Que mundo violento esse nosso! É certo que
ninguém haverá de discordar desse desabafo. Muito provável que essa violência
esteja no DNA imperfeito do cidadão contemporâneo, pois ela se registra nos
quatro cantos do mundo, até mesmo em algumas áreas do planeta que parecem mais
civilizadas pelos altos índices de educação e respeito social, só que ali os
eventos acontecem por acometimentos acidentais e não estão dissolvidos
endemicamente na sociedade como vemos, por exemplo, no Brasil.
É
hipótese reconhecida que as populações dos diversos continentes exprimem uma
qualidade social que se desenha pela forma como a história se desenvolveu em
suas terras. A Ásia com a sua tradição ancestral. A Europa com o sofrimento das
grandes guerras que a dizimaram tantas vezes. As Américas com a diversificação
de suas colonizações. A África pela subjugação secular da escravatura. A
Oceania com os seus apelos tribais. Por mais distantes, tais grupamentos
sociais vivem mais interligados do que se possa supor. Sim, pois o mundo é um
só e estamos sob uma mesma sintonia. Certamente mudamos de paisagem nas
passagens pelo corpo, cujo objetivo é o aprendizado para as mudanças que o
mundo necessita.
Enquanto
não é possível homogeneizar as práticas sociais entre as nações do globo
haveremos de testemunhar a simultaneidade de fatos que comprovam que a
injustiça social, esse mal que não identificamos com os olhos da cara e sim com
a sensibilidade, vai arrombar todas as portas. Impossível deixar de vincular o
sucesso do capitalismo selvagem com a miséria que assola os países
subdesenvolvidos, incluído o Brasil. Inegável que as balas perdidas, a fome nas
ruas, o analfabetismo, as filas nos hospitais, a seca crônica apontam para os
criminosos de plantão que não usam armas físicas, mas deflagram pelas suas
políticas espúrias toda a negrura de suas almas perdidas na ambição e muitos
deles se ajoelham nas igrejas sem sequer um suspiro de remorso. Tudo isso
escondido nas mãos de um punhado de famílias que comandam com avareza cruel o
destino de vidas humanas.
Lamentável que os habitantes da Terra ainda
precisem disso. Faz parte das expiações que buscamos para nós, senão não seria
essa nossa moradia. A boa notícia é que podemos deixar de ser cultivadores do
“mal que não se vê”, basta que deixemos de ser peça de manobra dos potentados.
A capacidade que temos de acompanhar a boiada é tão grande quanto aquela que
nos permite entender que somos Espíritos comprometidos com o futuro das
gerações, até porque teremos que retornar para vivenciar tais gerações e
gostaríamos que seja diferente lá na frente. Dediquemos tempo para pensar no
bem, orar pelos infortúnios e pelos afortunados inconscientes, ensejar práticas
de mudança de atitude, compactuar o otimismo com realidade, olhar o mundo com a
evidência holística.
O Livro dos Espíritos (q. 756) traz: “A
sociedade dos homens de bem será um dia expurgada dos malfeitores? – A
Humanidade progride. Esses homens dominados pelo instinto do mal, que se
encontram deslocados entre os homens de bem, desaparecerão pouco a pouco como o
mau grão é separado do bom quando joeirado...”. Despertemos o nosso senso para
enxergar o mal que não vemos apenas com os olhos, sim com o refinamento de
nossas percepções mais sutis.
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