Definida
como “conjunto de matérias soltas do solo ensopadas em água” (Dicionário
Priberam.org), a lama é uma espécie de argamassa que designa vários tipos de
sedimentos e possui serventias relacionadas com a sua natureza intrínseca
representada pelas substâncias de sua composição. Natural ou artificialmente
produzida ocupa espaço na superfície.
A
Medicina, a Botânica, a Arqueologia, a Engenharia e até Praticas Espirituais
guardam relação com o uso da lama em suas práticas. A ambição humana também
quando associada à negligência à vida do próximo engendrada como mecanismo de enriquecimento
de alguns submetendo muitos a uma escravidão disfarçada. Geralmente nesse tipo
de lama os porcos, animais que merecem o nosso respeito pelos benefícios que
nos traz na cadeia alimentar, não chafurdam, mas cria uma piscina para
alimentar a desigualdade e confundir os conceitos de ganhar dinheiro com gerar
riquezas, duas grandezas muito diferente entre si.
A
presença da lama, quando resultado de convulsões naturais como tsunamis,
tempestades, furacões ou erupção de vulcões produzem vítimas que falecem e
outras que choram os que partiram, mas traz uma onda de compaixão que aproxima
os seres numa atitude genuína de pura fraternidade. A lama da ganância por
“lucros sob quaisquer hipóteses” acende os piores sentimentos de revolta e
desvalia capazes de competir com o senso de solidariedade aos milhares de
vitimados que perdem vida, amores e haveres. O acidente natural pode ser
considerado uma tragédia ambiental enquanto a ocorrência artificial se
constitui simplesmente em um crime contra a pessoa e o meio ambiente.
Jesus
fala do homem que construiu a sua casa em terreno arenoso e outro que a
edificou sobre um alicerce em uma rocha (Lucas VI; 46 a 49). Sabe-se que ele
falava da construção da casa espiritual, para qual cada um dispõe dos materiais
que melhor julga para a sua construção. A direção da mensagem do Mestre não
parece ser valorativa ao acúmulo de dinheiro e lama nas mãos e grave engano
comete quem julga que abraça a felicidade quando deixa atrás de si os rastros
da pobreza e da destruição da existência e dos sonhos da grande maioria da
população do planeta. Mesmo que esses utilizem de suas falsas crenças
espirituais para enganar o mundo. Se for lama que produzem espiritualmente,
essa a substância que edificará a sua casa, pois conhecer a verdade liberta
como asseverou Jesus, mas fingir conhecê-la é atestado de pobreza que se
sobrepõe a todas as outras formas de pobreza.
Definitivamente
não é ao outro que fazemos mal, apesar do mal que tantas vezes parece que
fazemos aos outros. O Espírito é prisioneiro de suas ações. Precisamos nos
indignar e mostrar a cara, diante do senso destruidor que merge como um
“monstro da lagoa”, como canta Chico Buarque em
Cálice – 1978 e levantarmos da “arquibancada” diferente do que faziam os
romanos enquanto cristãos eram torturados nas arenas.
Mais
que passou da hora daqueles que buscam o bem e a paz se fazerem presentes ao
chamado de mudança, especialmente aqueles que não estão acossados pela fome e
infortúnios sociais. Questionados por Allan Kardec sobre a causa da hegemonia
na Terra dos maus e poderosos (LE q. 932), os Espíritos respondem: “pela
fraqueza dos bons...”
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