O “casamento” de crianças (sobretudo meninas) é
corriqueiro em diversas sociedades cujas culturas jazem decididamente nos
encostos religiosos. Entretanto, o problema de “casamentos” precoces também
está muito presente no Brasil. Segundo o Instituto Promundo, entre 2013 e 2015,
Maranhão e Pará têm a maior prevalência de “uniões” prematuras.
Frequentemente tais meninas não aderem a essa
determinação (“casamento” coagido) porque não compreendem em que situação as
estão conduzindo, em face disso, a responsabilidade dos pais é naturalmente
maior porquanto na maioria das vezes as induzem ao precoce, portanto,
constrangido matrimônio “informal”.
Muitos podem interrogar, averiguando as razões
de uma menina, ainda nos arrebóis de sua infância, passar por insonhável
barbaridade. Como identificar a coerência em renascer por escolha (iniciativa
própria) e experimentar uma provação como essa? Qual o grau de imperfeição do
Espírito para padecer tal desafio?
Recobremos a pesquisa do Instituto Promundo que
comprova que as meninas se “casam” e têm o primeiro filho, em média, aos 15
anos. A pesquisa atribui o “casamento” infantil a três causas principais. A
primeira é vulnerabilidade das comunidades, caracterizada por baixos níveis de
escolaridade e infraestrutura, e fraca presença do Estado. Em segundo lugar, as
adolescentes querem sair da casa dos pais porque desejam começar a namorar e,
por isso, veem no “casamento” uma forma de fuga das proibições dos pais. A
terceira causa é a fragilidade das estruturas familiares, que leva as meninas a
buscar estabilidade e segurança fora de casa.
A infância e a juventude estão assombradas, sem
alicerces morais claros, iludidas, com influências muito sensualistas. Nas
crônicas diárias, jamais uma criança e ou jovem tiveram contato tão aberto com
mensagens erotizantes como nos dias atuais, em grande parte graças ao acesso
livre à Internet. O resultado está nos renascimentos desastrosos, que abrem
expectativas nunca antes observadas. Todavia, graças à imortalidade, todas elas
serão induzidas ao processo contínuo de evolução infinita, ocasionando, através
da reencarnação, a fórmula divina para a definitiva conquista de si mesmas.
Enquanto isso, esse funesto estágio moral as
remete à aventura do prazer impulsionando a recondução dos recém reencarnados à
era das cavernas, fazendo-as mergulharem nos subterrâneos das orgias e ali
entregando-se à fuga da consciência e do raciocínio pela busca, às vezes
inconscientes do encanto alucinado pelo amadorismo das emoções imediatas da
sexualidade.
No Sudeste do Brasil há casos em que meninas de
10 a 12 anos, frequentadoras dos típicos bailes (funk e análogos) engravidam.
No Nordeste há diversos casos de aliciamento de menores, muitas vezes abusadas
pelos próprios pais. Cada vez mais cedo, e com maior magnitude, as excitações
da criança e do adolescente germinam adicionadas pelos diversos e
desencontrados apelos das revistas libertinas, da mídia eletrônica, das drogas,
do consumismo impulsivo, do mau gosto comportamental, da banalidade exibida e
outras tantas extravagâncias, como espelhos claros de pais que relaxam em
demorar-se à frente da educação dos próprios filhos.
É óbvio que reencarnação em tais
circunstâncias, embora muito difícil, não é uma penalidade imposta por Deus
como ajuízam alguns, porém tão somente um mecanismo intrínseco de superação da
imperfeição moral do Espírito e um meio forçoso para o progresso. A
reencarnação é indispensável com vistas ao duplo avanço moral e intelectual do
Espírito, considerando o progresso intelectual que se dá através da atividade
obrigatória do trabalho útil e do progresso moral que se realiza pela
necessidade recíproca da prática do bem entre os homens.
O Brasil é o 3ºcolocado em ranking de casamentos precoces na América Latina. Excelente reflexão.
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