Certamente, na quase totalidade dos distúrbios
na área da sexualidade, a presença da espiritualidade refratária à luz está
presente ativamente, participando como causa ou mesmo coadjuvante do processo.
O Livro dos Espíritos, na questão 567, é bem claro, ensinando-nos que espíritos
vulgares se imiscuem em nossos prazeres porquanto estão incessantemente ao
nosso redor, tomando parte ativamente naquilo que fazemos, segundo a faixa
vibratória na qual nos encontramos.
Realmente, na compulsão sexual ou ninfomania, a
atuação deletéria de seres espirituais não esclarecidos é atuante,
apresentando-se como verdadeiros vampiros, sugando as energias vitais dos
doentes. O excelso sistematizador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, em A
Gênese, capítulo 14, define a obsessão como "(...) a ação persistente que
um mau espírito exerce sobre um indivíduo". Diz, igualmente, que "ela
apresenta características muito diferentes, que vão desde a simples influência
moral, sem sinais exteriores perceptíveis, até a perturbação completa do
organismo e das faculdades mentais".
Com base no ensino espírita, podemos afirmar
que, para que haja o processo obsessivo, é condição essencial que exista da
parte da vítima uma imperfeição moral, que proporciona ascendência à entidade
inferior. Portanto, para que a obsessão sexual, por exemplo, se estabeleça, é
necessário, então, que o obsidiado permita a entrada do obsessor, verificando
acentuada afinidade, ligando as duas criaturas, até mesmo compartilhando ambos
dos mesmos propósitos e desejos.
Na obsessão sexual, por conseguinte, tanto os
encarnados quanto as entidades estão unidos vibratoriamente, entrelaçados em
teias tenazes, em sinistra simbiose espiritual, atuando os espíritos como
verdadeiros parasitas, sugando a substância vital retirada dos campos de força,
principalmente o esplênico, como também a energia exteriorizada do êxtase
sexual.
Em verdade, os espíritos “sanguessugas” já se
deixavam arrastar pelas correntezas do sexo aviltante, enquanto ainda
encarnados. Libertados da prisão celular, pela desencarnação, continuam ainda
sintonizados nos delírios da sexualidade desenfreada, embora, nessa situação,
para continuarem no vício, dependam da ação dos encarnados que estejam
associados na mesma faixa de comportamento doentio.
Muito conhecido, principalmente na Idade Média,
o mito dos “íncubos” e “súcubos”, consistindo na presença de entidades
maléficas, procurando as pessoas, enquanto dormem, para seduzi-las, com o fito
de roubarem sua energia vital. A palavra “íncubo” deriva do latim “incubare”
(deitar em cima) e designa os seres inferiores masculinos, e “súcubo”, vem de
“succumbere” (deitar debaixo), assinalando as trevosas entidades de
apresentação feminina.
Em relação ao assunto, no Brasil, especificamente
na região Norte, conta-se uma lenda na qual há a descrição de um íncubo,
apresentando-se como um boto cor-de-rosa, que se transformaria em um homem
sedutor, à busca de garotas na beira do rio.
Durante o sono, segundo ensinamento espírita,
há a emancipação completa da alma, em um processo anímico natural denominado de
desdobramento ou projeção espiritual, facilitando a ação das entidades
viciosas, haurindo a essência vital do encarnado. Quanto mais exaurida estiver
a vítima, maior facilidade terá para desprender-se e sofrer o assédio inferior
(Q. 407 de O Livro dos Espíritos).
Importante considerar que o indivíduo que
pratica com excessiva regularidade o ato sexual, com responsabilidade, não pode
ser enquadrado como compulsivo de forma alguma, desde que a doença se
caracteriza pela impetuosidade para a prática do sexo, sem qualquer escrúpulo,
não respeitando o local e as pessoas. O indivíduo viciado não consegue resistir
aos impulsos que lhe dominam inteiramente os sentidos.
Os espíritos sexólatras se satisfazem
intensamente, participando dos encontros sexuais patrocinados pelas suas fiéis
vítimas encarnadas, principalmente de orgias, locupletando-se com a energia
libertada antes e após a complementação sexual orgásmica, utilizando-se dos
doentes viciados ligados a eles, completamente dominados, através dos seus
campos de forças perispíriticos, principalmente o genésico.
Em consequência do processo obsessivo, os
indivíduos encarnados ficam intensamente obcecados por sexo, devido à
perniciosa e fortíssima influência dos vampiros espirituais, que fazem com que
os seus subordinados se sintam sempre insatisfeitos sexualmente, de forma que
estejam sempre propícios ao sexo desenfreado e possam dar atendimento às suas
prementes necessidades.
Uma das formas mais graves de obsessão sexual é
a dependência extrema que as pessoas experimentam pelo sexo, completamente
viciados e subjugados, tendo relações sexuais, em grande número, várias vezes
por dia, com prostitutas e, na ausência delas, até mesmo praticando sexo com
mendigas, nas vias públicas.
Como qualquer dependente, o doente não se
incomoda e não considera ser portador de um grave transtorno obsessivo. A
“ficha só cai” quando o doente se encontra no fundo do poço, com sua saúde
abalada, vida familiar e social em conflito e convivendo com problemas no
trabalho. Normalmente, são os familiares e amigos que percebem o transtorno,
desde que o viciado exibe comportamento estranho, não só em casa, como no
trabalho, com prejuízo no desempenho familiar, profissional ou nos estudos,
indo muitas vezes ao banheiro para o autoerotismo, o manuseio de revistas
eróticas, a observação constante de vídeos de conteúdo pornográfico, uso da
internet para sexo virtual, aparecimento e recidiva de doenças sexualmente
transmissíveis e o assédio constante às pessoas para fins sexuais, com marcante
troca de parcerias sexuais.
