plenitude
da sua dignidade, dos seus direitos e, sobretudo, da sua diferença.[i] — Essa ética
filosofal quer estabelecer uma relação de entendimento entre os que considera
essencialmente diferentes, mas para um dos seus maiores teóricos: “O
absolutamente outro é outrem; não faz número comigo”.[ii] Bem;
contornemos essa tão funda singularidade antes que trague toda nossa luz. O
fato é que se impôs o clamor por um espiritismo em que Kardec não seja
senão mais uma corrente em tantas, o que, por sinal, sem qualquer novidade,
remete não à rota criteriosa da doctrine spirite pelo mestre
sonhada, sim ao new spiritualism ou spiritism
anglo-americano, mais difuso.[iii]
O instrumento usado para tanto há sido a ética da alteridade; mas o que se
almeja, desse modo, é progredir sem óbices entre kardecistas, fazendo os
adeptos deste modal espírita, por natureza mais exigente, acreditarem não ser
boa conduta opor lúcida resistência a certas heterodoxias um tanto excêntricas
por vezes.
terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
ESTRANHOS MOVIMENTOS ESPÍRITAS
A Doutrina Espírita é pura e incorruptível,
porém, o movimento espírita é suscetível dos mesmos graves prejuízos que
dificultaram a ação do cristianismo tradicional, hoje bastante fracionado. Como
não se pode imaginar o espírita com duas condutas divergentes, a conduta do
homem e a conduta do espírita, também não se pode imaginar o movimento
espírita, ora acontecendo segundo os preceitos espíritas, ora segundo outros
preceitos duvidosos, aceitos equivocadamente no seu contexto em nome da
tolerância piegas.
domingo, 25 de fevereiro de 2018
A FORÇA, A FORCA OU A PAZ?
O carnaval acabou. “Bandeira branca amor, eu
peço PAZ” diz a canção que foi imortalizada pela aclamada Dalva de Oliveira em
1970, surge agora como um clamor geral. Vivemos num mundo em guerra, mesmas
aquelas nações que se dizem pacifistas. Dentro de suas instâncias geográficas
as chacinas são o recheio dos noticiários televisivos. Ora o narcotráfico, ora as
liberações das armas estão fazendo vítimas, envolvidas ou não com as suas
implicações. As ideias que deveriam funcionar como trânsito de opinião se
transformaram em petardos que agridem tanto quanto balas.
De
que lado estamos? Precisamos escolher? Certamente. Afinal somos os que
proclamam a paz ou a força? A paz ou a forca? Acreditamos que aumentar a
pressão gera sossego? Defendemos a busca da essência do mal para buscar a cura
ou apenas a colocação daquele para baixo do tapete?
sábado, 24 de fevereiro de 2018
A MORTE DA GATA
As duas meninas, sete e nove anos,
brincavam na calçada.
Nas
proximidades, a gata rueira, impossível de ser contida nos limites da casa, como
todos os felinos.
A
bichana resolveu atravessar a rua. Um automóvel aproximava-se, veloz. Ela esgueirou-se, rápido. Escapou por um
triz, como sempre, valendo-se das “sete vidas” com que o imaginário popular
brinda a agilidade dos felinos.
Certamente gastou a última,
porquanto outro carro vinha em sentido contrário e a pobre foi colhida por
rodas implacáveis.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
OS ESPÍRITAS, A POLÍTICA E SUAS CONTRADIÇÕES
“Pretender que
todos os espíritas sejam infalíveis seria tão absurdo quanto a pretensão dos
nossos adversários de deterem o privilégio exclusivo da razão. Mas se alguns se
enganam, é que se equivocam quanto ao sentido e ao fim da doutrina. Neste caso
sua opinião não pode fazer lei, e é ilógico e desleal, conforme a intenção,
tomar a ideia individual pela ideia geral, e explorar uma exceção.”
(Allan Kardec –
Revista Espírita, maio de 1863)
O eruditismo e a idolatria há
muito vem cimentando os caminhos do movimento espírita brasileiro. Ambos são
extremamente nocivos a qualquer processo pedagógico, principalmente
considerando o vigor do Espiritismo como obra de educação. Para Nietzsche, a essência do eruditismo comparar-se-ia a
“galinhas exaustas”, na medida em que “cacarejam mais do que nunca, pois chocam
com mais frequência os seus ovos, em compensação são cada vez menores – embora
seus livros sejam cada vez mais volumosos.” Acerca da idolatria, Albert
Einstein advertiu que “Todos deviam ser
respeitados como indivíduos, mas ninguém devia ser idolatrado.”
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
MASSACRE NA FLÓRIDA
Um atentado no dia 14 de fevereiro
(quarta-feira de cinzas) na escola pública Marjory Stoneman Douglas High School
em Parkland, sul da Flórida trouxe novamente à pauta o debate sobre o controle
de armas nos Estados Unidos. O acusado pelo assassinato de 17 pessoas, entre
estudantes e professores, é o ex-aluno Nikolas de Jesus Cruz, de 19 anos, que
havia sido expulso no ano passado.
