Parece muito estranho o título dessa matéria.
Porém, a verdade surge reluzente, revelando que, a nossa Pátria, em diversos
locais, exuberantemente na Cidade do Rio de Janeiro, vivencia, realmente, um
grave estado de conflagração, de confronto armado, aterrorizando sua caótica
população.
Trata-se de uma batalha diferente, não
existindo ocupantes e dominados. Indivíduos do crime organizado são portadores
de armamento de calibre pesado e promovem arrastões, assaltos diversos,
incêndios em ônibus, chegando o ponto de invadirem condomínios e restaurantes. Lutam até entre si, nos morros, presídios,
nas periferias das cidades, desde que, pertencendo a diferentes facções, se
digladiam na disputa de valorosos pontos de venda de tóxicos.
Vivenciando uma grave crise econômico-social,
os órgãos estaduais não conseguem aparelhar suficientemente à polícia e pedem
ajuda às Forças Armadas, cujos integrantes são preparados para se defrontarem
com árduas batalhas e, então, a população assiste estupefata a presença de
tanques, carros de combate, helicópteros, soldados em profusão, levando armas
também pesadas, invadindo os locais onde se escondem os assaltantes. Então, na
“Cidade Maravilhosa”, por exemplo, são comuns os tiroteios entre os próprios
bandidos ou mesmo entre eles e os pertencentes às milícias, como igualmente a
fuzilaria travada pelos traficantes com a polícia com ou sem a presença dos
militares do Exército e da Marinha.
Portanto, o Brasil se defronta com uma guerra
essencialmente social e cada vez mais intensa e violenta. Até mesmo granadas,
fuzis, metralhadoras e bazucas são apreendidas dos bandidos, os quais se
encontram fortemente armados. Em 20/09/18, a mídia noticiou a confiscação de
uma metralhadora antiaérea com 1,68 metro de comprimento, utilizada na 2ª.
Guerra Mundial, podendo disparar de 400 a 600 tiros por minuto.
O indivíduo, sintonizado com a violência,
reflete, em sua intimidade espiritual, as criações mentais deletérias, em
completo desajuste psíquico, distantes da Lei de Amor, Justiça e Caridade, tão
bem apregoadas e exemplificadas pelo excelso Mestre Jesus. Em verdade, o homem
agressivo retrata o atraso moral em que se encontra, habitante de um mundo
ainda inferior espiritualmente, denominado de provas e expiações, sofrendo o
reflexo do seu primitivismo espiritual, com predomínio do egoísmo e da ferocidade,
resquícios do instinto animal que até persistem em suas atitudes
hodiernas. Em “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”, é ensinado que “no seu ponto de partida, o homem só tem
instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e
purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento” (1).
Necessário o esclarecimento doutrinário para
o momento caótico pelo qual passam os brasileiros, principalmente os cariocas.
Perguntou Allan Kardec: - “Que é o que impele o homem à guerra? ”. A resposta
da Espiritualidade Superior: - “Predominância da natureza animal sobre a
natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os
povos um só direito conhecem — o do mais forte. Por isso é que, para tais
povos, o de guerra é um estado normal. À medida que o homem progride, menos
frequente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo-a com
humanidade, quando a sente necessária” (2). Continua o abençoado codificador: -
“Da face da Terra, algum dia, a guerra desaparecerá? Disseram os Instrutores
Espirituais: - “Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a
lei de Deus. Nessa época, todos os povos serão irmãos” (3).
Em uma batalha contra meliantes com armas de
guerra pesadas em punho, prontos para um confronto, os policiais e militares
das Forças Armadas como se portarão? Diante da guerra social grave, instalada
em solo brasileiro, eles terão de se impor, salvaguardando, contudo, a
integridade das pessoas inocentes ao redor. A questão 749 de “OLE” é bem
esclarecedora - “Tem o homem culpa dos assassínios que pratica durante a
guerra? “Não, quando constrangido pela força; mas é culpado das crueldades que
cometa, sendo-lhe também levado em conta o sentimento de humanidade com que
proceda”.
