O Universo funciona no limite da perfeição.
Mundos giram em perfeita harmonia em torno dos sóis infinitos. Da semente à
flor a vida transborda como o verdadeiro milagre que a Natureza dispõe aos
nossos olhos. As florestas imponentes escondem os segredos dos desertos que
dormem sob suas raízes. A borboleta e a crisálida reverenciam a lagarta em sua
jornada de criação contínua. As geleiras regulam o equilíbrio da circulação e
do movimento da água que dissipa no ar, se esconde no interior da Terra e
abraça o oceano majestoso. Os pássaros migrando pelas estações reconhecem as
setas invisíveis que norteiam suas viagens. Os cardumes retornam ao ponto em
que nasceram para reproduzir confirmando o mapa da vida gravado na intimidade
de suas células. O útero da mulher desenha o protótipo do ponto mais alto na
representação do sopro nas narinas que licenciou a vida para a raça humana.
PAI
NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU clamamos por TI. Estamos perdidos nas noites gélidas do
egoísmo que nos consome. Sabemos do outro, mas não conseguimos sair das teias
que nos prendem ao medo de estendermos as mãos para caminhar juntos. Temos
clareza quanto à dor que o outro vivencia quando atropelado pelas nossas
inabilidades, porque nos dispomos inábeis quando as batalhas nos visitam o dia?
PAI
NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU aquece nossas almas. Estagiamos enregelados pelas
ambições que nos impedem de ver as multidões que passam suplicando um pouco de
calor humano antes do último suspiro de vida. Pelas palavras e ações golpeamos
os fracos enquanto nos dispomos tímidos frente aos poderosos, covardemente
escondidos da luta.
PAI
NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU suplicamos alento. Desperdiçamos o dia de hoje, aflitos
pelas realizações de amanhã e rompido o novo dia choramos pela lição adiada
ontem, sem a qual é impossível seguir caminho. Vivemos em dois tempos que não
existem enquanto vemos a existência se esvaindo entre os nossos dedos.
PAI
NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU, Senhor do equilíbrio universal, abençoa-nos. As
sombras da preguiça nos ameaçam a qualidade do labor e substituímos o trabalho
digno pelas facilidades da criminalidade pela ausência da educação formal e da
formação moral que pouco a pouco se evade dos lares e degenera o caráter da
sociedade em que vivemos.
PAI
NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU, Onipresente, Onisciente, Absoluto, olhai por nós. Nós
os pais da Terra que nos percebemos fragilizados pelo curso de violência que
invade as nossas ruas e praças, cientes do compromisso que a nossa tarefa nos
impõe para o encaminhamento espiritual de tantos que a Sua Misericórdia colocou
sob nossa custódia.
PAI
NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU dai-nos clareza. Fortifica e ilumina aqueles a quem a
paternidade enseja uma ocasião de aprendizados para si enquanto sobrepujam as
imperfeições e se disponibilizam em inventar um novo tempo para os filhos que a
Sua Providência lhes entregou para amar e educar. Assim seja.
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