A britânica Liv Pontin conta que vinha pensando
sobre o suicídio havia algum tempo, após perder o emprego e enfrentar problemas
de saúde mental, que a levaram a ser internada para tratamento. Por isso,
decidiu que seu último dia de vida seria 24 de março de 2017.
Nesse dia resolveu ir à estação de trem de sua
cidade. Enquanto aguardava apreensiva na plataforma a passagem do trem, viu
surgirem as luzes do pesado veículo que fazia a rota entre Brighton, na costa
sul da Inglaterra, e Bedford,ao norte de Londres. O “maquinista” Ashley John é
quem estava conduzindo o comboio e notou que havia algo errado. De repente,
apareceu, do “nada”, um rosto de mulher e Ashley decidiu buzinar imediatamente.
Pontin se preparava para o salto nos trilhos.
Estava parada ali na plataforma, esperando e olhando, como se estivesse
paralisada, mas ao ouvir o estridente apito do trem, teve uma súbita mudança de
atitude. Liv recorda que foi uma questão de segundos. Aquilo a fez não dar o
último passo da plataforma para o trilho. Ashley parou na estação e avisou a
todos os passageiros que o trem aguardaria alguns minutos ali. Em passos
acelerados Ashley foi atrás de Liv Pontin, chamou-a e começaram a conversar.
Liv disse que a conversa que manteve com Ashley
salvou sua vida. Recorda-se que Ashley estava muito calmo e demostrava
genuinamente estar preocupado com ela. Ressaltou que isso fez uma enorme
diferença porque estava em profunda crise. Disse que naquela noite Ashley
salvou sua vida, pois quando alguém interage com você em meio a uma crise, você
volta para o momento presente. Uma das coisas mais estranhas sobre o que
aconteceu foi o fato de uma pessoa desconhecida ter me visto no pior momento de
minha vida e mudar os rumos do meu destino, confessou ela.
Nesta ocorrência supomos aceitável a interferência
espiritual (através de Ashley) em defesa da vida de Liv Pontin. Por isso, tal
episódio remeteu-me ao livro “Chico, de Francisco”, de autoria de Adelino da
Silveira, que narra sobre certa senhora que procurou Chico Xavier com uma
criança nos braços e lhe disse:
– Chico, meu filho nasceu surdo, mudo, cego e
sem os dois braços. Agora está com uma doença nas pernas e os médicos querem
amputar as duas para salvar a vida dele. Há uma resposta para mim no
Espiritismo?
Foi com a intervenção de Emmanuel que a
resposta veio:
– Chico, explique à nossa irmã que este nosso
irmão em seus braços se suicidou nas dez últimas encarnações, e pediu, antes de
nascer, que lhe fossem retiradas todas as possibilidades de se matar novamente.
Mas, agora que está aproximadamente com cinco anos, procura um rio, um
precipício para se atirar. Avise nossa irmã que os médicos amigos estão com a
razão. As duas pernas dele vão ser amputadas, em seu próprio benefício, para
que ele fique mais algum tempo na Terra, a fim de que diminua a ideia do
suicídio.
De todos os desvios da vida humana o suicídio
é, talvez, o maior deles pela sua característica de falso heroísmo, de negação
absoluta da lei do amor e de suprema rebeldia à vontade de Deus, cuja justiça
nunca se fez sentir, junto dos homens, sem a luz da misericórdia.
O suicídio é um ato exclusivamente humano [os
seres irracionais não cometem suicídio] e está presente em todas as culturas.
Suas causas são numerosas e complexas. Alguns veem o suicídio como um assunto
legítimo de escolha pessoal e um “direito” humano (de maneira absurda conhecido
como o “direito de morrer”), e alegam que ninguém deveria ser obrigado a sofrer
contra a sua vontade, sobretudo de condições como doenças incuráveis, doenças
mentais e idade avançada que não têm nenhuma possibilidade de melhoria.
Na verdade, cada suicídio é uma tragédia que
afeta famílias, comunidades e países inteiros. Em muitos países o tema é um
tabu – o que impede pessoas que tentaram se suicidar de procurar ajuda. Até
hoje, apenas alguns países incluíram a prevenção do suicídio em suas
prioridades de saúde e apenas 28 nações relataram ter uma estratégia nacional
de prevenção, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.
As estatísticas registram que a cada 40
segundos pelo menos uma pessoa morre por suicídio no mundo, totalizando quase
800 mil mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde. Especialistas
apontam que, em grande parte dos casos, há um histórico de transtornos mentais,
diagnosticados ou não: depressão, ansiedade, esquizofrenia, bipolaridade,
borderline (de comportamento impulsivo e compulsivo), entre outros, mas não é
possível reduzir o suicídio a uma única causa. A depressão causa uma disfunção
dos neurotransmissores do cérebro, e é parte de um conjunto de fatores
psicológicos, culturais, físicos e bioquímicos. Além da depressão há o
desespero, desamparo de grupo social, desesperança, desemprego, divórcio e
dependência química.
Do pondo de vista Espírita, uma situação grave
que merece ser analisada é a obsessão, que pode ser definida como um
constrangimento que um indivíduo, suicida em potencial ou não, sente pela
presença perturbadora de um obsessor (encarnado ou desencarnado). Há suicídios
que se afiguram como verdadeiros assassinatos, cometidos por perseguidores
desencarnados (e encarnados também). Esses seres envolvem de tal forma a vítima
que a induzem a se matar. Obviamente que o suicida nesse caso não estará isento
de responsabilidade, até porque um obsessor não obriga ninguém ao suicídio. Ele
sugere telepaticamente o ato, porém a decisão será sempre do suicida.
Na literatura espírita encontramos livros que
refletem o assunto. Temos como exemplo: “O Martírio dos Suicidas”, de Almerindo
Martins de Castro, e “Memórias de um Suicida”, ditado pelo Espírito Camilo e
psicografado por Yvonne A. Pereira.
Toda experiência física, por penosa que seja, é
uma benção concedida por Deus para nosso crescimento, a benefício de nossa
reparação dos enganos do passado, aprendizado e evolução a que somos
destinados. E por isto não devemos desperdiçar a chance que nos foi outorgada
mais uma vez, porém aproveitá-la, valendo-nos dos preceitos que Jesus nos
deixou para que aprendêssemos a nos amar, respeitando nossas vidas, nossos
limites e oportunidades, para então podermos amar a nosso próximo como a nós
mesmos.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item
14 instrui que a calma e a resignação adquiridas na maneira de encarar a vida
terrena, e a fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor
preservativo da loucura e do suicídio. E na questão 920, de O Livro dos
Espíritos, lemos que a vida na Terra nos foi dada como prova e expiação, e
depende de nós mesmos lutarmos, com todas as forças, para sermos felizes o
quanto pudermos, amenizando as nossas dores.
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