terça-feira, 12 de março de 2019

REFLEXÕES SOBRE A PARÁBOLA DO SEMEADOR - PARTE IV


 

Aquele que recebe a semente entre espinheiros é o que ouve a palavra; mas em quem, logo, os cuidados deste século e a ilusão das riquezas abafam aquela palavra e a tornam infrutífera.

Ainda no campo dos relacionamentos afetivos o conjunto de exemplos da “semente entre espinheiros” são inumeráveis. Onde as encontramos?

O que enraíza uma relação verdadeira é a presença do amor. Sem amor não há raiz.


Vínculos ocasionais podem parecer promissores pela beleza, pelos interesses da vida material. Entretanto, para muitos a semente do amor se faz presente em suas vidas. Uma pessoa se envolve com outra amorosamente, nutrem-se mutuamente sentimentos legítimos e comprometem-se de verdade. “Ouvir a palavra” no dizer de Jesus pode ser entendido como uma experiência de quem entra em contato com o sentimento legítimo da amorosidade. No exemplo que hora estamos tomando, referimo-nos ao amor relacional de duas pessoas que se enamoram. Mas, podemos ampliar para outros exemplos também, como veremos. Porém, ainda nesta reflexão, observamos frequentemente que embora um casal possa estar envolvido com certa profundidade, se a estrutura interna desses for comparável a “espinheiros”, ou seja, sem o devido enraizamento, as “ilusões das riquezas” e todas as ofertas de prazeres da vida comum, como sensualidade, cobiças variadas, desejos insaciáveis, ambientes permissivos e falta de capacidade de se contentar com os limites de um bem estar satisfatório, acabarão “abafar” a experiência e torná-la “infrutífera”, conforme ensinava Jesus. São as relações que sucumbem diante do convite dos sentidos para a festa ilusória das sensações humanas.

Em outra ponta, podemos pensar também nas situações de todas as pessoas que se aproximam de um trabalho espiritual e que se sentem identificadas com os benefícios da realidade espiritual. Quantos há que aderem ao estudo, frequência e trabalho em uma instituição Espírita, por exemplo, e que se motivam bastante nos primeiros tempos. Tornam-se mesmo trabalhadores, divulgadores e melhoram suas condições internas na relação com os outros e consigo mesmas. No entanto, são tantas as situações que podem “abafar a palavra”. No transcorrer do tempo surgem desafios, dificuldades, contratempos, relações difíceis dentro da instituição, ou mesmo tentações sedutoras que desmontam a coerência dos propósitos iniciais. A semente do trabalho com Jesus já estava presente, mas caiu “entre espinheiros”, não havia raízes fortes, e o trabalhador inicial sucumbe sem conseguir fazer germinar os frutos.

Mas, felizmente há os que apresentam a “terra boa”.

Outra, finalmente, caiu em terra boa e produziu frutos, dando algumas sementes cem por um, outras sessenta e outras trinta. Ouça quem tem ouvidos de ouvir...

Aquele, porém, que recebe a semente em boa terra é o que escuta a palavra, que lhe presta atenção e em quem ela produz frutos, dando cem ou sessenta, ou trinta por um.”


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