O aparecimento de seres espirituais, em
determinados momentos, sendo vistos por mais de uma pessoa, é um dos mais
expressivos fenômenos mediúnicos de efeitos físicos, exemplificados na Bíblia e
na Doutrina Espírita.
Esse sublime acontecimento não é observado nos
templos das religiões dogmáticas. Contudo, nos arraiais espiritistas, além da
constatação do fato, há explicação de como ocorre, desde que Jesus prometera
que o Consolador que o Pai enviaria em seu nome nos ensinaria todas as coisas,
além de nos lembrar de tudo o que ele disse (João 14:25-26).
O Cristo sabia que não podia explicar tudo, em
uma época em que a falta de amadurecimento espiritual era marcante e suas
revelações não seriam compreendidas. Além da possibilidade da carência de
vivência por parte da humanidade do que ele instruiu, considerava ser possível
as distorções que suas excelsas palavras sofreriam no curso dos séculos.
Em 1857, na França, berço de magnânimos
luminares, o Consolador, O Espírito da Verdade, surgiu, proporcionando a queda
dos véus do obscurantismo religioso dogmático, explicando para quem “têm olhos
e ouvidos para ouvir” que os mistérios foram extintos e a verdade, ensinada por
Jesus, seria conhecida, sem alegorias, sem interpretações literais bíblicas,
proporcionando a libertação espiritual paulatina da criatura.
Portanto, “longe de negar ou destruir o
Evangelho, o Espiritismo vem, ao contrário, confirmar, explicar e desenvolver,
pelas novas leis da Natureza que ele revela, tudo quanto o Cristo disse e fez”
(Revista Espírita de setembro de 1867, Caracteres da Revelação Espírita, item
41).
Pois bem, fenômenos marcantes são descritos em
O Novo Testamento, os quais nunca foram reproduzidos para os que se denominam
“salvos”, enquanto o Espiritismo os conhece muito bem. O Mestre Jesus leva
consigo, a um alto monte, à noite, os discípulos Pedro, Tiago e João, médiuns
de efeitos físicos, doadores de energias magnéticas, conhecidas também por
ectoplasma (“uma pasta flexível, à maneira de uma geleia viscosa e semilíquida,
que emana por todos os poros e orifícios naturais, particularmente da boca,
narinas, ouvidos, além do tórax e extremidades dos dedos do médium” – Nos
Domínios da Mediunidade, André Luiz).
A
transfiguração de Jesus
Um acontecimento sublime se verifica, naquele
momento, quando o Cristo se transfigura, irradiando incomensurável luz,
clareando tudo ao redor, fazendo com que a escuridão, de repente, se esvaísse,
fazendo com que o dia, embora fugaz, surgisse naquela escura e fria noite da
Galileia: “Sua face brilhou como o sol, e suas roupas se tornaram brancas como
a luz”.
As
materializações de Moisés e Elias
Logo após o final da transfiguração, novamente
as sombras da noite retornaram. Contudo, apareceram materializados dois
seareiros do Antigo Testamento, dois mortos que ressurgiram, completamente
luminosos, outra vez clareando o ambiente, fazendo com que os médiuns
acordassem do transe (“premidos de sono”) e verificassem a presença gloriosa de
Moisés e Elias, atestando que não existe a morte como evento de desaparecimento
do ser espiritual, já que está revestido da imortalidade. Afinal, os dois
gloriosos profetas foram reconhecidos por todos, chegando ao ponto de Pedro
desejar edificar três tendas para que esses varões recém-chegados pudessem se
abrigar junto com Jesus (Mateus 17:1-4).
Insofismável, portanto, a realidade espiritual,
sabendo os leitores desse importante e abençoado jornal que seus parentes e
amigos já desencarnados estão igualmente bem vivos e assim como os discípulos
constataram que dois mortos ilustres, voltando de outra dimensão, ali se
encontravam, o encontro com nossos falecidos, igualmente, acontecerá quando
deixarmos a vibração física, participando, na dimensão extrafísica,
verdadeiramente de uma festa espiritual. O contrário acontece quando
reencarnamos, os parentes e amigos sofrem com a separação e com a possibilidade
de passarmos pelas provas e expiações com insucesso.
Segundo
Jesus, o espírito de Elias reencarnou como João Batista
Após o término da sessão mediúnica, no alto
monte, retornando os profetas à pátria espiritual, os discípulos, sabendo que
estava predito que Elias voltaria para preparar o caminho de Jesus, perguntaram
ao Mestre se era mister que Elias viesse primeiro (Mateus 17: 10). Jesus,
respondendo, disse-lhes: “Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram,
mas fizeram-lhe o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do
homem” (Mateus 17: 12). E, em seguida, conclui o evangelista: “Então entenderam
os discípulos que lhes falara de João Batista” (Mateus 17: 13). Insofismável a
reencarnação do espírito Elias como João Batista, desde que o próprio Cristo
assim o afirmou explicitamente. Queiram ou não os adeptos do dogmatismo, Jesus
atestou a doutrina da reencarnação.
Fenômeno
da “Voz Direta”
Como acontece habitualmente nas reuniões de
ectoplasmia, onde se verifica o aparecimento de luz intensa e aparecimento de
objetos, é descrito, no Evangelho, que uma “nuvem luminosa” envolveu a todos e
uma voz vinda da nuvem se fez audível: “Este é meu filho amado, em quem me
comprazo: a ele ouvi”.
