terça-feira, 27 de novembro de 2018

SEGUIR PLANTANDO


           


             Um velho conto árabe relata que um ancião se encontrava semeando tamareiras em sua propriedade, quando um jovem que ali passava se dirige àquele homem e lhe questiona o porquê daquela semeadura. Antes das modernas técnicas de plantio a espera para a frutificação das tâmaras era de 80 a 100 anos. Questionava o jovem o fato de o ancião estar plantando um fruto do qual jamais usufruiria, pois morreria antes. O idoso, então lhe responde: meu jovem se hoje eu conheço a maravilha que é o frescor de uma tâmara é porque pessoas que já se foram as plantou para mim, apenas retribuo para as próximas gerações as graças que recebi das gerações que me antecederam.

          Assim se comporta a natureza das coisas, inclusive a natureza humana. Não há fórmulas que sejam capazes de abreviar a rota necessária de aprendizados. Pobre daquele que vive enjaulado no imediatismo, daquele que grita para o espaço e exige que a resposta retorne como eco de aprovação sem demora.
          Vivemos num mundo que tem pressa e a pressa é uma das maneiras mais eficazes de jogar uma ação no malogro. A pressa no pensar determina que sejam ignoradas etapas importantes da reflexão que conduz à melhor escolha. A pressa no agir leva ao tropeço nas armadilhas do caminho pela cegueira aos sinais de perigo que serviriam de alarmes importantes a quem caminhasse com temperança.
Através da mediunidade de Chico Xavier, o Espírito Andre Luiz, nos sugere “não exija fruto maduro de uma árvore em flor”, corroborando com as advertências de tantas doutrinas orientais quando nos ao pedir paciência com o deslocar dos rios em direção ao mar, sob a poética lição do “não apresse o rio”.
A formação dos mundos que gravitam em nossa galáxia demandou bilhões de anos de preparação até que fosse possível o advento da vida em sua superfície, a exemplo da Terra, planeta que nos permite o berço, a escola e o caminho. Submetidos às leis da Natureza trafegou por muitas eternidades, mergulhado no caos necessário, sob os princípios da Inteligência Divina. Toda a saga que construiu os mundos habitados guarda em si a perspectiva da projeção do aprendizado de grupos de incontáveis seres espirituais que povoam o infinito. Não é em vão que bilhões de estrelas reluzem nas noites que os nossos olhos alcançam. Todo esse espaço nos pertence e é o campo de experiências que precisamos para descobrir todo o potencial, do qual somos dotados.
O que nos impele à insuficiência de resultados no caminho é justamente a precipitação em direção ao imediato, como se não houvesse o amanhã como uma estrada capaz de responder às dúvidas de cada momento. Aí geramos um campo de insatisfações que nos cegam para as realidades que se encontram nas entrelinhas, invisíveis aos rompantes de pressa e irreflexão. Jesus, antes de nós, já era uma realidade. Observa as nossas proezas e enganos e não se impacienta. Aguarda o tempo de cada um, sem exigir frutos antecipados. Ainda assim segue semeando. Ele sabe que o despertar é momento individual e aguarda com paciência que abramos os olhos, enfim.       

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