Um velho conto árabe relata que um ancião se
encontrava semeando tamareiras em sua propriedade, quando um jovem que ali
passava se dirige àquele homem e lhe questiona o porquê daquela semeadura.
Antes das modernas técnicas de plantio a espera para a frutificação das tâmaras
era de 80 a 100 anos. Questionava o jovem o fato de o ancião estar plantando um
fruto do qual jamais usufruiria, pois morreria antes. O idoso, então lhe
responde: meu jovem se hoje eu conheço a maravilha que é o frescor de uma
tâmara é porque pessoas que já se foram as plantou para mim, apenas retribuo
para as próximas gerações as graças que recebi das gerações que me antecederam.
Assim
se comporta a natureza das coisas, inclusive a natureza humana. Não há fórmulas
que sejam capazes de abreviar a rota necessária de aprendizados. Pobre daquele
que vive enjaulado no imediatismo, daquele que grita para o espaço e exige que
a resposta retorne como eco de aprovação sem demora.
Vivemos
num mundo que tem pressa e a pressa é uma das maneiras mais eficazes de jogar
uma ação no malogro. A pressa no pensar determina que sejam ignoradas etapas
importantes da reflexão que conduz à melhor escolha. A pressa no agir leva ao
tropeço nas armadilhas do caminho pela cegueira aos sinais de perigo que
serviriam de alarmes importantes a quem caminhasse com temperança.
Através da mediunidade de
Chico Xavier, o Espírito Andre Luiz, nos sugere “não exija fruto maduro de uma
árvore em flor”, corroborando com as advertências de tantas doutrinas orientais
quando nos ao pedir paciência com o deslocar dos rios em direção ao mar, sob a
poética lição do “não apresse o rio”.
A formação dos mundos que
gravitam em nossa galáxia demandou bilhões de anos de preparação até que fosse
possível o advento da vida em sua superfície, a exemplo da Terra, planeta que
nos permite o berço, a escola e o caminho. Submetidos às leis da Natureza trafegou
por muitas eternidades, mergulhado no caos necessário, sob os princípios da
Inteligência Divina. Toda a saga que construiu os mundos habitados guarda em si
a perspectiva da projeção do aprendizado de grupos de incontáveis seres espirituais
que povoam o infinito. Não é em vão que bilhões de estrelas reluzem nas noites
que os nossos olhos alcançam. Todo esse espaço nos pertence e é o campo de
experiências que precisamos para descobrir todo o potencial, do qual somos
dotados.
O que nos impele à
insuficiência de resultados no caminho é justamente a precipitação em direção
ao imediato, como se não houvesse o amanhã como uma estrada capaz de responder
às dúvidas de cada momento. Aí geramos um campo de insatisfações que nos cegam
para as realidades que se encontram nas entrelinhas, invisíveis aos rompantes
de pressa e irreflexão. Jesus, antes de nós, já era uma realidade. Observa as
nossas proezas e enganos e não se impacienta. Aguarda o tempo de cada um, sem
exigir frutos antecipados. Ainda assim segue semeando. Ele sabe que o despertar
é momento individual e aguarda com paciência que abramos os olhos, enfim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário