Vamos
a alguns exemplos, utilizando as metáforas propostas:
(...) e, semeando, uma parte da semente caiu
ao longo do caminho e os pássaros do céu vieram e a comeram.
“Ao longo do caminho” representa os constantes
momentos que fazem parte da nossa vida habitual, na qual estamos distraídos, ou
mesmo atendendo apenas as circunstâncias ordinárias de nossas vidas. Acordamos
de manhã, saímos para trabalhar, voltamos, almoçamos, voltamos para casa,
comemos, conversamos, nos preocupamos, planejamos o dia seguinte, dormimos.
Amanhã... repete-se a rotina. Enquanto isso, em torno de nós, “ao longo do
caminho” inúmeras sementes de oportunidades para uma vida mais rica. O sol que brilha
permanente, mas que está invisível aos nossos olhos está sempre lá, mas parece
não existir. Pessoas que se aproximam de nós, porém como não temos tempo, não
lhes damos atenção. Convites da vida que chegam como sementes permanentes na
forma de novidades. Outra semente para a qual não nos atentamos é o simples
fato de acordarmos com boa ou relativa saúde todos os dias, podermos nos
movimentar, respirar, contarmos com boa imunidade que nos permite circular pelo
mundo, entre outras pessoas, e continuarmos saudáveis na maior parte de nossa
existência.
“Ao longo do caminho” os pássaros do céu vêm e
comem, ou seja, não ficam percebidas ou aproveitadas por nós. São riquezas
presentes, porém não verificadas como tal, a não ser que venham a nos faltar.
Nossas pernas, por exemplo, somente são percebidas e valorizadas quando por
ocasião de alguma dor ou limitação de movimento. Saúde física e mental são
sementes que o semeador nos dá diariamente, mas “ao longo do caminho” não são
notadas no valor que apresentam.
Outra parte caiu em lugares pedregosos onde não
havia muita terra; as sementes logo brotaram, porque carecia de profundidade a
terra onde haviam caído. Mas, levantando-se, o Sol as queimou e, como não
tinham raízes, secaram.
Nesse ponto encontraremos já um pouco “de
terra” no terreno da semeadura. As sementes chegam a brotar, mas como a terra
carece de profundidade, não resistem à intensidade do sol e, assim também por
não terem raízes, secam. Por ser pouca, a terra não enraíza.
Que circunstâncias da vida podem estar
representadas nesse trecho da parábola do semeador?
Ocorrem-me vários, mas detenho-me na questão
dos relacionamentos.
Amizades com “pouca terra” e sem raízes.
Assistimos o que as pessoas chamam de relações
afetivas, boa parte destas não resistem “à intensidade do sol”. Este representa
o calor das discussões e conflitos.
Pelas redes sociais, e vias virtuais de
comunicação vemos muito isso. Estabelecem-se contatos que chegam a durar um
pouco, como se tivessem intensidade ou promissores vínculos, no entanto, bastam
algumas agruras, ou dificuldades para que desaparecem da mesma forma que
surgiram. São relações que não deixam sequer memória, aquelas que em algumas
semanas as pessoas já não lembram os nomes umas das outras.
Vivemos uma época propícia a isso. Relações
descartáveis e de curta duração. Na verdade, são “não-relações” porque não
criam raízes e, portanto, não permanecem.
continua...
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