Aquele que recebe a semente entre espinheiros é
o que ouve a palavra; mas em quem, logo, os cuidados deste século e a ilusão
das riquezas abafam aquela palavra e a tornam infrutífera.
Ainda no campo dos relacionamentos afetivos o
conjunto de exemplos da “semente entre espinheiros” são inumeráveis. Onde as
encontramos?
O que enraíza uma relação verdadeira é a
presença do amor. Sem amor não há raiz.
Vínculos ocasionais podem parecer promissores
pela beleza, pelos interesses da vida material. Entretanto, para muitos a
semente do amor se faz presente em suas vidas. Uma pessoa se envolve com outra
amorosamente, nutrem-se mutuamente sentimentos legítimos e comprometem-se de
verdade. “Ouvir a palavra” no dizer de Jesus pode ser entendido como uma
experiência de quem entra em contato com o sentimento legítimo da amorosidade.
No exemplo que hora estamos tomando, referimo-nos ao amor relacional de duas
pessoas que se enamoram. Mas, podemos ampliar para outros exemplos também, como
veremos. Porém, ainda nesta reflexão, observamos frequentemente que embora um
casal possa estar envolvido com certa profundidade, se a estrutura interna
desses for comparável a “espinheiros”, ou seja, sem o devido enraizamento, as
“ilusões das riquezas” e todas as ofertas de prazeres da vida comum, como
sensualidade, cobiças variadas, desejos insaciáveis, ambientes permissivos e
falta de capacidade de se contentar com os limites de um bem estar
satisfatório, acabarão “abafar” a experiência e torná-la “infrutífera”,
conforme ensinava Jesus. São as relações que sucumbem diante do convite dos
sentidos para a festa ilusória das sensações humanas.
Em outra ponta, podemos pensar também nas
situações de todas as pessoas que se aproximam de um trabalho espiritual e que
se sentem identificadas com os benefícios da realidade espiritual. Quantos há
que aderem ao estudo, frequência e trabalho em uma instituição Espírita, por
exemplo, e que se motivam bastante nos primeiros tempos. Tornam-se mesmo
trabalhadores, divulgadores e melhoram suas condições internas na relação com
os outros e consigo mesmas. No entanto, são tantas as situações que podem
“abafar a palavra”. No transcorrer do tempo surgem desafios, dificuldades,
contratempos, relações difíceis dentro da instituição, ou mesmo tentações
sedutoras que desmontam a coerência dos propósitos iniciais. A semente do
trabalho com Jesus já estava presente, mas caiu “entre espinheiros”, não havia
raízes fortes, e o trabalhador inicial sucumbe sem conseguir fazer germinar os
frutos.
Mas, felizmente há os que apresentam a “terra
boa”.
Outra, finalmente, caiu em terra boa e produziu
frutos, dando algumas sementes cem por um, outras sessenta e outras trinta.
Ouça quem tem ouvidos de ouvir...
Aquele, porém, que recebe a semente em boa
terra é o que escuta a palavra, que lhe presta atenção e em quem ela produz
frutos, dando cem ou sessenta, ou trinta por um.”
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