Além da vertiginosa violência urbana,
constata-se, no Brasil, índices alarmantes de desemprego e aumento acentuado da
pobreza extrema. Infelizmente, os brasileiros vivenciam grave crise social,
herança dos governos anteriores que deixaram um desmedido rombo financeiro que
vem se agravando paulatinamente, já atingindo a dívida pública bruta um patamar
inédito: o equivalente a R$ 5,133 trilhões, conforme dados do Banco Central, em
maio de 2018. Os dados fiscais apontam um débito que permanece numa trajetória
acentuada de crescimento porque o país não consegue mais gastar menos do que
arrecada.
Urge agir, de imediato, para sanar todos os
males que assolam o país, canalizando as forças políticas na erradicação desse
quadro dantesco, esforçando-se na erradicação da miséria reinante, como
igualmente priorizar ostensivamente as áreas de saúde e educação.
Em relação a essa última, enfatiza o
codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, ser essencial, junto ao
conhecimento intelectual, a educação moral, “ (...) à que consiste na arte de
formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto
dos hábitos adquiridos”. Continua o magnânimo mestre: “Quando essa arte for
conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e
de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que
é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus
dias inevitáveis” (Q. 685-a de “OLE”).
Educação
moral e a paz na sociedade
O Mestre de Lyon, como inolvidável educador,
faz questão de ressaltar que a solução é somente a educação moral, trabalhando
o caráter do educando. Assim fazendo e criando as condições sociais ideais,
estaremos caminhando para a prevenção e erradicação da criminalidade em todas
as suas formas e diminuindo cada vez mais o sistema repressivo.
Jesus, denominado de “Príncipe-da-Paz”
(Isaías, cap. IX:6), em seu Evangelho Redentor, consola toda a humanidade,
dizendo: “Deixo-vos a paz; a minha paz vos dou. Não vo-la dou como o mundo a
dá. Não permitais que vosso coração se preocupe, nem vos deixeis amedrontar”
(João XIV:27). A paz é decorrente do “bem que reinará na Terra quando, entre os
Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, porque, então, farão que aí
reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso
moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons
Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando
daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo” (4).
Assim sendo, os homens serão todos iguais,
porquanto estarão em um patamar evolutivo espiritual superior, todos irmanados
no autêntico socialismo - o presidido por Jesus, no qual os indivíduos
destituídos do egoísmo repartirão com o próximo do que é seu, ao contrário do
que se verifica atualmente, com desonestos homens públicos tirando do que
deveria ser usufruído pelo povo, amealhando recursos e bens através do crime da
corrupção. Enfatizou Kardec: “Quando os homens forem melhores, as reformas
sociais realmente úteis serão uma consequência natural” (5).
Em que momento o amor será plenamente
vivenciado na Terra e a conquista social de um país será usufruída por todos os
seus habitantes? Ressaltou o codificador que “o egoísmo e o orgulho matam as
sociedades particulares, como matam os povos e as sociedades em geral. Lede a
história e vereis que os povos sucumbem sob o abraço desses dois mortais
inimigos da felicidade humana. Quando se apoiarem nas bases da caridade, serão
indissolúveis, porque estarão em paz entre si e consigo mesmos, cada um
respeitando os bens e os direitos de seu vizinho. Essa será a nova era predita,
da qual o Espiritismo é o precursor, e para a qual todo espírita deve
trabalhar, cada um na sua esfera de atividade. É uma tarefa que lhes incumbe, e
da qual serão recompensados conforme a maneira pela qual a tenham realizado,
pois Deus saberá distinguir os que no Espiritismo só procuraram a sua
satisfação pessoal, dos que ao mesmo tempo trabalharam pela felicidade de seus
irmãos” (6).
O reino de Deus na Terra terá como seus
súditos os homens de bem, vivenciando o amor e a justiça. Para que esse estado
de direito surja o mais rápido possível é necessária uma pedagogia integral,
como a espírita, proporcionando os subsídios necessários para a suplantação dos
flagelos morais que assolam o planeta, proporcionando a edificação permanente
da paz.
Então, guerra, nunca mais!
Bibliografia
1- O
Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 11, “A Lei do Amor”;
2-
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 742;
3-
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 743;
4-
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 1019 de “OLE”;
5-
Revista Espírita de fevereiro de 1862, “Resposta à mensagem dos
espíritas lioneses por ocasião do Ano Novo”;
6-
Revista Espírita de fevereiro de 1862, “Cumprimentos de Ano-Novo”;
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