quarta-feira, 25 de março de 2020

AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO



          Há uma verdadeira discussão de linguagem quando nos defrontamos com o substantivo Amor e o verbo Amar. As controvérsias são tão inúmeras que é comum perdermos a maior parte do tempo discutindo a significação sem que alcancemos a condição de colocar os termos em prática. Por serem palavras que sintetizam várias compreensões, Jesus as referiu inúmeras vezes em suas prédicas, afinal ele sabia que o seu verbo ecoaria milênios afora.

            Como entender, de forma prática, o que Jesus intentava ao estimular o Amor e o Amar ao “próximo como a si mesmo”? Um exercício de substituição pode ser eficiente ferramenta de auxílio. Saindo da abstração interpretativa que tais expressões incentivam e dispondo verbos de “ação imediata” em seu lugar é possível desvendar o que a profundidade de Jesus projetava como meio de tornar a humanidade melhor.
            Cravando verbos como Cuidar, Zelar, Abraçar, Ouvir, Falar, Entender, Proteger, Alimentar no espaço que originalmente se escreve Amor, Amar e a sentença de Jesus que envolve todas essas ações quando exprime “Amar ao próximo como a si mesmo” passa a expressar, ante as nossas dificuldades de interpretação, o que é necessário para cumprir a Regra de Ouro.
            Para tal consecução há de haver a obrigatoriedade de olhar-se ao espelho. Questionar se cuido, ou escuto ou falo ou zelo do outro como faço comigo mesmo. Nesses casos não há como se confundir, pois esses verbos não deixam espaço para dúvidas. Descobrir qual o verbo que cada um precisa para substituir os originais é o tal caminho pessoal para pôr em prática um ensinamento de Jesus que insistimos em não fazê-lo sob a alegação que tem um sentido, cujo entendimento é discutível do ponto de vista semântico.
            Ultrapassada a dificuldade de compreensão ainda cabe questionar se o outro quer para ele exatamente o que pretendemos. Novamente é necessário evocar Jesus, pois apesar de dar o melhor de si para cada um que se acercasse Dele, geralmente indagava antes de sua ação restauradora: “que queres que te faça?”.
            Ensinando o Amor e o Amar o Mestre nos conduz pela mão, qual crianças espirituais, para uma estrada de autoconhecimento das carências mais profundas e potenciais mais elevados de nossas almas. Acenava para um aprendizado de descobertas e vislumbres que simplesmente indicava o caminho de produzir todo o bem possível na construção de um espaço em comum que permita que a solidariedade seja o princípio básico da convivência.
Há no planeta uma condição de atender a todas as carências da Natureza, da sobrevivência à supra vivência. Perceber a nossa posição individual é urgente. O percurso é longo e tortuoso, impossível de ser vencido sem o concurso do coletivo de pessoas que nos cercam com todas as contribuições da diversidade. A missão pessoal é buscar o nível de satisfação na jornada dispondo o olhar no entorno para abraçar a jornada do outro sem abrir mão de que alcance igualmente a satisfação na jornada. Pode-se até sobreviver sozinho, jamais supra viver. A ambição e o egoísmo não cabem no caminho do autoconhecimento, daí a importância do Amor e do Amar, com todas as suas variações, “ao próximo como a si mesmo”.           

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