segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

FANATISMO E FASCINAÇÃO


 

 
O Espiritismo é uma doutrina expositiva, racional, de livre acesso, sem a pretensão de revelar toda a verdade, que favorece a construção de uma fé sólida, inquebrantável por ser raciocinando, que convida à sua análise e livre aceitação.
Por tudo isso, seus profitentes verdadeiros desenvolvem uma capacidade crítica que os preserva de um do grave problema para as relações humanas: o fanatismo. Este estado mental tem por base a paixão gerada por uma fé desarrazoada, fruto da pretensão de senhor da verdade absoluta, ancorada pelo orgulho e o egoísmo, as duas maiores chagas do ser humano que engendra um maniqueísmo insensato e um mecanismo psicológico de clivagem, resultando nas expressões de intolerância, de ódio, de cisão e de violência em suas mais diversas facetas.

A fé é uma disposição inata em cada criatura humana, favorecedora das realizações e do desenvolvimento dos potenciais, pela intuição dessa possibilidade de realização – a fé humana – e da inexorável gravitação para Deus – a fé divina.
O termo, embora mais frequentemente utilizado em relação à religiosidade, presta-se para designar comportamentos domiciliares nas mais diversas atividades e saberes humanos. Mas, infelizmente, o fanático, pelos pensamentos obsessivos (auto e hetero) dificilmente se permitem autodiagnosticar, por conta do quadro fascinatório disso decorrente.
Então, o que fazer, se a fascinação não permite nem mesmo o cogitar e o refletir sobre conselhos e avisos sugeridos por familiares e amigos próximos?
Para identificar esse estado tão deletério para si mesmo e para o mundo, devorador da paz deve-se estar sempre em guarda para essa possibilidade, o que requer um esforço para destruir o câncer do orgulho e assumir uma autoconsciência do próprio patamar evolutivo, para não nos assemelharmos ao fariseu enfatuado da parábola de Jesus, agradecido em sua prece a Deus, por não ser como aquele publicano que também orava, de cabeça baixa, reconhecido dos seus desvios[1].
Assim fazendo, analise o seu estado mental e emocional, bem como o seu comportamento de fora para dentro, como se estivesse a observar outra pessoa.
Dessa forma, considere os seguintes pontos:
      Há um domínio dos pensamentos por aquelas ideias, muitas vezes, em detrimento dos afazeres do cotidiano?
      Sua crítica sobre o conteúdo obsessivo só identifica pontos positivos ou minimiza possíveis pontos negativos mostrados por antagonistas?
      Você não consegue vislumbrar valores existentes em outros sistemas diferentes dos seus?
      Você se vê às voltas com sentimentos repetidos de ódio, raiva e sentimentos de antagonismos, mormente quando encontra pessoas de pensamento opositor ao seu?
      Você tem a pretensão de converter outras pessoas, notadamente opositores para a sua “verdade”?
      Você tem perdido o equilíbrio, tornando-se violento, em qualquer uma de suas facetas para com os seus opositores?
      Você tem sido inflexível, intolerante aos argumentos contrários às suas ideias?
      Houve algum tipo de ruptura em suas relações sociais com amigos e companheiros de trabalho?
Observe cuidadosamente os itens acima, respondendo sim ou não, sem a tentativa de justificação e faça o seu autodiagnóstico.
O verdadeiro espírita aprende a ser crítico, sem ser corrosivo, tolerante sem necessariamente concordar com os diferentes, serenos, autocríticos com suas crenças respeitando às demais crenças.
O espírita verdadeiro está sempre vigilante contra o fanatismo, destruindo esse fantasma do passado, pelo estudo e a vivência dos ensinamentos de Kardec e dos Espíritos reveladores.



[1] Lucas, 18: 09 – 14.

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