A tendência humana em buscar
respostas prontas faz desse comportamento uma condição que passou a ser vista
como se fosse algo natural ao processo de aprendizado e tudo indica que a
realidade pedagógica da lição aprendida não é tão simples assim. Dentro dos
valores dialógicos, a interlocução é reveladora de experiências muito
específicas das partes em relação verbal. A expressão experiência por si mesma
revela um aglomerado de vivências que importa ao modo de despertar
individualizado e, portanto, nem sempre passiva de ser transferida tão
facilmente. Considerando que os conteúdos que o pensamento exibe trazem os
vieses de crenças estabelecidas e as crenças podem impedir a mente de estar
aberta a instaurar novos aprendizados que não correspondam àqueles
sedimentados. Talvez seja essa a razão que leva os criadores de opinião a
utilizarem a repetição persistente como forma de gerar a sensação de “algo
conhecido” que entra pela porta dos fundos da consciência e se transforma em
conteúdo de difícil acesso pela simples lógica. Há quem julgue que qualquer
conceito, independente do seu valor qualitativo, desde que cansativamente
repetido passa a ser aceito como regra a ser seguida, donde vem o engodo de que
“uma mentira dita muitas vezes se transforma em verdade”.
Fundamentalmente são os pensamentos que estabelecem o
padrão vibratório de construção da existência. A conversa silenciosa que foge
do alcance da multidão que nos cerca é que se torna responsável pelo grau de
serenidade ou de ansiedade que se experimenta nas diversas jornadas
empreendidas. A estrutura do pensar é que conecta o caminho que define os
estados do corpo e da mente. A partir do julgamento que aflora diante dos
estímulos que os sentidos captam, as memórias se remoem no inconsciente e
tendemos à repetição ou criamos novas possibilidades de atitude. De alguma
forma decidimos como avaliar o momento novo, repetindo o passado ou mergulhando
na renovação. Julgar que a mudança provém do ambiente que nos cerca é um triste
equívoco, pois o ambiente só se modifica se recebe ações novas provindas de uma
compreensão diferente dos agentes que o povoam.
Jesus foi convidado a dar respostas prontas e negou-se a
fazê-lo. “E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de
Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior”
(Lucas XVII; 20). De que forma, então se experimenta o reino de Deus? Se não
está exatamente no que se materializa, estará nos conteúdos que se encontram
ocultos nos circuitos dos pensamentos que alimentamos? Ou será que os estados
de espírito que provamos estão desvinculados da maneira como articulamos os
pensamentos?
A complexidade da mente humana, mormente quando se tem a informação
das múltiplas experiências, é o oceano donde se haverá de apreender as
respostas que aguardamos do mundo. Basta que avaliemos o pensamento que nos
alcança diseminando-o à humanidade e julguemos se seria de ação benéfica ou
maléfica a sua efetivação no mundo concreto. Avaliemos a qualidade da sensação
interna que um pensamento nos acarreta, de bem ou mal estar. Teremos assim a
resposta se devemos ou não alimentá-lo.
Lembremos o que disse Jesus, não é o que se exterioriza,
logo é o que deixamos oculto que nos faz vivenciar o reino de Deus.
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