A liberdade de escolha dos nossos atos
vincula-se à “Lei de Causa e Efeito”, ou seja, tudo aquilo que penso, que
desejo, que faço determinam consequências naturais. A experiência da vida
humana é circunstanciada por livres decisões vinculadas às implicações das
escolhas. As Leis Divinas permitem assumirmos decisões livremente, contudo as
escolhas geram resultados adequados ou desagradáveis, dependendo das opções.
No orbe humano Deus jamais pune e suas Leis
não são e nunca foram de natureza punitiva, pois as escolhas que fazemos
poderão trazer uma “colheita” natural e sempre proporcional ao “plantio”,
consoante maior ou menor discernimento dos atos.
No mundo dos animais, um cachorro, por
exemplo, age por automatismo, portanto não consegue fazer escolhas, exceto
aquelas que estão dentro do espectro do seu instinto. O cão não tem livre
arbítrio, logo seus “atos errados” não lhes podem trazer consequências
negativas. Contudo, o ser irracional ensaia para vida racional, por esta razão,
quando o irracional ingressa no mundo humano desabrocha-se lhe pouco a pouco a
consciência e com ela a lei de liberdade, capacitando-o para as escolhas das
ações, determinando os resultados ao nível da consciência alcançada.
A semeadura rende conforme os propósitos e
consciência do semeador. A “Lei de Causa e Efeito” sincronizada às Leis “de
Liberdade” e “de Responsabilidade” determina o rumo da existência humana.
Portanto, somos livres para pensar e agir, porém somos , em algum nível, “servos” (responsáveis) por aquilo que
fazemos, pensamos ou deixamos de fazer.
No movimento espírita defende-se a fábula de
que TODO sofrimento do presente é fruto dos atos errados do passado,
entretanto, no capítulo V do livro O Céu e o Inferno, Kardec diz
categoricamente que o sofrimento atual é apenas resultado da imperfeição que
ainda não nos livramos e não necessariamente de atos errados do pretérito.
Indubitavelmente a lei do “karma” é uma lei contraditória, vingativa,
fatalista. Seu princípio é – “bateu terá que apanhar”, “traiu terá que ser
traído”, “matou terá que morrer” sempre numa ancestral evocação à antediluviana
lei do “olho por olho dente por dente”.
No entanto, o bom senso kardequiano sussurra
que não há um destino assinalado com acontecimentos detalhados nos punindo
durante a reencarnação, conforme apregoam os místicos partidários do tal
“karma”. A bem da verdade, o Codificador jamais citou a lei do “karma” na
literatura espírita. A rigor, o tal “karma” é uma lei impensada e incongruente,
por sua vez, a Lei de Causa e Efeito (contida na Codificação) é uma lei moral
coerente que nos faz crescer e avançar consciencialmente.
O sofrimento é inerente a nossa imperfeição,
ou seja, o orgulhoso sofre as consequências do orgulho e o egoísta sofre os
efeitos do egoísmo, mas que fique bem fulgente uma verdade: ninguém reencarna
para passar pela Lei de Talião, mas para superar a imperfeição e evoluir
através do trabalho no bem no limite da força de cada um.
À luz da Doutrina dos Espíritos só existe um
destino projetado para todas as criaturas, é o destino da evolução, do
aprimoramento intelectual e moral mirando o conhecimento da VERDADE para a
aquisição da pura e inexaurível felicidade. Não há fatalismos catastróficos em
nosso destino. Jamais poderemos pronunciar que “o que está escrito está
escrito” e nada modificará o nosso destino. Ora! Se acreditarmos nisso,
renegaremos o livre arbítrio e a Lei de Misericórdia, que nos induz ao amor
cobre a multidão dos atos errados.
Não somos uma máquina (robotizada), até
porque sabemos decidir. Adquirimos consciências graduais sobre o chamado bem ou
o mal, e isso estabelece os cenários das experiências agradáveis ou não em
nossa caminhada. Deus instituiu leis que
estão inscritas em nossas consciências. Com a Lei de Causa e Efeito conseguimos
avaliar melhor as escolhas e com elas desenvolvemos o discernimento em face das
decorrências naturais através das reencarnações.
Todos estamos num conjunto de forças
providenciais que determinam uma certa quantidade de “intervenções” para que o
livre-arbítrio possa ser operado. Mas todas as escolhas são nossas. Por isso,
antes da reencarnação, o fluxograma da nova experiência física jamais será
compulsório, porém sugerido amorosamente pelos especialistas do além, por causa
disso elegemos o grupo familiar, a sociedade, a cultura, as condições
socioeconômicas, a raça, o sexo. Tudo
isso faz parte de nossa escolha, sugerida ou não pelos Espíritos mais
esclarecidos antes da reencarnação, e tal decisão vai nos aproximar desta ou
daquela influência de um grupo social que poderá ter um certo peso relativo nas
nossas escolhas.
A liberdade é proporcional ao nosso estágio
de evolução moral, por isso somos relativamente livres para certas decisões,
mas não precisamos ser reféns das circunstâncias e fatores sociais, estruturas
familiares, raciais, espirituais, “astrológicas”, numerológicas etc., tudo isso
pode até influenciar-nos, mas não determinará as nossas resoluções a partir das
nossas escolhas. Certamente tais influências podem impulsionar-nos às melhores
ou piores escolhas, mas teremos inevitavelmente oportunidades para aprender com
a vida.
É bem verdade que livros de Ivone Pereira,
Chico Xavier, Divaldo Franco demonstram as concernentes influências do cenário
social, político, econômico e cultural em que estamos colocados em algum nível
pode estar de maneira relativa conexo a um cenário de vida anterior, mas sem
implacáveis determinismos “cármicos”. Enfatizamos que nas leis divinas não
existe punição ou recompensa. O Criador estabeleceu leis sábias e justas que
determinam efeitos naturais ante nossas escolhas.
Apropriamo-nos da nossa vida e determinamos
nossas existências com liberdade dentro da evolução. Por isso,
responsabilizamo-nos pelas nossas existências, caminhando na vida de
conformidade com que fazemos de nós mesmos.
Essa autoapropriação da existência através da auto-responsabilização de
tudo que acontece conosco dá-nos um certo sentido de domínio na relatividade da
nossa existência sobre a aflição, a ternura, a alegria, a desventura.
Naturalmente tudo o que nos acontece nos diz respeito, portanto não podemos
imputar a ninguém a vitória ou o infortúnio daquilo que nos acontece, até
porque o que nos ocorre é , na relatividade, um espelho do passado recente ou mais remoto e
aquilo que podemos colher amanhã resultará relativamente da nossa semeadura do
presente.
Somos os senhores e responsáveis pela vida,
portanto, quando erramos podemos refazer a caminhada mediante novas escolhas,
considerando que muitas vezes cometemos escolhas equivocadas e sorvemos os
naturais efeitos delas , porém à medida em que ampliamos a consciência sobre os
atos errados vamos diminuindo até mesmo os efeitos das escolhas , porque bancaremos escolhas mais apropriadas.
Fomos criados para a FELICIDADE! Portanto,
ainda que diante de todas a dores e sofrimentos devemos encará-los com AMOR.
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