Entre as questões mais repetidas dirigidas aos
espíritas consta a dúvida entre Provas e Expiações. É tácito compreender que
num mundo de imperfeições, as dificuldades figuram como necessidade básica de
aprendizagem e ninguém há a quem falte obstáculos que exigem capacidade de
superação. Logo o nosso é um Mundo de Provas porque a experiência é necessária
para vencermos a simplicidade e a ignorância, com as quais fomos forjados.
Secundariamente habitamos um Mundo também de Expiações, pela justa necessidade de
refazer o caminho de provas, no qual falimos no passado. A Prova é obrigatória
enquanto a Expiação é consequência da falência diante do obstáculo de ontem.
De
toda forma Expiação e Provas se confundem, seja biológica, emocional, social ou
espiritualmente, haja vista que corpo, alma, relacionamentos e aspirações não
podem ser entendidos senão numa única dimensão. Ocorre que determinados tipos
de problemas parecem atingir de forma particular a uma dessas dimensões, o que
cria a ideia de que possam ser males diferenciados. Na verdade vivenciamos o
plural que somos. As dores que nos atingem, independente do seu caráter de
Prova ou Expiação, trazem exigências embutidas de autocontrole e solidariedade.
Há males que vêm e passam e outros que vêm para ficar e ainda aqueles que
aparentemente abreviam a existência ou sinalizam para o irremediável.
Quando
há soluções possíveis é nessa direção que se caminha. Na falta de solução
definitiva é necessária, antes de qualquer atitude, a aceitação para que se
instale o equilíbrio, enquanto se busca medidas que possam reduzir o
infortúnio. É nessa direção que se
perfila uma abordagem que é derivada da forma de assistência empregada nas
hospedarias inglesas (Hospices) que recebiam peregrinos na Idade Média.
Trata-se de um conceito novo em abordagem às dores que atingem corpo e alma sem
que haja o alento da cura imediata. Responde pela nomenclatura de Cuidados
Paliativos e tem como objetivo auxiliar na trajetória natural do organismo com
a proposta de manter a dignidade humana e oferecer o maior conforto possível
diante das agruras da dor e do desalento. Destina-se ao suporte que vai além
daquele considerado a vítima do mal e alcança as pessoas que acompanham a
marcha do enfermo, muitas vezes também acometidas por comoção dolorosa.
Os
Cuidados Paliativos figuram como um expediente técnico composto por equipes de
agentes que atuam na transdisciplinaridade, condição que ressalta a importância
de todos os saberes na atenuação da dor: do médico ao cuidador, do enfermeiro
ao palhaço, do fisioterapeuta ao massagista – todos, pessoas que doam de si a
essência dos seus conhecimentos e do seu carinho àquele que sofre, nos leitos
ou nas antessalas.
Grande
avanço na compreensão do alcance da ação da pessoa dotada de capacidade
técnico-científica, em atendimento à aflição. A nova abordagem avalia que a
dor, a vida e a morte são fatores que não podem ser driblados, mas identifica
nesse espaço a condição de apoiar, como Simão, o cirineu, fez ao carregar a
cruz do Mestre Jesus. O mesmo Jesus que chamou a si todos os aflitos ao dizer
em Mateus (XI; 30): “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
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