Mulheres brasileiras em luta no Dia Internacional da Mulher |
Por Roberto Caldas
A luta
que a mulher empreende na sociedade contemporânea, ainda comandada pelas
tradições derivadas do patriarcado, para ocupar o seu espaço na construção dos
destinos da humanidade é um capítulo à parte na conquista civilizatória da
Terra. Os passos históricos que vieram paulatinamente mudando os padrões de
participação da mulher no mundo foram avanços não lineares transpassados por muita
dor, derramamento de sangue e perseguições.
É possível contabilizar muitos
avanços desde a selvageria de 08/03/1857, em New York, quando uma reivindicação
de tecelãs amotinadas em uma fábrica terminou em incêndio criminoso que as
carbonizou, sendo essa a resposta dos patrões para a pauta de paralisação. Isso
não significa que os atos de exploração, cerceamento, violência e degradação
contra o mundo feminino tenham sumido da sociedade. Ainda pulsa viés de
intolerante misoginia, desigualdade na relação trabalhista, além de uma visão
sexista degradante que explicita a característica marcadamente machista dos
tempos atuais.
Dá para imaginar o nível de
discriminação que havia sobre as mulheres no tempo de Jesus? Tradição,
castigos, silêncio, analfabetismo, obediência cega, violações ao sentimento e
às escolhas. O quase não existir, senão para servir aos homens da família (pai,
irmãos, marido). Ele olhou para a mulher e a identificou como igual. Ouviu,
ensinou, incentivou a participação, convidou a sentar à mesa durante as
refeições. Seguramente essa deve ter
sido uma das mais importantes razões da perseguição que o Mestre sofreu. Sua
aceitação à inserção feminina no universo novo que inaugurava foi uma profunda
agressão aos costumes selvagens da época. De forma que o mundo questiona a sua
relação com Madalena, sem resposta categórica a respeito, o que em nada mudaria
a qualidade de sua missão, caso se confirmasse.
A síntese do que vemos acontecer na
atualidade é que apenas mentalidades inferiores intentem negar o papel da
mulher no progresso das instituições e das realidades do nosso tempo. Interpretando
Jesus fica muito claro que as mulheres em nada ficam a dever em competência,
inteligência, capacidade produtiva, em qualquer setor da atividade humana.
Muitas tarefas podem e são mais bem realizadas por Espíritos encarnados em
corpos femininos (a maternidade está excluída dessa relação por óbvio).
Certamente por não identificar essa realidade é que o nosso mundo agoniza nesse
lamaçal de testosterona que traz a destruição das guerras e do desrespeito à
urbanidade que coloca a sociedade e o planeta em risco constante de
empobrecimento moral e ecológico.
A
regra se torna mais verdadeira se buscarmos a importância da mulher nas
atividades espíritas quaisquer que sejam, incluindo a gestão. Diga-se de
passagem, que também aí se verificam distorções. Desde que no mundo espiritual
não há o sexo como o entendemos (LE – q. 200), um Espírito pode nascer por
escolha ou necessidade em qualquer gênero (LE – q.201), sem que haja
preferência definida (LE - q. 202) e esses conceitos os espíritas conhecem.
Jesus
legou às mulheres a sua bênção contrapondo-se ao arcaísmo das tradições. Na
atualidade seria um ativista da causa até se, ocasionalmente, encarnasse homem
de novo. Pacifista por excelência combateria a violência contra a mulher sem
titubeios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário