Única exceção à regra que diz que “toda regra tem exceção” é que todo
indivíduo é sociedade-dependente tanto quanto a sociedade é
indivíduo-dependente. No entendimento de Aristóteles a felicidade plena do ser
humano só é alcançada em sociedade, pois o homem é um ser político por
essência. Na sua avaliação o indivíduo depende da sociedade para a sua
completitude. A compreensão geral é que os esforços coletivos, nascidos de uma
ação individual é que produz o crescimento da civilização em todos os sentidos.
Fugir
dessa realidade é omitir-se de ocupar um espaço de pertencimento, como se fosse
possível delegar funções pessoais nas mãos de outros. Tal postura é uma das
iniciativas que mais facilitam a esperteza de grupos que não fazem a Política
em sua essência derivada do grego (Politiká – Polis aquilo que é público e
Tykos que se refere ao bem comum). É exatamente renunciando a sua cidadania que
se entrega os destinos de um povo à revelia.
Todas
as conquistas humanas são dependentes de muito suor e luta. O aprendizado que
nos alcança tem um contexto histórico que, bem avaliado, dão a tônica das
muitas dificuldades que foram vencidas até que as idéias alcançassem a condição
de produzir avanços sociais. Desde a aplicação da Penicilina até as viagens
espaciais passando pelo progresso das ciências sociais é forçoso que
identifiquemos todo o investimento humano aplicado às inovações que nos
permitem usufruir dos seus resultados. Houve perdas, renúncias e mártires. As
situações não acontecem apenas “graças a Deus”, apesar de Sua permissão para
que acontecessem. Não há milagres. Sem semeadura é impossível o broto, a flor e
o fruto.
O
Livro dos Espíritos, na questão 918, expressa um comentário de Allan Kardec que
fala dos Caracteres do Homem de Bem e após uma série de afirmações encerra com
a frase que segue: “Respeita, enfim, nos seus semelhantes, todos os direitos
decorrentes da lei natural, como desejaria que respeitassem os seus”. Ora, a lei natural é exatamente aquela que
nos dispôs a possibilidade da vida social, necessária ao aperfeiçoamento da
civilização mercê da evolução espiritual e científica dos seus componentes,
nesse caso bem entendido “Espíritos em existência corpórea” e em processo de
reciclagem através das múltiplas encarnações. Especialmente quando os
antagonismos se digladiam de forma tão direta pode ser um erro se furtar à
discussão dos temas que possibilitem ao planeta respirar as bandeiras da
igualdade, fraternidade e liberdade, ambas hasteadas por Jesus e consolidadas
pelo crescimento civilizatório da humanidade.
Não
terá sido apenas à custa do sorriso que alcançamos o direito de sorrir, muitas
lágrimas rolaram e sabemos que assim é a vida. Buscamos em verdade identificar
maneiras para que a Paz se consolide no mundo e tal não será alcançado sem o
esforço devido. Não há como negar, sem o exercício da Política, aquela que
interpreta os anseios de bem estar dos grupos que compõem a sociedade, o nosso
silêncio é sinal de cumplicidade com o quadro que prevalece. E se por ventura
discordamos, que assim seja. Toda discórdia respeitosa exposta revela a
capacidade de ouvir-se e ouvir o outro, de forma que é possível amadurecer vias
de resolução que possam ser comunitárias. O mundo precisa dos espíritas no debate
das questões que afligem a humanidade. É essencial trazer Jesus, de verdade,
para essa discussão.
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