O jovem carpinteiro fundou um Reino. O maior
e mais poderoso dos reinos, embora fosse pobre de valores materiais, pois aí
está a diferença dos demais reinos. Todos sugerem acúmulo de bens. Este, porém,
é um reino de valores interiores, protegidos contra todos os possíveis danos
que possam destruí-lo. Quem o constrói dentro de si constrói para sempre.
Apresentando-se na Sinagoga, perante seu
povo, declarou Ter vindo em nome do Pai para anunciar e implantar o Reino de
Deus no coração dos homens. Comparou este Reino ao grão de mostarda, ao
fermento, a um tesouro escondido, a uma pérola, a uma rede para peixes e ao
trigo que cresce no meio do joio... Seu Reino fundamenta-se em três alicerces:
Deus, Amor e Justiça. Ora, se já compreendemos que Deus é Amor conforme ensinou
o evangelista, vamos estudar seu desdobramento: amor e justiça.
Em O Livro dos Espíritos, questão 875,
pode-se buscar a definição de justiça – que deixo ao leitor pesquisar. Já em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XI e em seus desdobramentos e
subtítulos, poderemos encontrar o que é o amor, seus efeitos, uso e prática.
Para o estudioso mais atento, há comentários
muito edificantes de Emmanuel em seus livros Caminho, Verdade e Vida (capítulo
107) e Vinha de Luz (capítulo 177) e ainda a resposta à questão 673 de O Livro
dos Espíritos, embora não se refira ao assunto, traz comentário importante
sobre esta postura para implantação do Reino de Deus nos corações.
A questão toda, como apresenta Neio Lúcio no
livro Jesus no Lar, capítulo 36, é que se cada um estivesse vigilante da
própria tarefa, não colheriam as sombras do fracasso. O mais intricado problema
do mundo, é o de cada homem cuidar dos próprios negócios, sem intrometer-se nas
atividades alheias. Enquanto cogitamos de responsabilidades que competem aos
outros, as nossas viverão esquecidas.
É que o Reino de Deus é uma construção
interior, com valores reais das virtudes que precisam ser conquistadas a custo
do esforço próprio. E isto exige coragem, determinação, perseverança.
Desde já precisamos nos apressar em desligar
o criticador e parar com os hábitos da achologia, onde muitos acham isto ou
aquilo, mas consideram ser dever do outro fazer. Achamos, damos opiniões e
palpites, mas deixamos de fazer o que nos compete. O Reino de Deus se inicia no
coração do homem, com os valores da bondade e da fraternidade. Quando
destruímos uma ideia ou temos postura pessimista, estamos criando o reino da
descrença, da crítica e por aí afora.
Para alcançar o Reino de Deus no coração,
quatro condições são essenciais:
a) libertação pelo autoconhecimento; b)
humildade para perceber nossas imperfeições; c) persistência no bem; d)
crescimento espiritual. Todos conquistas do esforço próprio, que exigem no
mínimo iniciativa que deve ser acompanhada pela perseverança.
Em seu livro, Parábolas e Ensinos de Jesus,
Cairbar Schutel comenta no capítulo A palavra de vida eterna, que a
imortalidade é a luz da vida; ela é a alma da nossa alma; a esperança da nossa
fé; e a mãe do nosso amor. Sem imortalidade não pode haver alma, sem alma não
há esperança, fé, amor; e sem esperança, fé e amor tudo desaparece de nossas
vistas: família, sociedade, religião, Deus!
A imortalidade é a base, o alicerce, a rocha
viva ... E recomenda: Urge, pois, que busquemos, primeiramente, a imortalidade,
para crermos firmemente na palavra de Jesus. Urge que estudemos a imortalidade,
que conversemos com a imortalidade, que ouçamos a imortalidade com seus
substanciosos ensinos, a fim de, firmes e resolutos, orientarmos a nossa vida,
regularmos os nossos atos na senda religiosa que nos foi traçada.
Sem aprofundamento percebe-se com clareza os
efeitos da incredulidade no mundo, ou até da ausência de interesse na busca de
informações e estudos sobre a questão. Aí estão os difíceis quadros sociais a
desafiar o homem. E mais interessante que este implantar do Reino dos Céus no
coração, como propôs Jesus modifica o ambiente, as circunstâncias ao redor,
favorecendo a todos com a harmonia e paz que lhe é próprio.
A própria vivência interior deste Reino,
ajuda a modificar o panorama exterior. Já imaginou o leitor quando cada
habitante do planeta esforçar-se por esta vivência? Teremos o mundo modificado,
como desejamos.
Fácil? Não! Individualmente já é um grande
desafio, imagine coletivamente falando, com a diversidade de estágios
evolutivos que vivemos. Mas é a única alternativa para a construção da paz
interior e social, que tanto almejamos.
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