TV Globo entrevistou mulheres que acusaram o
“médium” [não espírita] João de Deus sobre as violações sexuais que teriam
sofrido quando elas buscaram o tratamento espiritual na “Casa Dom Inácio de
Loyola”, localizada em Abadiânia, Goiás. As acusações são de três brasileiras
que pediram para não serem identificadas e da coreógrafa holandesa Zahira
Lieneke Mous, a única que aceitou mostrar o rosto na televisão.
Será que estamos diante de crimes análogos ao
cometido pelo médico Roger Abdelmassih? Hum! Será?
Em nota enviada à TV Globo a assessoria de
imprensa do “médium” [não espírita] afirmou que as acusações são “falsas e
fantasiosas” e questiona o motivo pelo qual as vítimas não procuraram as
autoridades. Ainda afirma que a situação é lamentável, uma vez que o “médium”
[não espírita] João é uma pessoa de “índole ilibada”(sic).
Após a difusão da sinistra notícia (de
repercussão nacional), a Federação Espírita Brasileira emitiu uma pequena nota
sobre atuação de médiuns curadores, declarando que o Espiritismo orienta que o
serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente. Em face disso, não recomenda
a atividade de médiuns que atuem em trabalho individual, por conta própria.
Esclarece ainda que tais médiuns “curadores” [dentre eles o (não espírita)
“João de Deus”] não estão vinculados ao Movimento Espírita, nem seguindo sua
recomendação. (1) “Oh, meno male!”
Há 5 anos, após leitura de reportagem da
Revista VEJA, resolvemos refletir e contextualizar alguns trechos da matéria
publicada. O título da reportagem era exatamente “A face humana do mais
endeusado médium brasileiro”. (2) A Revista VEJA destacou a capacidade do
médium [não espírita] João de Deus de atrair gente do mundo inteiro para um
município próximo do Distrito Federal. Afirma a reportagem que o “santificado
médium” vive o cotidiano sob o manto da contradição entre o “espírito e a
carne”, a “cura e a doença”, o “desprendimento e a vaidade”, os gestos de
“generosidade e os arroubos de cólera”, os negócios terrenos (3) [é milionário]
e os amores (tem onze filhos com dez mulheres diferentes). A cada dois anos o
“curandeiro-endeusado do cerrado” troca a frota de carros da família. O dele
era um Mohave Kia, avaliado em 2013 em R$ 170.000 [cento e setenta mil reais]. (4)
Sabemos que a mediunidade não guarda relação
com a retidão moral do médium; seu funcionamento independe das qualidades de
honradez. O fato é que os médiuns de tais “cirurgiões do além” sempre seduzem
grande número de fregueses, estabelecendo, não raro, com a mediunidade, um
negócio rendoso, uma polpuda fonte de captação de dólares e reais.
Em 2013 a instituição dirigida por tal “deus da
mediunidade de cura” “teve um faturamento de aproximadamente 7,2 milhões de
reais (isso mesmo! sete milhões e duzentos mil reais), levando-se em conta
somente a venda de passiflora, preparado à base de maracujá, produzido ali
mesmo, comercializado à época na bagatela de 50 reais o frasco e receitado a
uma média de 3.000 visitantes semanais”. (5)
É lamentável que os médiuns invoquem
“Espíritos” para que lhes sirvam como “cirurgiões do além” a fim de retalhar e
perfurar corpos físicos em nome de “operações espirituais”, que lhes prescrevam
placebos.
É constrangedora essa tendência de subestimar a
contribuição da medicina humana, entregando nossas enfermidades aos Espíritos
“curandeiros do além” (preferencialmente com nome de santos, ou com sotaque
germânico ou hindu) para que “curem” doenças. Lembremos que precisamos
“aproveitar a moléstia como período de lições, sobretudo como tempo de
aplicação de valores alusivos à convicção religiosa. A enfermidade pode ser
considerada por termômetro da fé”. (6)
Não desconhecemos a possível intervenção dos
desencarnados nos processos terapêuticos na Terra, mas não se pode dar
prioridade a esse tipo de trabalho, na suposição de curas ou na falsa ideia de
fortalecimento do Espiritismo por esses meios. Lembramos que certa vez o
Espírito do “Dr. Fritz” quis operar Chico Xavier, em 1965, através do médium
[não espírita] Zé Arigó: – “Eu te ponho bom desse olho. Faço-te a cirurgia agora!
Pronunciou Arigó, e Chico Xavier respondeu-lhe: – “Não, isso é um reflexo do
passado. Eu sei que o senhor pode consertar o meu olho. Mas como o compromisso
do passado continuará, vai aparecer-me outra doença. Como eu já estou
acostumado com essa, eu a prefiro. Por que eu iria querer uma doença nova?
Os Espíritos não estão à disposição para
promover curas de doenças que não raro representam providências corretivas para
nosso crescimento espiritual no buril de reparação moral. Por tudo isso, é
urgente não abrirmos mão da precaução! Ainda mesmo que o excesso em tudo seja
ruinoso. Contudo, Kardec endossa nossa atitude dizendo que “vale mais pecar por
excesso de prudência do que por excesso de confiança”. (7)
Referências
bibliográficas:
[1] Disponível em
http://www.febnet.org.br/blog/geral/noticias/feb-esclarece-sobre-at… acesso 08/12/2018
[2]
Disponível em
http://vejabrasil.abril.com.br/brasilia/materia/joao-do-ceu-e-da-te… acesso em
14/09/2013
[3]
Suas economias vêm do garimpo. Ele é dono de fazendas na região, é
proprietário de apartamentos em Brasília, Goiânia, Anápolis e Abadiânia,
segundo a Revista Veja
[4]
Disponível em http://vejabrasil.abril.com.br/brasilia/materia/joao-do-ceu-e-da-te…
acesso em 14/09/2013
[5]
Idem
[6]
VIEIRA, Waldo. Conduta Espírita, Ditado pelo Espírito André Luiz,
Cap.35. RJ: Editora FEB, 1977-5ª edição
[7]
KARDEC, Allan. Viagem Espírita-1862, Brasília, Ed. Edicel, 2002, pág. 33
Nenhum comentário:
Postar um comentário