Para os estudiosos espíritas ou mesmo os que se
dedicam especialmente aos fenômenos de efeitos físicos, o que aconteceu é
denominado de “voz direta” ou “pneumatofonia”, consistindo em sons vocais,
provindos da espiritualidade, imitando a voz humana e ocorrendo quase sempre
espontaneamente (O Livro dos Médiuns, cap. XII).
A “voz direta”, igualmente, é apontada em Atos
9:7, na sublime conversão de Paulo, na estrada de Damasco, quando as pessoas
que acompanhavam o “Discípulo dos Gentios” ouviram uma voz e pararam
emudecidos, não vendo ninguém. Tratou-se de um singular “fenômeno de voz
direta”.
Em certa ocasião, respondendo a Jesus, “uma voz
do céu foi ouvida pela multidão ali presente, que achava ter havido um trovão.
Outros diziam: foi um anjo que lhe falou”. Trata-se novamente da
“pneumatofonia” (João12:28). Então, o Mestre explicou que a voz veio por causa
da multidão: “Não veio esta voz por amor de mim, mas por amor de vós” (João
12:30). O Cristo esclarece a todos que a realidade mediúnica tem a finalidade
de fortalecer aos que têm fé e confundir, como também abalar, os orgulhosos e
incrédulos.
Outros
fenômenos de efeitos físicos em O Novo Testamento
Em Atos 12:7-9, é anunciada mais uma ocorrência
de materialização, quando o apóstolo Pedro se encontrava encarcerado, sob a
vista de dezesseis soldados, acorrentado com duas candeias. De imediato, surge
materializada uma entidade e uma luz ilumina a prisão (Atos 12:4-7). A Doutrina
Espírita confirma o Evangelho, porquanto a emissão de claridade intensa é
também observada nas reuniões espíritas de ectoplasmia.
Os textos evangélicos são marcantes: “E eis que
sobreveio o anjo do Senhor, e resplandeceu uma luz na prisão; e, tocando a
Pedro na ilharga, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das
mãos as cadeias. E disse-lhe o anjo: Cinge-te, e ata as tuas alparcas. E ele
assim o fez. Disse-lhe mais: Lança às costas a tua capa, e segue-me. E, saindo,
o seguia. E não sabia que era real o que estava sendo feito pelo anjo, mas
cuidava que via alguma visão. E, quando passaram a primeira e segunda guarda,
chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si
mesma; e, tendo saído, percorreram uma rua, e logo o anjo se apartou dele. E
Pedro, tornando a si, disse: Agora sei verdadeiramente que o Senhor enviou o
seu anjo, e me livrou da mão de Herodes, e de tudo o que o povo dos judeus
esperava” (Atos 12: 7-11).
Marcante o fato de o discípulo ter sido
acordado pela entidade, o que ressalta, à luz da verdade que liberta, que ele
se encontrava dormindo, certamente em transe, cedendo ectoplasma, responsável
pela transcendente aparição. Logo que foi desperto, Pedro foi conduzido pelo
espírito para a rua, passando pelas sentinelas e pelo portão de ferro que se
lhes abriu automaticamente. O ser extrafísico se apartou do discípulo que,
imediatamente, “caiu em si”, isto é, compreendendo então o que se passava.
Estava realmente em estado de transe mediúnico.
Importante frisar que “pelo espírito que
testifica”, “anjo” quer dizer “mensageiro espiritual” e, pelo literalismo, “a
letra que mata”, indica injustamente um ser criado à parte na criação.
Em Atos dos Apóstolos (16:23-28), mais um
fenômeno de efeitos físicos ocorreu no local onde se encontravam presos Paulo e
Silas, com os pés amarrados no tronco. “E, perto da meia-noite, Paulo e Silas
oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam. E de repente
sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e
logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos. E,
acordando o carcereiro, e vendo abertas as portas da prisão, tirou a espada, e
quis matar-se, cuidando que os presos já tinham fugido. Mas Paulo clamou com
grande voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos”.
Digno
ressaltar que Pedro e Silas não se achavam em transe, cedendo ectoplasma,
porquanto, naquele momento, estavam orando e entoando hinos. Exatamente, o
fenômeno ocorreu através do carcereiro, o qual, segundo o evangelho, permanecia
adormecido. Sob à luz da Terceira Revelação Divina à Humanidade, o homem
certamente possuía mediunidade de efeitos físicos e, portanto, se encontrava em
transe e foi o responsável pelo o que aconteceu.
O
exemplo de Jesus, materializado diante de Tomé e deixando-se tocar por ele,
comprova que a mediunidade existe efetivamente, revelando-nos que a vida
continua após a vida; portanto, os mortos vivem e a Doutrina Espírita reafirma
e assegura essa verdade.
Fontes bibliográficas:
Revista
Espírita de setembro de 1867, Caracteres da Revelação Espírita, item 41 – Allan
Kardec
Nos
Domínios da Mediunidade, André Luiz, psicografia Francisco Cândido Xavier
O
Livro dos Médiuns, cap. XII – Allan Kardec
A
Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida
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