quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

MEDIUNIDADE - PERCEPÇÃO DA IMORTALIDADE


 
O intercâmbio mediúnico, segundo a Doutrina Espírita, corresponde a uma disposição orgânica de que qualquer homem pode ser dotado, estabelecendo relações com os espíritos, em diferentes graus e tipos. Contudo, a qualificação de médiuns se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se revela por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. XXIV:12 e O Livro dos Médiuns – item 159).


      

BOX-1              Ciência atestando a Imortalidade.

Inobstante de ter sido pesquisada e comprovada por cientistas sérios e dedicados, de alta notoriedade, como o Dr. Joseph Banks Rhine, na Universidade de Duke, EUA, estudando os chamados fenômenos PSI-TETA, alusivos às manifestações de espíritos de indivíduos já falecidos, inaugurando a era da ciência não-material; em que pese o trabalho rigoroso do famoso Willian Crooks, a maior autoridade científica da Inglaterra, em seu tempo, atestando a mediunidade; a despeito do genial naturalista Alfred Russel Wallace, após sensível resistência, vencido pelas evidências, apaixonar-se pelos fenômenos mediúnicos; apesar de afamados homens de ciência como Auguste de Morgan, Oxon, Barkas, Chambers, Myers, Gurney, Podmore, Lodge, Kerner, Zöllner, Camille Flamarion, Paul Gibier, Weber, Fechner, Ulrici, Butlerof, Aksakof, Chiaia, César Lombroso, Charles Richet, comprovarem que os mortos vivem, a mediunidade permanece ainda contestada pelo obscurantismo científico e religioso.

BOX-2                Suposta Condenação Bíblica

Infelizmente, as crenças dogmáticas ainda desprezam essa dádiva divina, a qual possibilita o sublime intercâmbio dos chamados “vivos” com os “mortos”, pregando que a Bíblia condena categoricamente essa marcante comunicação, apontando incorretamente alguns trechos do Antigo Testamento.

No livro de Levítico, cap. 19, versículo 31, está estabelecido “ipsis litteris” o seguinte: “Não vos voltareis para os necromantes, nem para os adivinhos; não os procureis para serdes contaminados por eles. Eu sou o SENHOR, Vosso Deus”.

Ainda em Levítico, cap. 20, versículo 27: “O homem ou a mulher que, entre vós, for necromante ou adivinho, será morto, será apedrejado, e o seu sangue cairá sobre ele ou ela”.

    

BOX-3    Verdadeiro Entendimento oferecido pelo “Consolador”

Na época em que vivemos, quando o progresso intelectual é marcante e as questões religiosas já foram objeto de atualização e de explicação racional e lógica pela Doutrina do Consolador prometida por Jesus, exatamente a codificação espírita, as violentes ameaças e mortais condenações do Antigo Testamento são dignas de descontentamento e tristeza, inclusive até mesmo ferindo as leis morais do Decálogo, divulgadas pelo legislador hebreu Moisés e inseridas no livro bíblico O Êxodo.

Digno de consideração, igualmente, o fato de o texto dito condenatório da mediunidade afirmar categoricamente que o que estava na berlinda não era propriamente o intercâmbio em si, desde que só se pode proibir o que realmente existe. Exatamente o que verificamos é a condenação do fenômeno para fins divinatórios, porquanto necromancia é a invocação dos mortos para adivinhações e idolatrias, o que é também energicamente desaconselhado pelo Espiritismo. Vejam Isaías, 8: 20, ressaltando que os mortos devem se comunicar (“falando de acordo com esta palavra”), isto é, “conforme a lei e os mandamentos” ou “consoante com a instrução e o testemunho”. Não procedendo assim, “não poderão visualizar a luz”, continuando engolfados na escuridão da ignorância. O principal ensinamento de Isaías é de que a mediunidade deva ser exercida para o bem, principalmente visando o aprimoramento da humanidade e, caso seja utilizada para fins escusos, as consequências serão muito graves, vivenciando intenso sofrimento.

A prática da mediunidade exercida de forma equivocada era proibida pelo legislador hebreu Moisés, o qual aceitava e aclamava o intercâmbio com os espíritos esclarecidos, conforme exclamou: “Oxalá todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu espírito” (Números 11: 29).

O monarca Manassés, o 14º rei de Judá, era afeito à interação com entidades não esclarecidas e, arrependido, ouviu “as palavras dos videntes que lhe falaram em nome do Senhor, Deus de Israel” (2 Crônicas 33:18).

As evocações dos mortos pela legislação mosaica não eram impedidas quando exercidas de forma superior, sem vantagem financeira, sem associação à magia negra e à necromancia. Aliás, se fosse mesmo a mediunidade anatematizada na Bíblia, de forma alguma o próprio Moisés surgiria materializado, no alto monte, junto de Elias, ao lado de Jesus, estando Pedro, Tiago e João adormecidos e cedendo ectoplasma para que o fenômeno ocorresse (médiuns de efeitos físicos), conforme descreve o evangelista Lucas, no cap. 9, versículo 32. Interessante repetir que o próprio Moisés, aparecendo do além-túmulo, põe por terra a suposta oposição bíblica à mediunidade.

