Nos vemos à voltas com uma situação nova,
desafiadora, ameaçadora; ficamos tateando em busca de caminhos e confiança no
modo de caminhar. Obviamente, muitos de nós paramos para ouvir as recomendações
dos cientistas e preenchermos o vácuo de autoridades que nosso país vivencia
seguindo orientações de referências consideradas confiáveis.
As notícias que nos chegam são
estarrecedoras! Sentir medo e procurar segurança é muito natural em situações
assim. Estranho mesmo é desdenhar os riscos.
Por esse motivo, convido você que semeia
discursos de reflexo social, a suspender o apelo da culpa aos que possuem casa
para levar a cabo o isolamento social como recursos de contenção de contágios.
É preciso que ocorra em proporção cada vez maior, pois infelizmente muitos dos
que possuem casa para morar, não estão sendo guiados por boas referências e
continuam aglomerando irresponsavelmente.
É verdade que muitas pessoas não conseguem
ficar em casa por causa da luta pela sobrevivência, dureza do sistema
vampiresco e crueldade das relações para com os trabalhadores, principalmente
os mais empobrecidos. Pauta válida, emergencial, digna de debates e
sensibilização constante, sem precisar por este motivo desqualificar o esforço
de quem pode trabalhar em casa neste instante.
Se mostra terrível a situação de quem está
nas ruas, sem as mínimas condições de segurança ou proteção, vitimados pelas
desigualdades de acesso e políticas de morte implantadas e fortalecidas em
nosso país por uma estirpe politiqueira repugnante. Certamente esta abordagem
precisa ser feita, este crime denunciado!
Mas a situação de rua é consequência das
mazelas sociais que combatemos, não é nosso ideal, não é agradável nem
desejável, e por isso mesmo, não tem cabimento hostilizar quem está na
quarentena, pois acima de tudo, o foco deve estar na contenção e atraso possível
do pico de contágio.
Claro que reconhecemos a boa intenção de quem
se preocupa com o trabalhador precarizado, o presidiário aglomerado e todas as
categorias que por sua natureza social e econômica continuarão vulneráveis por
ausência de condições materiais, mas mesmo assim, não podemos abdicar do
incentivo ao recolhimento social como alternativa de benefício coletivo.
Mesmo pensando, atuando e me reconhecendo na
luta histórica e social como categoria injustiçada historicamente, neste
momento eu estou na quarentena, e me sentiria péssima se não estivesse em
recolhimento.
Cada corpo vivo se torna uma mensagem de
cuidados ou uma bomba biológica para o transporte do vírus.
Escolhi o cuidado. Que dele resulte a
esperança e juntos possamos lograr mais êxitos do que perdas. Lembrando que nem
tudo estará na alçada dos nossos desejos, nem tudo o que gostaríamos de
realizar nós conseguimos de pronto, mas sempre é possível incentivar alguém que
está tentando fazer a sua parte neste caos.
Eu escolho incentivar.
Congratulo-me com a linha de raciocínio da articulista. O momento é de respeito àquilo que os fatos nos mostram. Uma população viva consegue recuperar com o tempo os danos econômicos, mas o superavit econômico não ressuscita uma população. Isolamento social sim e pelas razões técnicas certas (deprimir o gráfico de crescimento do contágio para reduzir a quantidade absoluta dos 5% que ficarão graves). Roberto Caldas
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