Conta-se que o poeta e humorista romano Juvenal
(100 d.C) esboçou pela primeira vez que o povo precisava “de pão e de circo”
para que tudo ficasse bem. Baseava-se quem sabe no provérbio Taoista que infere
“quanto mais instruído o povo, tanto mais difícil de o governar...”. Essas
reflexões bem que poderiam ser bordões das realidades atuais. Cabem como luva.
O
Carnaval, tanto qualquer efeméride, gera uma repentina mudança de atitude nos
costumes. Nesse caso em particular passa a circular uma energia que impulsiona
ao transbordamento de uma alegria que parecia retida sob os nós das gravatas e
dentro de sapatos apertados. Uma multidão sai ás ruas como se não existisse o
amanhã, ou não quisesse que existisse. Sob esse aspecto denuncia a política pão
e circo que configura a lamentável qualidade de vida da maioria cada vez maior
de pessoas que lotam as avenidas e clubes das cidades.
Por
outro lado, a vida não deve ser apenas a correria que ameaça a tranquilidade e
a saúde das populações. Há de ter-se um alento. Pode ser saudável se houver a
compreensão que soltar a alegria não faz mal e até faça bem. Brincar é um verbo
que alimenta a vida, desperta a criança adormecida, traz o sorriso para a face.
Considerando o lazer e o prazer, sem os excessos que propiciam a violência e a
irresponsabilidade, o Carnaval pode se instituir em um portal que ajude na
retomada de dias melhores, descansando o estresse.
Espiritualmente
cada pessoa guarda uma estreita relação com as sintonias, as quais se permita.
Numa mesma multidão haverá quem carregue consigo apenas o ensejo da diversão,
enquanto outro se candidate à intriga gratuita, daí a importância de saber escolher
as companhias que nos ladeiam, numa alusão ao ditado popular: “diz-me com quem
andas...”.
A
Doutrina Espírita não incentiva nem condena o Carnaval. Os conhecimentos que
exibe a respeito das interferências que se estabelecem entre as mentes servem
para qualquer momento da vida. Sabe-se que quando se agrupam, as pessoas são
mais vulneráveis às influências espirituais, mas isso serve para o bem ou para
o mal. Seguramente e parafraseando o saudoso amigo Mário Kaula (este por sua
vez parodiando Caetano Veloso) “atrás do trio elétrico TAMBÉM vai quem já
morreu”. Porfia-se depois da desencarnação nos hábitos que permeou aquelas
realidades terrenas. É possível a alegria sem a obrigatoriedade de tais
vinculações, cada pessoa sabe de si e não é possível arrazoar ou criticar a
postura de quem quer que seja.
A
expectativa de uma vida melhor, no entanto passa ao largo da folia, da dança e
da festa. Certo que precisamos adotar uma postura de criança na alma. Eleger a
brincadeira como a melhor forma de resolver as dificuldades da vida. Ser
criança sem ser infantil, condição que deve apenas se adotar nos primeiros anos
da vida. Cabe ser adulto e manter a criança acesa nas incursões difíceis dos
nossos dias. Assim não sendo a Alegria do Carnaval promete apenas depois da
Folia, as Cinzas do arrependimento. A existência é uma grande avenida onde
desfilamos sem platéias e carregamos individualmente o nosso estandarte de
aprendizados colecionados pelas experiências, cuja consciência é o grande juiz.
Muito bom!! Exatamente como penso!!
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