A doença preponderantemente acomete mais o sexo
masculino, sendo que no sexo feminino tem menor incidência e maior rejeição da
sociedade. A história conta que existiu uma imperatriz chamada Messalina,
terceira mulher do imperador romano Cláudio e portadora do transtorno obsessivo
sexual, tendo copulado com dezenas de homens, em um período de 24 horas. Devido
ao vício, tornou-se mulher lasciva, libertina e dissoluta em excesso, chegando
a ponto de manter relações sexuais até com escravos, caracterizando um
acometimento compulsivo sexual de grande intensidade, com comprometimento
espiritual inferior inconteste.
Messalina, ao desencarnar, certamente,
apresentava sua vestimenta espiritual acentuadamente comprometida e exigiu uma
ajuda considerável dos médicos da dimensão extrafísica. Como não há sofrimento
eterno, recebeu, com certeza, a misericordiosa oportunidade de saldar seus
débitos em inumeráveis mergulhos na carne.
BOX-1
- Reencarnação Compulsória para os Espíritos viciados em Sexo
Assim como deve acontecer com todos os verdugos
adstritos ao sexo desarmônico feminino, “criam para si mesmas terríveis
alienações para além do sepulcro, requisitando, quase sempre, a internação em
corpo masculino, a fim de que, nas teias do infortúnio de sua emotividade,
saiba edificar no seu ser o respeito que deve ao homem, perante o Senhor"
(Ação e Reação, capítulo 15).
O espírito acentuadamente feminino, aprisionado
nas teias do sexo destoante, dá causa a vibrações de ordem sexual inteiramente
desarmônicas, ligadas ao sexo masculino, devido ao seu pensamento estar
direcionado de forma patológica para o sexo masculino, completamente diferentes
do campo sexual mais marcante no psiquismo de profundidade, essencialmente
feminino. Ao reencarnar, durante a fase da concepção, da união dos gametas,
formando o ovo ou zigoto, vibrando intensamente de forma desarmônica para o
sexo masculino, exerce atração por um espermatozoide contendo o cromossomo
masculino Y. Embora possua psiquismo preponderantemente feminino, nascerá em
corpo masculino, em curso essencialmente expiatório.
Ao contrário, o ser extrafísico, com o seu
psiquismo acentuadamente masculino, também no mesmo envolvimento cármico,
reencarna em corpo feminino. A explicação surge de forma esclarecedora pelo
instrutor espiritual Silas, através da transcrição realizada por André Luiz, no
livro Ação e Reação, capítulo 15: "(...) Em muitas ocasiões, quando o
homem tiraniza a mulher, furtando-lhe os direitos e cometendo abusos em nome de
sua pretensa superioridade, desorganiza-se ele próprio a tal ponto que,
inconsciente e desequilibrado, é conduzido pelos agentes da lei Divina a
renascimento doloroso, em corpo feminino, para que, no extremo desconforto
íntimo, aprenda a venerar na mulher sua irmã e companheira, filha e mãe, diante
de Deus (...)".
O espírito, experimentando intenso sofrimento,
exterioriza vibrações doentias e, no momento da bendita reencarnação, por
misericórdia divina, exatamente durante o processo de fecundação, exerce
atração sobre um espermatozoide contendo o cromossomo X, já que o seu campo
mental está direcionado patologicamente para o sexo oposto, embora esteja
situado em uma faixa sexual preponderantemente masculina.
A lei de causa e efeito segue o seu curso
natural, tendo o homem o livre-arbítrio para percorrer o caminho que deseje
traçar, porém sua consciência sempre ecoará no momento certo (a semeadura é
livre, a colheita será sempre obrigatória). Em vivência passada, tendo sido
egoísta, subjugou a mulher, desrespeitando-lhe a natureza, utilizando o sexo de
forma ultrajante. Agora, reencarnado em um corpo feminino, aprenderá a
respeitar as pessoas que estão situadas nessa polaridade.
Durante a infância, notará de antemão ser
possuidor de um problema de ordem expiatória, reencarnado em um corpo dotado de
sexo de periferia (feminino) totalmente contrário ao sexo de profundidade
preponderante (masculino). Pensará e poderá agir de forma diferente do sexo de
que é portador. Corpos femininos albergando um psiquismo essencialmente
masculino.
BOX- 2
Tratamento do Transtorno Obsessivo Sexual
A compulsão sexual é verificada nos dois sexos,
podendo os seus dependentes procurar o devido tratamento psiquiátrico e refúgio
nos abençoados grupos de apoio psicológico, como os sexólatras anônimos, onde
os testemunhos dos ex-viciados impressionam devidamente, alguns deles revelando
situações tragicômicas vivenciadas.
Importante a medicação antidepressiva,
principalmente quando se utilizam remédios conhecidos como inibidores seletivos
de recaptura de serotonina, porquanto a serotonina, quando em excesso, inibe o
desejo sexual, acarretando diminuição da libido.
Compulsão sexual é doença obsessivo-compulsiva,
e o tratamento espiritual é muito importante, necessitando os viciados de muita
consideração e atenção, como exorta o Evangelho do Cristo, devendo receber,
devidamente nos Centros Espíritas, como quaisquer obsidiados, os recursos da
prece, do passe, da água fluidificada e dos trabalhos importantes da
desobsessão.
Todos aqueles que se acham atormentados e
desorientados nas ondas inquietantes do sexo desarmônico, saibam que suas
disfunções têm tratamento e que o Bondoso Deus zela por todos os seus filhos e
proporciona-lhes a bendita oportunidade de serem vitoriosos no mundo interior
das lutas, das atribulações, da reeducação e do aperfeiçoamento.
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