Segundo a organização Everytown for Gun Safety,
que defende o controle de armas nos Estados Unidos, o tiroteio já entrou para
as estatísticas como o 18º massacre em escolas americanas em 2018. Nikolas usou
um rifle AR-15, e além de matar as 17 pessoas, feriu outras 14, que foram
conduzidas em estado grave para a Broward Health North, e outras para o Centro
Médico Broward.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
MULHER, ONDE ESTAVAM OS QUE TE ACUSAVAM?
Conta o fato que uma mulher fora encontrada em
adultério. Um grupo de fariseus e escribas a apresentaram a Jesus enquanto
expunham o seu pecado em meio à multidão que se manifestava. Questionam o que
fazer com ela, pois Moisés mandava apedrejar toda mulher dita adúltera. Dizem
que Jesus escrevia no chão, certamente rabiscava, enquanto ouvia as insistentes
solicitações de punições àquela que caíra em desgraça de um tribunal de rua
composto por pessoas ensandecidas e quem sabe cruéis. Não há relato se ela
pedia pela própria vida ou se chorava. O Mestre, como se olhasse o infinito diz
para que todos possam ouvir: “quem dentre vós estiver sem pecados que seja o
primeiro a atirar-lhe a primeira pedra” e continuou a rabiscar com o dedo na
terra. Ao levantar a cabeça viu apenas naquela arena apenas a acusada, de pé a
sua frente. Ele, então lhe perguntou, “mulher, onde estão os que te acusavam?
Ninguém te condenou?” e ao saber que a turba condenatória havia saído
cabisbaixa, um a um a partir dos mais idosos, Ele faz valer o Seu julgamento:
“nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar” (João VIII; 08 a 11).
domingo, 18 de fevereiro de 2018
SEM SE ILUDIR
Para todos nós que buscamos periodicamente os
recursos dos tratamentos espirituais, em qualquer crença – na forma de entender
e praticar de cada um, o que naturalmente deve ser profundamente respeitado –,
é preciso entender que há um detalhe fundamental na questão: os recursos
existem, são reais, podem até curar, mas necessitam da ativa participação do
paciente, especialmente por meio da vontade, do querer, do esforço por
melhorar-se.
Sejam benzimentos, passes ou outros recursos, a
participação do beneficiado é decisiva.
sábado, 17 de fevereiro de 2018
ESPIRITISMO E POLÍTICA
Peter Drucker (1909-2005), escritor, professor
e consultor administrativo, visto como um dos maiores visionários do século XX,
para os considerados efeitos da globalização, afirmou que se esse século
confirmou alguma coisa, é a inutilidade da política. Para ele, é impossível
creditar as transformações sociais do século XX aos eventos políticos criadores
de manchete. Entende-se que a dinâmica da política partidária não gerou
resultados sustentáveis para a sociedade como era de se esperar.
Se
se voltar a análise para o Brasil, esse quadro se torna mais dramático,
principalmente nos dias atuais. Percebe-se, portanto, que essa conclusão não é privilégio
de Drucker.
É
provável que esses fatores, somados a outros, sejam a determinante para que
alguns espíritas se afirmem apolíticos e o tom da afirmação às vezes sugere que
a política é “profana” para a Doutrina Espírita.
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
CONSUMO DE CARNE NA VISÃO ESPÍRITA
Entrevistei o engenheiro agrônomo e professor
da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP-Botucatu (SP), Edson
Ramos de Siqueira – que é espírita desde 1993 e vincula-se ao CE Irmão Thomaz
na mesma cidade. Palestrante e ministrando cursos de Espiritismo, é autor do
livro Alimentação e Evolução Espiritual, com abordagem sobre os animais,
inclusive sobre a alimentação humana. A íntegra da entrevista, com lúcidas
respostas, ainda inédita, oferece a lucidez do pensamento espírita.
Reproduzimos aqui os trechos mais expressivos das respostas.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
SURFAR¹
O surfe (do inglês surf) é um esporte, cuja prática consiste em
manter-se sobre uma prancha enquanto a mesma sofre uma intensa pressão de ondas
em arrebentação. O verbo derivativo de tal prática, surfar, traduz uma ação
própria daquele que se encontra com a proposta de manter o equilíbrio apesar
das pressões que ameaçam gerar quedas a todo o momento.
Traduzindo
esses esclarecimentos preliminares, que importam aos amantes dessa modalidade
esportiva, para as situações vivenciadas pelas pessoas na produção de suas
providências e soluções, é possível por analogia dizer que todos surfam de
alguma forma quando visitados pelas marés da existência.
terça-feira, 13 de fevereiro de 2018
A PRÁTICA DA NÃO VIOLÊNCIA - SEMEADURA DA PAZ
A respeito da não violência, muito importante é
esse ensino do Mestre Jesus: “Vós tendes ouvido o que se disse: Olho por olho e
dente por dente. Eu, porém, digo-vos que não resistais ao mal; mas se alguém te
ferir na tua face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quer
demandar-te em juízo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e se alguém
te obrigar a ir carregado mil passos, vai com ele ainda mais outros dois mil.
