Está recomendado em Êxodo (XX: 07) que “não
tomarás o nome de Deus em vão...” como norma a ser seguida diante das agruras
sofrida pelos judeus durante a fuga do Egito. Depois de tantos anos daquele
lembrete, parece que ainda continua necessário repeti-lo em nossas fugas de
cada dia.
Na
prática as frases que utilizam a intervenção divina nos atos comuns da rotina são
muito numerosas e descrevem uma forma peculiar de refugiar na vontade de Deus
uma porção de situações que dependem de outras disposições. “Se Deus quiser”,
“com a permissão de Deus”, “como Deus quer” são alguns exemplos da forma como
TOMAMOS considerando a sentença bíblica o nome de Deus. Cabe-nos identificar se
é ou não em vão.
É
possível se chegar ao entendimento de que a pretensão dessas sentenças se
constitui numa crença do poder divino interferindo no estabelecimento de todas
as circunstâncias que envolvem a realidade humana, suposto de antemão que as
intercorrências relativas aos movimentos naturais do planeta decerto excedem à
decisão dos simples mortais. Assim sendo é da permissão de Deus que tanto as
convulsões geológicas quanto os problemas sociais e individuais são uma
dependência do desejo de Deus?
A
Doutrina Espírita vem em nosso socorro. A “inteligência suprema, causa primária
de todas as coisas” (LE – q 1) é o Princípio certamente. O Universo por ser uma
estrutura complexa, cuja forma e origem são desconhecidas pela humanidade
haverá de ser obra de uma Vontade e “nada exprime melhor essa vontade
todo-poderosa do que estas belas palavras do Gênese: ‘Deus disse: Faça-se a luz
e a luz foi feita’” (LE – q 38). O mesmo se dá quando considerada a criação e
evolução da vida. Por outro lado como entender a interferência desse Poder nas
questões universais e humanas? Através da Lei Natural, “a única necessária à
felicidade do homem; ela lhe indica o que ele deve fazer ou não fazer e ele só
se torna infeliz porque dela se afasta” (LE – q 614).
Tais
considerações nos trazem a possibilidade de compreender a melhor forma de
relacionamento com as forças divinas. Confirmam a submissão que precisamos
cultivar em relação de nossa vontade frente a Vontade divina, mas eleva o nível
de entendimento para a realidade de podermos “fazer ou não fazer” o que a Lei
indica, o que seguramente nos torna uma pessoa passiva de fruir ou não a
felicidade. A decisão então passa a ser daquele que decide. Definitivamente não
temos uma vida difícil porque Deus quer ou impôs a sua Vontade, também não é
porque Ele permitiu ou deixou de permitir que as coisas acontecessem.
Simplesmente recebemos de volta o que geramos com as atitudes escolhidas. O exercício
do livre arbítrio nos situa na qualidade daquele que converge ou diverge das
Leis naturais e é dessa forma que nos habilitamos para as consequências que
decorrem disso.
Ressalte-se,
porém que nada de mal há em se cogitar o nome de Deus. O Seu Nome seja em que
circunstância for é motivo de iluminação. Vale saber do acima proposto para que
se evite o engodo de que a vida que levamos independe de nós. Repetir em pensamento,
palavra ou ação o nome de Deus será sempre uma forma de tornar melhor a vida
que levamos.
Editorial do programa Antena Espírita, de 03.06.2018.
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