Sabemos
que existem apelos no tocante a mudanças que se pretende realizar em sua
estrutura, mas são esforços lançados ao vento sem que nada que trazem à baila
pareça convencer àquele que tenha o mínimo de discernimento e acaba caindo no
vazio.
Para
entender a confecção de O Livro dos espíritos convém entender o contexto.
Metade do século XIX. Havia um crescente de fenômenos que invadiam os salões da
Europa, notadamente na França. Algo de estranho, sob a forma de ruídos, acusava
uma força que não estava representado pela ação das pessoas que compunham as
assembléias. Havia uma coordenação invisível de forças que sugeriu uma forma de
responder às perguntas através de pancadas, criado um alfabeto através do qual
se comunicavam. Aqueles seres diziam fazer parte de um mundo paralelo ao nosso
e garantiam ter passado para lá através da morte e que anteriormente viviam
como nós. Vários cadernos traziam um sem número de perguntas e respostas sobre
questões que iam desde a dúvida científica até a mera e pueril curiosidade.
Foi
nesse contexto que Hippolyte Léon Denizard Rivail, em idos de 1850 foi chamado
à analise desse manancial de conhecimentos, tanto pelo seu acurado rigor
científico e honestidade investigativa quanto pela sua capacidade de síntese.
Depois de convencido da natureza daquelas comunicações debruçou-se sobre uma
quantidade gigantesca de apontamentos e deliberou uma linha de pesquisa que
exigiu quase 07 anos de arguições a diversos médiuns, de localidades
diferentes, com a finalidade de refinar e filtrar as informações ali expostas.
Quando em 18/04/1857 foi lançado O Livro dos Espíritos com a totalidade de 501
perguntas e respostas, o Sr. Rivail deixava a cena e surgia Allan Kardec,
codinome que o tornou o Codificador do Espiritismo. As edições seguintes,
seguindo a mesma metodologia rigorosa elevou o livro para 1019 questões,
correspondente ao seu formato atual.
A
receita para O Livro dos Espíritos tem dois elementos que frustram as atuais
tentativas de adequação que alguns propõem. A primeira ausência é a do
Codificador, sem o qual não teríamos a obra de forma tão bem acabada. A outra
ausência e provavelmente a mais importante funcionou como e ainda é o grande
fermento da autoridade que dá à Doutrina Espírita o seu caráter de seriedade: a
Universalidade do Ensino dos Espíritos Superiores, a qual traz representativamente
as assinaturas de “São João evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo,
São Luís, O Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin,
Swedenborg, etc, etc”(LE - Prolegômenos). Certamente para assegurarmos outra
obra que se invista de tal envergadura vão ser necessários esses dois
ingredientes.
Essa
receita provavelmente faça de O Livro dos Espíritos uma obra única. Nenhuma
obra antes ou depois do seu surgimento trouxe tantas informações quanto essas
que dissiparam as brumas da morte e mostraram que a vida é o prêmio com que
Deus nos concede a honra de fazer parte do cortejo da evolução do Universo, todos
sem exceção na qualidade de seus filhos fadados ao progresso infinito.
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