Muitas crianças são induzidas a agir de forma
sempre “correta”, conforme o padrão do seu meio ambiente, dos valores éticos,
das pressões existentes. Quando a criança é obrigada a fazer as coisas dessa ou
daquela maneira, todas as vezes que faz de forma diferente desenvolve a culpa.
A virtude do discernimento deve ser-lhe ensinada desde cedo pelos pais
cônscios, por ser a virtude fundamental para que ela possa escolher com
segurança aquilo que é certo de acordo com as leis divinas ínsitas na
consciência.
Deve-se ensinar a criança a compreender as
leis divinas; mostrá-la que errar é natural e faz parte do aprendizado, tanto
quanto o erro deve ser reparado como condição natural para o desenvolvimento do
senso moral. Mas se a criança desenvolve e cultua culpa e se acostuma com isso,
quando chega à fase adulta a culpa se intensifica e se soma às culpas do
passado, situando a vida numa condição insuportável.
A culpa ocasiona comoções, desordens
autopunitivas e contribui para ausência de autoestima. Provoca compulsão
autoexterminadora, como decorrência dos movimentos de autojulgamento,
autocondenação e autopunição em que o culpado arruína a autoestima, tornando
impossível o auto acolhimento amoroso.
A autoestima está conectada aos sentimentos
básicos de autoaceitação, autoconfiança, autovalorização e autorrespeito, como
anseios fundamentais para o equilíbrio do ser. Fora disso, surgem várias
dificuldades de ordem mental e emocional, refletindo-se no corpo físico através
do bombardeamento mental, comprometendo o organismo.
Sob a compulsão autoexterminadora pode-se
chegar ao suicídio, direto ou ao suicídio indireto. Neste último caso, a pessoa
martiriza o corpo através de emoções e pensamentos, entrando no estado de
desinteresse pela vida, culminando em processos de depressões graves,
ocasionando demais transtornos psíquicos e emocionais, como ansiedade
generalizada, transtorno do pânico e desordem bipolar.
Na origem de toda doença sempre há
componentes psíquicos ou espirituais. As moléstias são heranças decorrentes da
divina Lei de Causa e Efeito, e decorrentes desta ou de vidas antecedentes. São
escombros que fixaram nos genes os fatores propiciadores para a instalação dos
distúrbios patológicos.
Quando fazemos esforços pacientes,
continuados e perseverantes, desenvolvendo virtudes em nossos corações,
mantemos inativadas as enfermidades genéticas. Podemos ter uma predisposição
genética para o câncer e nunca desenvolvermos processos cancerígenos; podemos
ter uma pré-disposição depressiva e jamais desenvolvermos a depressão; podemos
ter uma família inteira com problemas genéticos que dependendo do nosso
comportamento manteremos neutralizadas as predisposições genéticas enfermas.
Somos imagem e semelhança do Criador; somos
de essência divina e fomos criados para a felicidade e harmonia. Quando
procuramos desenvolver o equilíbrio existencial de forma responsável, não
seremos alcançados pelas doenças genéticas, até porque não é a composição
biológica que determina a saúde ou doença do espírito, mas é o espírito que
comanda o corpo físico.
Sempre seremos amados pelo Criador,
independentemente dos nossos erros. Será que um pai ou uma mãe ama o filho só
quando ele faz as coisas certas? Na verdade os pais amam os seus filhos do
mesmo jeito, independentemente das condições morais dos filhos. Será que um ser
humano é mais amoroso do que Deus? Em face disso, não há razões para
sustentarmos a baldia culpa impondo-nos a “distimia” (conduta mal-humorada),
perdendo o interesse pelas atividades diárias normais, sentindo-se sem
esperança, tendo baixa produtividade, baixa autoestima e um sentimento geral de
inadequação como precursor da depressão.
Há os que mantêm o mal humor quase
ininterruptamente. São aqueles que acordam mal-humorados, passam o dia
mal-humorados e vão dormir mal-humorados, porque estão o tempo todo num
processo de culpa em autojulgamento, autocondenação e autopunição. Para sair
desse estado é imperioso desenvolver os sentimentos básicos da autoestima, da
autoaceitação, da autoconfiança, da autovalorização e do autorrespeito.
Várias são as consequências da culpa, a
saber: insegurança, isolacionismo, ausência de si mesmo (a) e dos outros. A
pessoa entra em estado de isolamento psíquico e amplia o sentimento de abandono
existencial. Não é possível alguém assim se sentir pertencente ao universo, e é
exatamente o sentimento de pertencimento ao universo que gera em nós
existencialismo e alegria de viver.
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