Algumas considerações devem ser ressaltadas. Primeiramente, se o legislador tivesse proibido a mediunidade em sua totalidade, abrangendo igualmente o intercâmbio superior, poderia também sua ordem ser questionada, desde que o Cristo não ratificou tudo quanto disse Moisés, provando que nem tudo o que veio do legislador judeu é divino, conforme os evangelistas Mateus e João apontam a seguir: “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra” (Mateus 5: 38-39). “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5: 43-44). “E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?” (João 8:4-5).

No caso de Saul, evocando o profeta Samuel, através da sensitiva de Endor, é importante enfatizar que o monarca estava preocupado com seus inimigos e solicitou uma comunicação mediúnica para fins divinatórios. Não tivera êxito através dos profetas de israel. Através das faculdades paranormais da inferior medianeira, o espírito Samuel lhe revela que ele e seus filhos, no dia seguinte, seriam mortos (1-Samuel 28:19

O motivo da condenação de Saul está bem claro, conforme enfatiza a entidade comunicante, dizendo que o rei desobedeceu às ordens do chamado “Senhor”. Portanto, o monarca foi punido, segundo a Bíblia, por desrespeito a esse “Senhor”. A mediunidade está livre de qualquer acusação. A punição de Saul não tem relação com o sublime intercâmbio mediúnico.

Embora a Bíblia enfaticamente declare a comunicação do Espírito Samuel, alguns setores dogmáticos, não desejando abrir os seus olhos para a presença marcante dos espíritos imortais, atribuem a causalidade do fenômeno ao chamado “diabo”, um ser criado à parte e que vive praticando o mal.

A Primeira Epístola de João, no cap. 4, versículo 1, afirma a mediunidade, revelando que se comunicam seres espirituais esclarecidos (“provêm de Deus”) e seres inferiores (“não deem crédito”).

É lamentável que, em respeito a dogmas, a ditados essencialmente humanos e falhos, frutos do obscurantismo religioso, ainda se mantenha, em nossa época, a determinação de se rejeitar o intercâmbio mediúnico, cuja realidade é mais uma prova da bondade e da misericórdia do Amoroso Pai, dando-nos a certeza de que os chamados “mortos” vivem e, com certeza, vibram conosco e estão a nossa espera. Deus é verdadeiramente Amor, como relata o apóstolo João (1ª Epístola 4:8).


Em Atos dos Apóstolos, há a afirmação de que os profetas receberam a lei por ministério de anjos, ou seja, através de mensageiros espirituais (cap. 7, versículo 53).

O profeta ou médium Joel já afirmava que o “Espírito” seria derramado sobre toda a carne, afiançando que os jovens teriam visões (vidência), os velhos sonhariam (fenômenos de emancipação da alma) e os filhos profetizariam, isto é, seriam intermediários das duas dimensões, a física e a espiritual. Relata Joel que até os servos e as servas receberiam o “Espírito”, o que caracteriza a mediunidade poder ser exercida por pessoas não cultas, o que foi verificado com Chico Xavier, Carmine Mirabelli, Zé Arigó, Eusápia Paladina, Anna Prado e outros.

BOX-4           Pujante Mediunidade dos Discípulos de Jesus

Importante a menção de que o “Dia de Pentecoste” se constituiu no mais expressivo fenômeno mediúnico de todos os tempos. Os discípulos, até então, indecisos e medrosos, após serem outorgados com a mediunidade psicofônica, foram possuídos por uma exuberante coragem, a ponto de proclamarem o Evangelho, sem temor, enfrentando bravamente os açoites, as perseguições e a prisão (Atos, cap. 2).

Uma verdadeira revolução espiritual se processou, através da mediunidade de incorporação, em Pentecoste: o Cristo, desde então, passou a estar em espírito com os seus discípulos – “Ficaram todos cheios de um Santo Espírito” (no idioma grego, “pneuma hágion” sem o artigo definido, traduz-se colocando o artigo indefinido). O termo certo, portanto, é “um Santo Espírito” e o que se verificou, em Pentecostes, foi a pujante mediunidade dos discípulos do Cristo.

Em Éfeso, Paulo, “O apóstolo dos Gentios”, desenvolveu o intercâmbio mediúnico dos discípulos que já tinham sido batizados por João Batista: “Impondo-lhes as mãos, veio sobre eles um ‘Santo Espírito’” (espíritos superiores). O texto é assaz esclarecedor: “e tanto falavam em línguas (fenômeno conhecido como xenoglossia) como profetizavam” (Atos 19:1-7). Houve a incorporação de entidades espirituais que, em transe mediúnico, discorriam em determinado idioma estrangeiro, em língua estranha ao conhecimento daqueles homens. Assim igualmente aconteceu no dia de Pentecostes, com todos os discípulos do Cristo.

BOX- 5        Mediunidade- Pedra Basilar do Cristianismo         

Anteriormente, Jesus, logo após a crucificação, completamente materializado, atestou o intercâmbio mediúnico, comunicando-se com os seus discípulos, em algumas oportunidades, ressaltando a sobrevivência do ser espiritual mergulhado no oceano da imortalidade e, consequentemente, sua materialização constituiu-se em pedra basilar do cristianismo.

O excelso Mestre é o maior exemplo da certeza da vida após a vida e da possibilidade de a dimensão extrafísica estar sintonizada com o mundo físico, porquanto, através do fenômeno da mediunidade de efeitos físicos, surgiu materializado, atestando a imortalidade, revelando a morte da morte, continuando a viver, “ressuscitando aos cânticos da manhã, no fulgor de um jardim” (Religião dos Espíritos – Emmanuel).

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