sábado, 16 de março de 2019

QUANTO VALE A LAMA?


          

 
           Definida como “conjunto de matérias soltas do solo ensopadas em água” (Dicionário Priberam.org), a lama é uma espécie de argamassa que designa vários tipos de sedimentos e possui serventias relacionadas com a sua natureza intrínseca representada pelas substâncias de sua composição. Natural ou artificialmente produzida ocupa espaço na superfície.

          A Medicina, a Botânica, a Arqueologia, a Engenharia e até Praticas Espirituais guardam relação com o uso da lama em suas práticas. A ambição humana também quando associada à negligência à vida do próximo engendrada como mecanismo de enriquecimento de alguns submetendo muitos a uma escravidão disfarçada. Geralmente nesse tipo de lama os porcos, animais que merecem o nosso respeito pelos benefícios que nos traz na cadeia alimentar, não chafurdam, mas cria uma piscina para alimentar a desigualdade e confundir os conceitos de ganhar dinheiro com gerar riquezas, duas grandezas muito diferente entre si.
          A presença da lama, quando resultado de convulsões naturais como tsunamis, tempestades, furacões ou erupção de vulcões produzem vítimas que falecem e outras que choram os que partiram, mas traz uma onda de compaixão que aproxima os seres numa atitude genuína de pura fraternidade. A lama da ganância por “lucros sob quaisquer hipóteses” acende os piores sentimentos de revolta e desvalia capazes de competir com o senso de solidariedade aos milhares de vitimados que perdem vida, amores e haveres. O acidente natural pode ser considerado uma tragédia ambiental enquanto a ocorrência artificial se constitui simplesmente em um crime contra a pessoa e o meio ambiente.
          Jesus fala do homem que construiu a sua casa em terreno arenoso e outro que a edificou sobre um alicerce em uma rocha (Lucas VI; 46 a 49). Sabe-se que ele falava da construção da casa espiritual, para qual cada um dispõe dos materiais que melhor julga para a sua construção. A direção da mensagem do Mestre não parece ser valorativa ao acúmulo de dinheiro e lama nas mãos e grave engano comete quem julga que abraça a felicidade quando deixa atrás de si os rastros da pobreza e da destruição da existência e dos sonhos da grande maioria da população do planeta. Mesmo que esses utilizem de suas falsas crenças espirituais para enganar o mundo. Se for lama que produzem espiritualmente, essa a substância que edificará a sua casa, pois conhecer a verdade liberta como asseverou Jesus, mas fingir conhecê-la é atestado de pobreza que se sobrepõe a todas as outras formas de pobreza.
          Definitivamente não é ao outro que fazemos mal, apesar do mal que tantas vezes parece que fazemos aos outros. O Espírito é prisioneiro de suas ações. Precisamos nos indignar e mostrar a cara, diante do senso destruidor que merge como um “monstro da lagoa”, como canta Chico Buarque em  Cálice – 1978 e levantarmos da “arquibancada” diferente do que faziam os romanos enquanto cristãos eram torturados nas arenas.
          Mais que passou da hora daqueles que buscam o bem e a paz se fazerem presentes ao chamado de mudança, especialmente aqueles que não estão acossados pela fome e infortúnios sociais. Questionados por Allan Kardec sobre a causa da hegemonia na Terra dos maus e poderosos (LE q. 932), os Espíritos respondem: “pela fraqueza dos bons...”

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