domingo, 12 de agosto de 2018

PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU


           




 
            O Universo funciona no limite da perfeição. Mundos giram em perfeita harmonia em torno dos sóis infinitos. Da semente à flor a vida transborda como o verdadeiro milagre que a Natureza dispõe aos nossos olhos. As florestas imponentes escondem os segredos dos desertos que dormem sob suas raízes. A borboleta e a crisálida reverenciam a lagarta em sua jornada de criação contínua. As geleiras regulam o equilíbrio da circulação e do movimento da água que dissipa no ar, se esconde no interior da Terra e abraça o oceano majestoso. Os pássaros migrando pelas estações reconhecem as setas invisíveis que norteiam suas viagens. Os cardumes retornam ao ponto em que nasceram para reproduzir confirmando o mapa da vida gravado na intimidade de suas células. O útero da mulher desenha o protótipo do ponto mais alto na representação do sopro nas narinas que licenciou a vida para a raça humana. 

          PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU clamamos por TI. Estamos perdidos nas noites gélidas do egoísmo que nos consome. Sabemos do outro, mas não conseguimos sair das teias que nos prendem ao medo de estendermos as mãos para caminhar juntos. Temos clareza quanto à dor que o outro vivencia quando atropelado pelas nossas inabilidades, porque nos dispomos inábeis quando as batalhas nos visitam o dia?
          PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU aquece nossas almas. Estagiamos enregelados pelas ambições que nos impedem de ver as multidões que passam suplicando um pouco de calor humano antes do último suspiro de vida. Pelas palavras e ações golpeamos os fracos enquanto nos dispomos tímidos frente aos poderosos, covardemente escondidos da luta.
          PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU suplicamos alento. Desperdiçamos o dia de hoje, aflitos pelas realizações de amanhã e rompido o novo dia choramos pela lição adiada ontem, sem a qual é impossível seguir caminho. Vivemos em dois tempos que não existem enquanto vemos a existência se esvaindo entre os nossos dedos.
          PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU, Senhor do equilíbrio universal, abençoa-nos. As sombras da preguiça nos ameaçam a qualidade do labor e substituímos o trabalho digno pelas facilidades da criminalidade pela ausência da educação formal e da formação moral que pouco a pouco se evade dos lares e degenera o caráter da sociedade em que vivemos.
          PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU, Onipresente, Onisciente, Absoluto, olhai por nós. Nós os pais da Terra que nos percebemos fragilizados pelo curso de violência que invade as nossas ruas e praças, cientes do compromisso que a nossa tarefa nos impõe para o encaminhamento espiritual de tantos que a Sua Misericórdia colocou sob nossa custódia.
          PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU dai-nos clareza. Fortifica e ilumina aqueles a quem a paternidade enseja uma ocasião de aprendizados para si enquanto sobrepujam as imperfeições e se disponibilizam em inventar um novo tempo para os filhos que a Sua Providência lhes entregou para amar e educar. Assim seja.   

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