Não bastassem as palavras de
Jesus contidas em João (XIV; 16 a 26), quando o Mestre profetiza a vinda do
consolador para desvendar o enredo das lições que havia deixado entre
simbologias e parábolas, o Espiritismo – O Consolador prometido por Jesus –
lança a luz de uma nova e imorredoura compreensão para a humanidade. A influência
dos vislumbres espirituais que torna público a toda a humanidade é a garantia
inequívoca da vitória sobre dor que a ignorância quanto à sobrevivência à morte
causa no psiquismo humano.
Diariamente experimentamos
perdas afetivas inesperadas que a sombra da morte do corpo produz no seio das
famílias, alcançando-as de forma surpreendente e imprevista. Natural que a
tristeza e a saudade se abatam sobre aqueles que se despedem de entes amados,
sem que houvesse uma expectativa gerada pela avançada faixa etária ou
patologias de longo curso. Pais e familiares que se despedem de pessoas ainda
em idade precoce, tantos ainda no curso da infância, com tantas promessas de
realizações traçadas, tomados de frustração e desencanto. A dor da perda é
legítima e deve ser expressa em toda a sua grandeza, sem que nada a impeça.
O conhecimento que nos torna
poderosos diante desses fenômenos que nada têm de matemático ou previsível, é
aquele que não tem como finalidade privar-nos da natural tristeza que nos
invade quando confrontados com a morte de um ente afetivo. Abaliza o sentimento
de dor, mas lança luzes na escuridão do futuro.
A Doutrina Espírita foi
forjada por aqueles que tendo transposto os limites do sepulcro voltaram e
anunciaram que a vida prossegue depois do túmulo. A revelação que permite
superar o medo desse umbral é inestimável contribuição para os corações que
sangram ante a perda. Então, aquele ser que aprendemos a amar permanece vivo em
outra frequência de vibração. Não os vemos ordinariamente, mas eles nos podem
ver; nem sempre temos consciência dos encontros durante o sono da noite, mas
eles nos encontram; não conseguimos abraçá-los, mas eles nos abraçam com o
mesmo carinho habitual; desconhecemos a rotina em que vivem, mas eles
acompanham a nossa rotina.
Maior consolação que essa?
Não sabemos se há. Descobrir que a partida pela morte daqueles que amamos longe
de destruí-los torna-os mais vivos, mais despertos, mais perceptivos. Entender
que esse momento de tanta dor acaba sendo uma rotina no planejamento de
evolução que estabelece o ciclo do existir no corpo físico, cuja maior certeza
é o seu caráter passageiro. Tantas vezes experimentamos esse fluxo, como se a
Terra fosse um grande aeroporto, no qual tantos chegam e outros se despedem
para destinos distantes.
O chamado é para que
aprendamos a tornar importante cada momento que vivemos em companhia de tantas
pessoas que não sabemos quando vão viajar para o mundo espiritual. Dediquemos
tempo e dedicação, afeição e cuidado, honestidade e deferência, valorização e
sinceridade. Tornemos nossas relações amorosas, apesar de imperfeitas, pois
isso nos candidata à formação dos laços do amor que nunca se acaba. Afinal “tal
é a lei: nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar” Allan Kardec.
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