Há 12 anos, para encantamento de alguns
“espíritas”, aprovou-se, na Câmara dos Deputados, em caráter conclusivo, o
Projeto de Lei nº 291, de 2007, que “dispõe sobre a criação do Dia Nacional do
Espiritismo” (“hein…”? humm…!!!), sem força de feriado, dispensando, portanto,
os que tributam culto a outras religiões, da obrigatoriedade quanto à
homenagear Kardec com os que professam e praticam a doutrina espírita. (Ufa,
ufa…!!!!).
Há 12 anos, sim, há 12 anos, a febre para os
dias comemorativos ao Espiritismo começou a se espalhar pelos rincões
tupiniquins: Vejamos, o projeto apresentado pela Assembleia paraibana, propôs a
criação de 18 de abril como “Dia Estadual do Espírita” (hã…?), que se
transformou em Lei, sancionada pelo governador instituindo a data no Calendário
Oficial do Estado da Paraíba, conforme Lei nº 8.251, de 20 de junho 2007,
publicada no Diário Oficial do Estado, em 21 de junho de 2007. Com misso já
vislumbramos a direção das enxurradas de datas comemorativas que estão por vir.
Vamos pensar um pouco! Será que o Espiritismo
precisa ocupar espaços “com mais liberdade” num dia especificamente consagrado,
por força de um projeto de lei? Há os
que dizem que com tais projetos, o Espiritismo não mais será alvo de
“perseguições”, como aconteceu em recuadas épocas. Mas, antes de qualquer
consideração sobre o assunto (projeto-de-lei), peculiar e supérfluo aos
objetivos doutrinários, teceremos breves comentários sobre o Parlamento
brasileiro.
Entre os idos de 1999 e 2007, mais de 30
(trinta) proposições foram aprovadas, no Parlamento brasileiro, criando datas
comemorativas. Nas legislaturas recentes, outras dezenas de projetos foram
apresentados com essa finalidade. Enquanto as reformas essenciais se arrastam
há muitos anos, os parlamentares demonstram inimagináveis arroubos de
inventividade, quando o tema é a aprovação de datas memoráveis.
Não é de hoje que a instituição de datas tem
grande apelo entre os parlamentares brasileiros. Para se ter uma ideia, eis
algumas datas propostas, e muitas já aprovadas: “Dia Nacional do Frevo” – “Dia
Nacional de Reflexão do Cantando as Diferenças” – “Dia Nacional do Ciclista” –
“Dia da Televisão”- “Dia Nacional do Líder Comunitário” – “Dia Nacional do
Forró” – “Dia Nacional do Poeta” – “Dia Nacional do Despachante Documentalista”
– “Dia Nacional do Guarda Municipal” – “Dia Nacional do Doador Voluntário de
Medula Óssea”, e assim vai a fanfarra das comemorações sobre pêndulos da
insensatez, nas plagas da ainda terra brasilis.
Em pesquisa feita no Centro de Documentação e
Informação da Câmara dos Deputados, verificamos que, no interregno de 1999 a
2007, os deputados aprovaram 609 projetos de lei e projetos de lei
complementar. Desse total, 337 foram apresentados por parlamentares, 218 pelo
governo e 54 por outros órgãos. Dentre os projetos aprovados no período, de
autoria dos parlamentares, cerca de 10% tratam da instituição de dias
comemorativos no calendário nacional. Muitas das propostas (perdem o sentido)
chegam a ser curiosas, ou mesmo extravagantes, por isso, são arquivadas.
Vejamos algumas delas: No segundo mandato do Presidente Fernando Henrique
Cardoso (1999-2002), os exemplos de criatividade foram muitos. Havia projetos
para a instituição do “Dia Nacional da Umbanda”, “Dia da Inovação”, “Dia do
Cozinheiro”, “Dia Nacional do Taxista”, “Dia da Legalidade”, “Dia Nacional do
Prefeito”, “Dia do Presidente da República”, “Dia Nacional da Reflexão
Política” e “Dia Nacional do Perdão”.
E as “pérolas” continuaram cultivadas no
primeiro mandato do Presidente Lula (2003-2006), pois havia projetos, propondo
o “Dia Nacional da Verdade”, “Dia da Esperança”, “Dia Nacional da Gratidão”,
“Dia Nacional da Caridade”, “Dia do Sono”, “Dia Nacional do Macarrão”, “Dia
Nacional do Pescador”, “Dia Nacional do Teste do Pezinho”, “Dia Nacional da
Voz” e “Dia Nacional da Capoeira”.
É verdade que o Brasil é a maior nação espírita
da atualidade; que a Doutrina atende de maneira especial à demanda de milhões
de brasileiros, ávidos por respostas às suas dúvidas e anseios espirituais, Que
o Espiritismo é responsável por inúmeras obras de assistência social que,
reconhecidamente, auxiliam inúmeras comunidades carentes em todo o País, é a
pura verdade, sim, mas e daí?
Cremos que o centro espírita, ao invés de ficar
comemorando e/ou, idolatrando nomes e datas festivas, tem que funcionar como um
pronto-socorro espiritual, em favor das almas em desalinho, e, não, uma escola
de fantasias e ilusões. O Centro tem que estar preparado para acolher um grupo
cada vez mais numeroso de curiosos e de pessoas instáveis, aguilhoadas nas
algemas de suas próprias defecções morais, e que estão nos abismos obscuros da
ignorância.
Quanto aos defensores da ideia do “Dia Nacional
do Espiritismo”, nada obsta que lhes despertemos a consciência, quanto ao que
já temos advertido ao público. O Espiritismo nos traz uma nova ordem religiosa,
que precisa ser preservada. É a resposta sábia das dimensões elevadas do além
às indagações íntimas da criatura aflita na Terra, conduzindo-a ao encontro do
Criador. Por essa razão, precisamos blindá-lo da soberba dos espíritas “oba-oba”,
com suas sugestões aéreas e inóxias, uma vez que ignoram os elevados objetivos
do Espiritismo e tão-somente fazem parte dos grupos, onde os contrassensos são
oferecidos.
Preservar o Espiritismo, conforme o herdamos de
Allan Kardec, é nossa obrigação, mantendo-lhe a clareza dos ensinos, a limpidez
dos seus conteúdos, não permitindo que se lhe instalem práticas e empolgações
encafifas e ruinosas, que embaraçam os invigilantes e os menos conhecedores das
Obras Básicas. Os Benfeitores alertam, ensinando-nos que os princípios
espíritas produzem júbilos internos e não algazarra exterior.
A liderança do chamado movimento espírita
brasileiro “oficial” transformou o ideário da Codificação numa montoeira de excentricidades,
sobretudo no trato com as questões essenciais do Espiritismo.
Será que já não bastam os CONGRESSOS ESPÍRITAS
PAGOS destinados exclusivamente aos espíritas apatacados?
Ótima reflexão sobre o que é realmente o legado do Espírito de Verdade.
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