Entrevistei o engenheiro agrônomo e professor
da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP-Botucatu (SP), Edson
Ramos de Siqueira – que é espírita desde 1993 e vincula-se ao CE Irmão Thomaz
na mesma cidade. Palestrante e ministrando cursos de Espiritismo, é autor do
livro Alimentação e Evolução Espiritual, com abordagem sobre os animais,
inclusive sobre a alimentação humana. A íntegra da entrevista, com lúcidas
respostas, ainda inédita, oferece a lucidez do pensamento espírita.
Reproduzimos aqui os trechos mais expressivos das respostas.
Como é a alimentação no mundo
espiritual?
Em minha atuação profissional, a principal
experiência foi aguçar a percepção para entender que os outros animais são
sencientes sim, como o ser humano. Senciência é a capacidade de sentir prazer,
dor, alegria, tristeza, etc.; e a ciência moderna comprovou que todos os
animais a têm. O mais intrigante, como achado científico bem recente: os outros
animais também têm consciência. Concomitantemente, aprendi na literatura
espírita que o espírito origina-se simples e ignorante, encarnando-se no mais
simples instrumento físico, que caracteriza os animais situados nos primeiros
degraus da escala zoológica; e o destino de todos é a angelitude. Portanto,
eles são nossos irmãos menores. Ingerir seus restos mortais é um dos hábitos
mais primitivos que o homem terreno ainda carrega. É uma questão cultural
enraizada em nosso subconsciente, mas que deverá ser mudada, pois em Planetas
de Regeneração é algo impensável.
Mesmo aqueles que já despertaram para o
vegetarianismo, não devem criticar os que ainda consomem carne. A sociedade
humana é bombardeada com informações a respeito da necessidade da carne à
perfeita saúde física (paradigma que pode ser mudado, pois a Ciência Médica e
da Nutrição comprovaram que isso não é verdade). Propagandas midiáticas tocantes,
dão a entender que esse alimento provém de canteiros de flores. E a Humanidade
ingênua, continua a ser enganada. Existem aqueles que afirmam que os animais
existem para isso e que a própria Bíblia autoriza a matança deles para a nossa
alimentação; o que também não é verdade. Então, os Poderes Econômicos,
juntamente com a fé cega, criam a normose (a patologia da normalidade), que
enraiza ainda mais, algo que já está arraigado há milênios. As mudanças para a
Regeneração estão acontecendo, mesmo que de forma muito lenta e quase que
imperceptível. Apenas a Educação é capaz de empreender a evolução; não as críticas,
nem o radicalismo de qualquer natureza. O Espiritismo tem um papel fundamental
nesse processo educacional, já que nos ensina, claramente, a dinâmica da
evolução espiritual, desde a origem até a Divindade. O assunto precisa ser mais
abordado nas Casas Espíritas e estudado pelos irmãos de Doutrina, já que ela é
clara em relação à realidade espiritual dos animais. Abolir a carne da
alimentação é um ato de não violência; consequentemente, um aprimoramento
moral.
Qual a visão espírita sobre o
vegetarianismo?
O que mais me chamou a atenção, ao efetuar a
pesquisa de literatura para embasar o livro, foi ter encontrado informações
concretas sobre os animais, oriundas dos principais autores espirituais, desde
a obra de Kardec (O Livro dos Espíritos e A Gênese, principalmente). Cabe
salientar no entanto, no caso do Codificador, que muitas informações estão
escritas de forma velada; e não poderia ser diferente, já que na época em que
foi publicado o Livro dos Espíritos, a dúvida era se as mulheres teriam alma.
Como quereríamos que Kardec explicitasse a questão da alma dos outros animais?
Se determinadas verdades, que hoje já temos condição de entender, fossem
escritas naquela ocasião, certamente o Espiritismo teria nascido morto. Ao
consultar a Revista Espírita, de janeiro de 1866 (nove anos após o lançamento
da primeira edição de O Livro dos Espíritos), encontramos artigo escrito por
Allan Kardec, cujo título é: “As mulheres têm alma?” Portanto, tudo tem seu
momento. Mas, não tenhamos dúvida: pelo menos o processo reflexivo sobre o
significado da carne na alimentação, tem que ser iniciado urgentemente.
(…) um outro aspecto profissional determinante,
foi o fato de ter frequentado abatedouros, onde pude sentir de perto a
desumanidade do processo de abate, o sofrimento dos nossos irmãos menores, bem
como a energia extremamente pesada que circula nesses ambientes lúgubres, fruto
da ação de espíritos de baixo padrão vibratório, em mecanismo de vampirização
do fluido vital liberado pela matança em série, naquilo que André Luiz (Chico
Xavier) denominou de a indústria da morte. Portanto, quando escrevo ou falo
sobre o assunto, traduzo uma triste realidade que pude pessoalmente sentir.
fonte: http://chicodeminasxavier.com.br
Não li esta publicação, nem este artigo da revista espírita, mas seria pueril achar que, na escolha deste título para um artigo, Kardec buscasse a resposta para algo ainda incerto. Toda a base doutrinária envolvendo o ser humano e sua natureza espiritual foi suficientemente esclarecida no O Livro dos Espíritos. As respostas dos Espíritos Superiores neste mesmo livro sobre a alimentação humana, devido a nossa constituição física, expressam abertamente a necessidade da carne na nossa alimentação. Constituindo-se dever de todos cuidar do corpo, instrumento do espírito. Essa clareza desencoraja-me a crer na pertinência do vegetarianismo neste momento evolutivo. Que nós busquemos cooperar para que as leis de proteção animal sejam cumpridas lembrando que o direito não autoriza o abuso.
ResponderExcluirWellington, muito oportuno o seu comentário. Grato!
ExcluirTenho vontade de deitar melhor olhar sobre o assunto. Gostaria de entender onde se separa o físico do imaterial. Temos crença de que corpos espirituais são energéticos e quando see apresentam em formas físicas, talvez o façam para serem melhor compreendidos por nós, entes ainda na carne. Mas quero crer que não será o fato de abolir a carne que nos fará mais próximos de seres evoluídos, pois ainda somos carne. Será buscando a consciência mais elevada em atos e pensamentos que alcançaremos tal plenitude e assim, substanciar nossos corpos com energia pura, cuja origem não é da matéria. Ai a carne já não nos será apetitosa.
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