segunda-feira, 16 de julho de 2018

REFLEXÕES ESPÍRITAS SOBRE A SELEÇÃO FRANCESA DE FUTEBOL



 
Arte sobre foto de François Xavier Marit AFP

A Terra vive atualmente uma das crises migratórias mais grave da sua história. E esse número de imigrantes sempre está relacionado com guerras, crise econômica, direitos cerceados pelo poder local ou forças dominantes. Segundo dados estatísticos, anualmente, cerca de 200 milhões de pessoas se deslocam de um país para outro.
A seleção francesa, campeã do mundo nesta copa, tem em seu time bi-campeão, 17 jogadores sendo imigrantes e filhos de imigrantes. É uma mensagem muito significativa nesses tempos de xenofobia extrema na Europa e das políticas anti-imigração para aqueles que as defendem. É uma seleção multicultural e multiétnica.

A ideia de Estado-nação surge no final do século XIII e início do século XIX. E foi através da médium Joana d’Arc que irá surgir a noção de pátria. Ela encontra os Estados de Borgonha, a Picardia e a Flandres aliados dos ingleses; a Bretanha e a Saboia se conservam neutras; a Guiana em mãos do inimigo.  Lèon Denis, na obra Joana D’Arc, Médium, registra que o termo pátria não estava muito em voga, mas foi Joana que deu aos franceses a própria pátria. (1) Assim ele se expressa:

“Foi no mundo o primeiro país que se tornou uma nação. Selada com o sangue da heroína, sua unidade não pode mais ser desfeita, ou aniquilada, nem pelas vicissitudes, nem pelos furacões sociais, nem por inúmeros desastres sem exemplo!”

O próprio Denis afirma que para alguns historiadores a intervenção de Joana d’Arc foi mais prejudicial que útil, pois impossibilitou a união da França e Inglaterra, sob a coroa desta, o que as fariam uma nação forte da Europa.
A mensagem espiritual da seleção francesa traz em si a transnacionalidade de pátria, dentro do que estabelece os princípios espíritas. Na questão nº 54 da obra o Consolador, pelo Espírito Emmanuel adverte que a luz espiritual oferecerá aos homens uma nova noção de pátria, onde serão destruídos os canhões e balas homicidas. No momento que isso se verifique,

“(...) o homem aprenderá a valorizar o berço em que renasceu, pelo trabalho e pelo amor, destruindo-se concomitantemente as fronteiras materiais e dando lugar à era da grande família humana, em que as raças serão substituídas pelas almas e em que a pátria será honrada, não com a morte, mas com a vida bem aplicada e bem vivida.”

Ney Lobo, em sua vigorosa obra, em cinco volumes, Filosofia Espírita da Educação, volume 5, define a transnação, como:

“o efeito do cruzamento, no tempo e no espaço físico e espiritual, de quatro transcendentalidades, histórica, espiritual, evolutiva e moral, de uma população em número significativo e substancial de seres espirituais afins, encarnados e desencarnados, solidários entre si, na constância da comunhão de ideias, sentimentos e responsabilidades morais; com um objetivo comum de autosuperação espiritual coletiva, e que se estende ao longo das sucessivas existências físicas desses seres, abrangendo os dois planos de vida, estreitamente vinculados, em constante interação e alternância de posições através dos tempos.”

Esse conceito de transnação, nada mais é que o Reino de Deus anunciado por Jesus Cristo. Esse dilema que a sociedade aturdida enfrenta, exige um novo conceito de humanidade que somente a cosmossociologia espírita oferece, tendo como um fato social a se desdobrar nas duas latitudes: material e espiritual. E esse reino está acima das sociedades de classes, mas se integra à escala espírita, na questão nº 100 de O Livro dos Espíritos. Está acima do mundo de ricos e pobres e das competições políticas e econômicas. A implantação do Reino de Deus, através do amor e da solidariedade, romperá as fronteiras geográficas.
Cairbar Schutel, como se antevendo o fato social significativo da copa com os imigrantes na seleção campeã, adverte em sua obra Interpretação Sintética do Apocalipse, que as subversões sociais abalarão o mundo “até que a palavra do Alto se pronuncie com poder.” Nada é por acaso. O acaso não existe. Ora, na questão nº 519 de O Livro dos Espíritos, os Reveladores Celestes advertem que as nações têm também seus Espíritos protetores espirituais. E são esses Espíritos, que cuidadosamente enviam mensagens todo-educativa, diz Lobo, tendo por destinatário todo um povo lançando oportuna e cáusticas advertências aos transviados detentores do poder e, diretamente à consciência deles.
E foi na França que surgiram os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade. Ainda na França, nasce Allan Kardec, que através da sua dedicação hercúlea organiza e sistematiza a Doutrina dos Espíritos.
Nelson Rodrigues, em sua obra A Pátria de Chuteiras, termo-título utilizado por ele para homenagear a seleção brasileira de futebol campeã em 1958, assim se expressa:

“Amigos, há um momento, na vida dos povos, em que o país tem de ser anunciado, promovido e profetizado.”

Parafraseando-o, dir-se-á:

A seleção francesa de futebol, em 2018, é o Plano Social de Deus de chuteiras!

Eis, novamente, a França!


(1)        Denis em nota de rodapé, fala de pesquisas que demonstraram que João Chartier foi o primeiro a usar da palavra pátria, em sua obra História de Carlos VII.

Referências:
DENIS, Léon. Joana D’arc. FEB. Brasília. 1999;
___________ Interpretação sintética do apocalipse. 1918. bvespírita.com
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. LAKE. São Paulo. 2000;
LOBO, Ney. O plano social de Deus e as classes sociais. EDICEL. Distrito Federal;
_________   Filosofia espírita da educação. Vol.5. FEB. Brasília. 1990;









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