Aqui se propõe um singelo exercício que
haverá de movimentar memórias e sentimentos. É sabido que cada um faz parte de
uma equipe específica geralmente delimitada pelos laços consanguíneos e amigos
mais próximos. Provavelmente a maioria nasce cercada desse contingente de
pessoas que em maior ou menor escala são significativas no decorrer da existência
e de alguma forma serão lembradas, considerado um leque de reminiscências.
Há
aqueles, no entanto que preencheram alguns espaços e ficaram obscurecidos à
medida que o tempo passava em nossas vidas. Inúmeros personagens que, pela
maneira como aprendemos a observá-los, se tornaram invisíveis às
recapitulações. Haverá aqueles que figuram até o presente, expressivos, e
outros retirados da parede, assim como pessoas que esbarraram conosco dezenas
ou centenas de vezes. Professores, colegas de turma, conhecidos da patota, o
diferente que passava todos os dias na rua, o excêntrico ou louco a quem se
dirigiam gracejos. Tantas as razões, pelas quais, os deixamos para trás: pela
pobreza, pela riqueza, beleza ou fealdade, por maior ou menor inteligência, pela
timidez ou vaidade excessiva, pelos trajes, pela profissão, pela deficiência
física ou mental, pela origem familiar.
O
exercício proposta se constitui em buscarmos essas tantas pessoas em nossa
memória. Descobrir o contributo de sua presença nisso que nos tornamos. O que
vimos ou ouvimos ou testemunhamos de suas vidas que, pouco que tenha sido, acabou
por nos permitir uma reflexão mesmo que tardia, capaz de ter-nos tornado alguém
melhor.
Passado
o tempo é possível resgatar naquelas deslembranças um roteiro que foi
desprezado um dia? Hoje quando o mergulho ao passado revive espectros haveremos
de nos surpreender no quanto nos ensinaram enquanto lhes negávamos um espaço?
Aprendemos alguma lição que amadureceu nossa atitude quanto às injustiças,
preconceitos e abandono?
A
encarnação não é um carteado jogado ao acaso sobre a mesa. Cada encontro que
nos permitimos aconteceu com um ser munido de condições evolutivas e capacidade
de ascensão espiritual. Se a nossa percepção não captou os sinais que exalavam
no entorno, ainda assim é inegável que estávamos diante de um Espírito que
ousava, tanto quanto nós, alcançar as benesses de um mundo melhor. É possível
que tenhamos passado batido aos ensinamentos de tantas pessoas que trafegaram à
margem do nosso caminho, mas se nos detivermos nas mensagens até inconscientes
que nos passavam, muito terá havido de aprendizados para os dias atuais.
Costumamos
naturalmente cultivar a memória e a lembrança daqueles que foram exponenciais
incentivadores dos resultados que alcançamos. Raramente ou quase nunca são
lembrados aqueles que conviveram secundários à atenção que lhes prestávamos. Se
possível buscá-los, então bebamos em sua fonte dessa vez. Sabe-se lá onde estão
depois de tanto tempo, mas ainda, em nome da fraternidade que haverá de nos
tornar caminhantes de uma única estrada, que possamos revivê-los, como se posso
possível encontrá-los para o abraço que faltou, para a gentileza negada e em
nome de Jesus possamos oferecer os nossos aplausos aos esquecidos de nossa
existência.
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