O
Espiritismo é uma doutrina expositiva, racional, de livre acesso, sem a
pretensão de revelar toda a verdade, que favorece a construção de uma fé
sólida, inquebrantável por ser raciocinando, que convida à sua análise e livre
aceitação.
Por
tudo isso, seus profitentes verdadeiros desenvolvem uma capacidade crítica que
os preserva de um do grave problema para as relações humanas: o fanatismo. Este estado mental tem por
base a paixão gerada por uma fé desarrazoada, fruto da pretensão de senhor da
verdade absoluta, ancorada pelo orgulho e o egoísmo, as duas maiores chagas do
ser humano que engendra um maniqueísmo insensato e um mecanismo psicológico de
clivagem, resultando nas expressões de intolerância, de ódio, de cisão e de
violência em suas mais diversas facetas.
A fé
é uma disposição inata em cada criatura humana, favorecedora das realizações e
do desenvolvimento dos potenciais, pela intuição dessa possibilidade de
realização – a fé humana – e da inexorável gravitação para Deus – a fé divina.
O
termo, embora mais frequentemente utilizado em relação à religiosidade,
presta-se para designar comportamentos domiciliares nas mais diversas
atividades e saberes humanos. Mas, infelizmente, o fanático, pelos pensamentos
obsessivos (auto e hetero) dificilmente se permitem autodiagnosticar, por conta
do quadro fascinatório disso decorrente.
Então,
o que fazer, se a fascinação não permite nem mesmo o cogitar e o refletir sobre
conselhos e avisos sugeridos por familiares e amigos próximos?
Para
identificar esse estado tão deletério para si mesmo e para o mundo, devorador
da paz deve-se estar sempre em guarda para essa possibilidade, o que requer um
esforço para destruir o câncer do orgulho e assumir uma autoconsciência do próprio
patamar evolutivo, para não nos assemelharmos ao fariseu enfatuado da parábola
de Jesus, agradecido em sua prece a Deus, por não ser como aquele publicano que
também orava, de cabeça baixa, reconhecido dos seus desvios[1].
Assim
fazendo, analise o seu estado mental e emocional, bem como o seu comportamento
de fora para dentro, como se estivesse a observar outra pessoa.
Dessa
forma, considere os seguintes pontos:
●
Há um domínio dos pensamentos por aquelas ideias, muitas vezes, em
detrimento dos afazeres do cotidiano?
●
Sua crítica sobre o conteúdo obsessivo só identifica pontos
positivos ou minimiza possíveis pontos negativos mostrados por antagonistas?
●
Você não consegue vislumbrar valores existentes em outros sistemas
diferentes dos seus?
●
Você se vê às voltas com sentimentos repetidos de ódio, raiva e sentimentos
de antagonismos, mormente quando encontra pessoas de pensamento opositor ao
seu?
●
Você tem a pretensão de converter outras pessoas, notadamente
opositores para a sua “verdade”?
●
Você tem perdido o equilíbrio, tornando-se violento, em qualquer
uma de suas facetas para com os seus opositores?
●
Você tem sido inflexível, intolerante aos argumentos contrários às
suas ideias?
●
Houve algum tipo de ruptura em suas relações sociais com amigos e
companheiros de trabalho?
Observe cuidadosamente os itens
acima, respondendo sim ou não, sem a tentativa de justificação e faça o seu
autodiagnóstico.
O verdadeiro espírita aprende a ser
crítico, sem ser corrosivo, tolerante sem necessariamente concordar com os
diferentes, serenos, autocríticos com suas crenças respeitando às demais
crenças.
O
espírita verdadeiro está sempre vigilante contra o fanatismo, destruindo esse
fantasma do passado, pelo estudo e a vivência dos ensinamentos de Kardec e dos
Espíritos reveladores.
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