Estou
alimentada, mas e quem não comeu hoje?
Estou
abrigada, mas e quem está nas ruas? Estou em paz, mas e quem está fugindo da
guerra?
Estou
cuidada, mas e quem morre na fila do hospital?
Estou
esperançada, mas e quem já perdeu a vontade de viver?
As
crianças que eu amo estão acolhidas, mas e as que estão abusadas, violentadas e
fugidas?
O
meu jardim está florido e minha horta cultivada, mas e as florestas queimadas e
o mar violado de óleo?
Meu
corpo está coberto e agasalhado, mas e os que se cobrem de farrapos?
O
que fazer com minha compaixão impotente, meu contentamento descontente, minha
empatia perplexa?
Nem
consigo agradecer o que tenho, porque não consigo multiplicar o que me privilegia...
Não
consigo sossegar no meu jardim, porque não consigo estendê-lo para o mundo.
Só
me restam a migalha que dou, a lágrima que me cai, a consciência que semeio, a
poesia que clamo e a oração que elevo.
Mas
é pouco, muito pouco!
E
me pergunto como pode alguém trancafiar milhões de moedas inúteis, enquanto
seus irmãos têm fome de alimento e educação?!
Como
pode alguém se exibir com carros milionários nas ruas esburacadas e entre
crianças abandonadas?
Bem
disse o Mestre que seria mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha
do que um rico entrar no Reino dos Céus.
Eu
só estou ansiando e sonhando para que o Reino se faça hoje, aqui!
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