Há apenas duas fatalidades,
das quais nenhum indivíduo pode se esquivar de experimentar: viver é a
primeira, alcançar a perfeita felicidade é a segunda. De resto todas as demais
circunstâncias são opcionais e absolutamente passageiras. Óbvio que é tudo uma
questão de tempo, cuja falta de limites torna qualquer período que se
contabilize uma quimera. O Tempo de Deus se chama eternidade e é nesse oceano
que surfamos as muitas ondas existenciais que nos permitem o “nascer, morrer,
renascer ainda, progredir sem cessar porque tal é a Lei”.
Nas lutas acerbas de nossas
buscas, muitos se perdem no desespero de dores sem o preparo para as suportar.
As exigências do mundo, em todas as épocas e crescente nos dias atuais,
completamente adaptadas às necessidades espirituais de cada um, às vezes
parecem exceder à capacidade de determinadas pessoas de permanecerem no rumo,
daí não é incomum que haja desistência diante de planos malfadados. Numa
existência física, por volta de 75 anos de expectativa no Brasil, há muitas
escolhas que ficaram para trás em detrimento de outras que deram respostas
melhores, desde que não se desista quanto à manutenção da vida. Por isso que as
manhãs se sucedem às noites e depois de passado um dia, eis que outro dia
substitui aquele que se foi.
É lastimável que a sociedade
pós-contemporânea, constituída dos apelos da mais alta tecnologia, seja também
aquela que dissemina mais incertezas, pânico e desespero. A desistência pela
porta do suicídio se tornou um dos mais complexos problemas de saúde pública em
todos os continentes e não seleciona faixa de idade, gênero, escolaridade,
classe social, nada. Simplesmente a solidão, o vazio, a falta de objetivos, as
pressões sociais são argamassa para a construção de uma ponte que transporta
pessoas desta para a outra existência, onde a dor e a frustração as aguardam.
A questão 957 de O Livro dos
Espíritos lança compreensão a respeito dos comprometimentos que envolvem a
prática do suicido sob a visão espiritual: “Quais são,
em geral, as conseqüências do suicídio sobre o estado do Espírito? — As conseqüências do suicídio são as mais diversas. Não
há penalidades fixadas e em todos os casos elas são sempre relativas às
causas que o produziram. Mas uma conseqüência a que o suicida não pode
escapar é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para
todos, dependendo das circunstâncias. Alguns expiam sua falta
imediatamente, outros numa nova existência, que será pior que aquela cujo curso
interromperam”.
Torna-se obrigatório que se estenda
mãos de apoio aquele que sofre de situações que se julgue incapaz de suportar.
Jamais se negue proteção ao que padece transtornos depressivos ou padeça de
sofrimentos psicóticos. Nunca se vulgarize como se fosse banal uma confissão
que alardeie exterminar com a vida no corpo. É urgente que se ampliem os canais
de atendimento à dor silenciosa e muitas vezes solitária do outro. Nossos
aplausos aos empreendimentos que cuidam de vida e disponibilizam meios de apoiar
aqueles que sofrem, sob risco do suicídio. Nosso respeito ao Centro de
Valorização da Vida – CVV. Concluímos com o pensamento de Divaldo Franco: “A
melhor maneira de vencer o suicídio é o Amor”.
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