Excetuadas as situações de enfermidades
orgânicas e morais graves que alcançam os espaços familiares, raramente sucedem
ocorrências de extrema urgência na vida da pessoa comum. Além daquelas já
citadas, as situações que acometem não passam de convites para o exercício de
habilidades na aquisição da paciência e da temperança.
Bastaria
uma honesta e minuciosa avaliação dos fatos que povoaram um dia de rotina, a
ser realizada findada a noite e na hora do repouso noturno, e provavelmente os
detalhes dos momentos em que nos afligimos mostraria o quanto gastamos de
energia sem necessidade e reagimos guiados pela pressa e a irreflexão. Esse
inventário de nada adiantará se o despertar do dia seguinte não trouxer
renovadas pretensões de mudança do velho hábito da pressa e da aflição reativa
diante dos pequenos obstáculos.
A
maioria das pessoas questionada se elegeria a pressa e a aflição como
ferramentas emocionais para a solução dos seus problemas responderia: Não.
Então, por que esses são os instrumentos mais utilizados quando os problemas
nos alcançam? A associação deles é que remete a sociedade para uma trajetória
de crescente ansiedade. Lidamos com as situações como se fossem verdadeiras
“batatas quentes”, das quais o maior desejo é se livrar passando adiante como
se faz numa brincadeira em que se joga de um para o outro com a finalidade de
não queimar as mãos.
Quantas
vezes perdemos a paciência diante de um objeto que está fora do lugar? Ou nos
irritamos porque o outro não escutou a nossa pergunta? Ou brigamos pelo atraso
para um encontro? Ou ficamos infelizes porque a resposta que era esperada não
veio? Ou ainda porque alguém falhou na execução de um pequeno serviço que
combinamos? Respondemos aos gritos quando alguém nos pede para ficar calmos? Eu
estou CALMO (A)!
Calma.
Tem solução. Parece que o problema é universal. Há os que já o superaram, mas
certamente não estão se entrechocando nas esquinas das grandes aglomerações.
São mais raros de ser encontrados. Percentual gigantesco das pessoas acaba
caindo na armadilha do destempero. Trata-se de uma questão de treinamento.
Alguém se lembra do personagem Zeca Diabo do folhetim O Bem Amado? Desde que
decidiu não mais fazer vítimas, toda vez que era provocado sofria horrores,
pela força do impulso, até que a vontade passava. Ali estava a representação da
nossa disposição belicosa. Sair do círculo vicioso da reclamação e da querela é
mais difícil do que ceder ao ímpeto de soltar o verbo.
O
Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap. IX – Bem-aventurados os que são brandos e
pacíficos – A Paciência) nos traz pela mensagem de Um Espírito Amigo (Havre
1862) que “a vida é difícil, bem o sei, constituindo-se de mil bagatelas que
são como alfinetadas e acabam por nos ferir” e em seguida indica a solução: “o
fardo parece menos pesado quando se olha para o alto, do que quando se curva a
fronte para o chão” e ensina que a paciência é uma forma de ser caridoso com o
outro.
A
prática da paciência nos momentos da vida é excelente ferramenta para a solução
dos problemas. Tanto dos grandes, que são raros, quanto dos pequenos.
Experimenta aí!
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