Dá a quem te pede, e não volte às costas ao que deseja que lhe emprestes” (Mateus,
V: 38-42).
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018
FALEMOS DE CARNAVAL
Raciocinemos sobre o tal Carnaval, um termo
oriundo de uma festa romana e egípcia em homenagem ao Deus Saturno, quando
carros alegóricos (a cavalo) desfilavam com homens e mulheres. Eram os carrum navalis, daí a origem da palavra
“carnaval”. Há quem interprete a palavra conforme as primeiras sílabas das
palavras da frase: carne nada vale.
Como festa popular, poderia ser um acontecimento cultural plausível, não fossem
os excessos cometidos em nome da alegria.
sábado, 10 de fevereiro de 2018
ESQUENTANDO OS TAMBORINS¹
O Brasil é uma festa. O brasileiro um arlequim.
Todo começo de ano se fecham as portas do drama e se abre um desvio de rota que
trata de afogar por alguns dias as desilusões que povoam a rotina da turba que
desce a avenida pelas ruas a dançar. Centenas de marchas invadem os nossos
ouvidos dizendo que é proibido ficar parado. Isso é o carnaval, a festa dos
sentidos: samba, axé, funk, frevo e maracatu, cabe até, pasmem, o sertanejo. As
ruas viram um pasto, um vasto salão com convite especial para gringo ver.
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018
A VERDADE QUE LIBERTA
JESUS
E A VERDADE
No diálogo entre Jesus e Pilatos – João,
18:28-40 -, o Meigo Nazareno afirma que todo aquele que é da verdade ouve a
minha voz. Em réplica, Pilatos indaga: Que é a verdade? Na sequência, ele
conclui ante os judeus que não identificou nenhuma culpa nele. Alguns dias
depois, Jesus é condenado à morte, por pessoas totalmente desqualificadas em
responder à pergunta elaborada por Pilatos.
Em outros momentos Jesus afirma que se
conhecendo a verdade ela vos libertará (João, 8:32) e que ele é o caminho, a
verdade e a vida (João, 14:6).
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
PRECONCEITO
Diante do autor que autografava seu livro numa
exposição, apresentou-se uma senhora mulata com o exemplar adquirido. Ele a
cumprimentou, sorridente, e pediu seu nome.
–
Iracema.
Passou,
então, a escrever a dedicatória.
Em
dado momento, ela o interrompeu:
–
Por que o senhor escreveu meu nome com inicial minúscula?
–
Desculpe, mas é assim que grafo o i maiúsculo. Pode notar que é maior do que as
demais letras de seu nome.
–
Não é nada disso! – respondeu ela, irritada.
E,
tomando-lhe a caneta das mãos, rasurou seu nome na dedicatória, escrevendo por
cima o que ela considerava a inicial correta. Livro debaixo do braço,
afastou-se pisando duro, deixando aturdido o autor, bem como outras pessoas que
aguardavam na fila.
domingo, 4 de fevereiro de 2018
INUTILIDADE DAS FEDERAÇÕES E ORGÃOS DE "UNIFICAÇÃO" ESPÍRITA NO BRASIL
Em 1978, durante a reunião do “CFN” Conselho
Federativo Nacional (colégio cardinalício) da FEB, um representante da FEEES-
Federação espírita do estado de Espírito Santo defendeu a transformação do”
CFN” (colégio cardinalício) - numa Confederação Espírita Brasileira. Porém, Francisco Thiesen, então presidente da
FEB, ameaçou pronunciando que a FEB jamais transformaria o “CFN” (colégio
cardinalício) numa Confederação porque o “CFN” (colégio cardinalício) era um
órgão de [“propriedade”] da FEB. Entretanto, afirmou que os presidentes das
federações estaduais eram livres para se reunirem fora do “CFN” (colégio
cardinalício) e criarem uma Confederação Espírita Brasileira.
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
PERGUNTAR NÃO OFENDE - QUEM PODERÁ RESPONDER?
Por que a Federação “espírita” brasileira –
instituição que aparelhou no ambiente espírita um sistema de cúpula com
evocação de infalibilidade, sendo a coordenadora da propalada “unificação” do
movimento “espírita” brasileiro, promove nas suas instalações (Av. Passos/RJ e
L 2 Norte/DF), sempre às terças feiras, a “centenária” contraditória e
inexplicável reunião pública de estudo da obra antidoutrinária “Os Quatro
Evangelhos” de J.B. Roustaing ?
Por que existe e é conservada nos dispositivos
do estatuto da afamada Feb a cláusula “pétrea” no “parágrafo único’ do art. 1º,
cuja ordem jurídica estabelece os mandatórios “estudos e difusão da obra de
J.B. Roustaing”?
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