Efetivamente,
ninguém está preparado para receber a notícia de que o filho tem câncer, ainda
mais quando se trata de uma criança. E nada é capaz de preparar um pai e uma
mãe para ver essa criança perder a batalha. Em Lancashire, na Inglaterra, o
menino Charles Proctor, de 5 anos, pediu “desculpas” à mãe antes de falecer em
seus braços. Ele tinha um tipo raro de câncer e desencarnou no colo de sua mãe,
Amber Schofield.
No mês
de novembro de 2018, Schofield, 24 anos, segurava o pequeno Charles no colo,
quando ele deu seu último suspiro. Em um post emocionado na página que criou no
Facebook para contar a história do garoto e pedir ajuda financeira para que ele
pudesse realizar um transplante nos Estados Unidos, ela relatou que, algumas
horas antes de desencarnar, o menino disse a ela: “Mamãe, me desculpe por
isso”. [1]
É
dificílimo imaginar o tamanho da angústia pela qual passou Amber Schofield. Só
quem viveu situações semelhantes pode descrever. Imaginemos a aflição da mãe ao
ouvir o pedido de “desculpas” do filho, por uma situação da qual ele não tinha
controle algum, apenas por vê-la sofrer. Todavia, a dignidade que Schofield
experimentou, sem revolta e com humildade, demonstrou o quanto ela estava
preparada para a situação.
Foi-se
o corpo de Charles, não sua essência, o espírito imortal, que o corpo habitava.
Há muitas pessoas que passam por experiência análoga, porém revoltam-se e
blasfemam.
No
século XIX, Allan Kardec inquiriu aos espíritos: “qual a utilidade das mortes
prematuras?”. E os Benfeitores responderam: que “a maioria das vezes servem
como provação para os pais.” [2] Todavia, alguns insistem em dizer que é uma
terrível tragédia ver uma vida, tão cheia de esperanças, ser ceifada
prematuramente.
Pacifiquemos
a consciência em vez de nos infelicitarmos quando for dos desígnios de Deus
retirar um de nossos filhos deste planeta de provas e expiações. Concebemos que
muitas situações chamadas de infelicidade, segundo apressadas interpretações,
cessam com a vida física e encontram a sua compensação na vida além-túmulo.
Há
casos de desencarnações precoces que não estão inseridos no processo de
consequências naturais das escolhas do passado delinquente e configuram sim,
ações meritórias de Espíritos missionários que renascem para viverem poucos
anos em contato com a carne em função de tarefas espirituais relevantes. Sobre
isso, o Espirito André Luiz escreveu o seguinte: “Conhecemos grandes almas que
renasceram na Terra por brevíssimo prazo, simplesmente com o objetivo de
acordar corações queridos para a aquisição de valores morais, recobrando, logo
após o serviço levado a efeito, a respectiva apresentação que lhes era
costumeira.” [3]
Emmanuel,
com a nobre sensibilidade que lhe assinala o modo de ser, considera que “nenhum
sofrimento, na Terra, será talvez comparável ao daquele coração que se debruça
sobre outro coração regelado e querido que o ataúde transporta para o grande
silêncio.” E acentua, convincente: “Digam aqueles que já estreitaram de
encontro ao peito um filhinho transfigurado em anjo da agonia. [4]
Porém,
ante aqueles que demandam a Vida na Espiritualidade, o comportamento do
espírita é algo diferente, ou pelo menos deve ser diferente, variando contudo
de pessoa a pessoa, com prevalência, evidentemente, de fatores ligados à fé e à
emotividade. Chora, discreto, mas se fortalece na oração. Na certeza da
Imortalidade Gloriosa, reprime o pranto que desliza na fisionomia sofrida,
porém busca na Esperança uma das virtudes evangélicas, o bálsamo para a saudade
justa.
O
Espírita sincero jamais se confia ao desespero. “Não cede aos apelos da
revolta, porque revolta é insubordinação ante a Vontade do Pai, que o espírita
aprende a aceitar, paradoxal e estranhamente jubiloso, por dentro, vergado
embora ao peso das mais agudas aflições.” [5]
Referências
bibliográficas:
[1] Disponível em
https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2018/11/13/garoto-de-5-anos-pede-desculpas-a-mae-ao-morrer-de-cancer-em-seus-bracos.htm?cmpid=copiaecola acesso em 25/11/2018
[2]
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001
questão n° 346 a 347
[3]
XAVIER, Francisco Cândido. Entre a Terra e o Céu, ditado pelo Espírito
André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB 1988 Xavier
[4]
PARALVA, J. Martins. O PENSAMENTO DE EMMANUEL, RJ: Ed FEB, 1990
[5]
Idem
Nenhum comentário:
Postar um comentário