quinta-feira, 21 de maio de 2020

COMO DIFERENCIAR DELÍRIOS DE ALUCINAÇÕES - FENÔMENOS MEDIÚNICOS - PARTE IV


  
Uma proposta deste modelo levanta as seguintes explicações:

No córtex cerebral se origina a atividade motora voluntária e consciente. Ali também são codificadas todas as percepções sensitivas que chegam ao cérebro e organizadas as funções cognitivas complexas. Para tornar-se consciente, a atividade cerebral precisa estabelecer uma interação entre o córtex cerebral, o tálamo e a substância reticular do tronco cerebral e do diencéfalo, na qual se situa o centro da consciência. Uma lesão nessa substância provoca o estado do coma.

Da substância reticular projetam-se estímulos neuronais ativadores ou inibidores da atividade do córtex cerebral, responsável pelos diversos estágios de consciência. Desta forma, o fato de uma manifestação mediúnica ser consciente ou não, após o fenômeno para o medianeiro, deve envolver estas áreas ligadas à consciência, certamente objetivando algum benefício para a estrutura do sensitivo.


Ao estudar a anatomia e fisiologia do córtex, concluímos que os fenômenos da psicografia, a vidência, a audiência e a psicofonia devem ter a participação ativa dessa estrutura, pois ali se encontram as áreas específicas para a escrita, visão, audição e fala. Mesmo quando na inconsciência do médium, esses centros devem ser ativados para decodificação e organização motora do fenômeno. Na ausência de um bloqueio do sistema reticular ativador ascendente (por parte do médium ou do espírito comunicante), as mensagens seriam sempre conscientes e o médium poderia acrescentar sua participação, distorção, ou a falta de detalhes dependeria do maior ou menor grau de desenvolvimento mediúnico. Essas interferências do sensitivo são chamadas de anímicas e sempre se fazem presentes, pois o fenômeno tem que se expressar a partir dos recursos intelectivos, emocionais e culturais do medianeiro. Elas diferem da ação maldosa de criaturas que simulam tais fenômenos na busca de terem algum tipo de ganho pessoal – o que a doutrina espírita também chama de charlatanismo.

Os gânglios ou núcleos da base, constituídos por aglomerados de neurônios situados na profundidade da substância branca cerebral, são responsáveis por funções motoras automáticas e involuntárias, e fazem parte do sistema extrapiramidal. Eles controlam o tônus muscular, a postura corporal e uma série de movimentos gestuais que completam a movimentação voluntária; após o nascimento, coordenam a nossa gesticulação reflexa e automatizada. Progressivamente surgem os movimentos intencionais (voluntários), projetados pelo córtex através de sua área motora principal, que se vão sucedendo com maior facilidade, tornando-se automáticos. Considerando o fenômeno mediúnico da psicografia e da psicofonia, pode-se observar que os médiuns, ao discursar ou escrever sob influência do espírito comunicante, geralmente o fazem revelando gestos, posturas e expressões mais ou menos comuns aos todos sensitivos, o que leva a crer que haja uma ação de característica primária na utilização dessas áreas cerebrais durante a fenomenologia, provocando essa semelhança no agir.

Na psicografia, por exemplo, a escrita frequentemente ocorre com muita rapidez, as palavras podem aparecer escritas com pouca clareza e as letras, geralmente, são grandes, provavelmente, para facilitar a escrita rápida. A caligrafia é sem capricho e não há necessidade de o médium acompanhar o que escreve, podendo, inclusive, ocorrer escrita em espelho. Nesses tipos de fenômenos, os médiuns conscientes relatam que são levados a escrever ou falar como se isso independesse de suas próprias vontades.

Numa correlação da fisiologia do sistema extrapiramidal (gânglios da base e área cortical pré-motora) com as características da comunicação mediúnica, pode-se dizer que o espírito comunicante se utilizaria desse sistema automático para se manifestar com maior rapidez, com um mínimo de gasto de energia e menor interferência consciente do médium e maior possibilidade de suceder uma amnésia. Essas comunicações seriam resultado de uma constelação de automatismos complexos, desempenhados pelo sistema extrapiramidal do médium, mas com a co-autoria do espírito comunicante. Como essa atuação não impediria a consciência do médium, ocorreriam ingerências voluntárias do sensitivo, podendo ele interromper o fenômeno quando quisesse ou necessitasse, justificando desse modo a necessidade da educação mediúnica.

Na ausência de bloqueio desse sistema reticular ativador ascendente, por parte do médium ou do espírito comunicante, as mensagens seriam sempre conscientes, com que o médium poderia acrescentar sua participação intelectual na comunicação, causando, muitas vezes, dúvidas no intermediário sobre a realidade do fenômeno. O que se acredita, atualmente, é que nenhuma comunicação mediúnica seja totalmente inconsciente, pois é sempre necessária a participação do córtex. O fenômeno da inconsciência seria fruto de amnésia provocada pelo desligamento entre os elementos sutis do espírito e da estrutura psíquica do médium (interação de campos de força), provavelmente envolvendo o sistema reticular ativador ascendente.

Os trabalhos modernos da neuropsicologia têm identificado no córtex do hemisfério direito as funções correlacionadas com a organização de noção geométrica e espacial. Quando ocorrem lesões nessas áreas as falhas nos desenhos são muito características: os objetos são esquematizados com negligência de detalhes, ficando as figuras incompletas. Os médiuns que captam informações à distância ou registram visões imateriais também costumam descrever suas percepções com falta de detalhes ou amputações, semelhantes às das síndromes do hemisfério direito. Esse nível de distorção ou de falta de detalhes dependeria do maior ou menor grau de desenvolvimento mediúnico ou da utilização dessas áreas cerebrais durante este tipo de fenômeno, dando como resultado essas percepções distorcidas.

O tálamo é um núcleo sensitivo por excelência, exercendo um papel receptor, centralizador e seletor das informações advindas dos botões sensórios. Assim, todos os estímulos do tipo dor, tato, temperatura e pressão, percebidos em toda extensão do corpo, percorrem as vias neurais, terminando no tálamo. Aqueles estímulos são percebidos, priorizados e selecionados, chegando ao cérebro apenas os mais convenientes ou os mais urgentes. Para os de menor importância, o tálamo pode fornecer as informações desejadas, quando essas são requeridas pelo cérebro.

Desse modo, o tálamo exerce um papel bloqueador, interrompendo o caminho até o córtex cerebral, o qual será alcançado se a informação for nova ou de interesse ou, ainda, de risco. É bem provável que muitas sensações somáticas referidas pelos médiuns, dando a impressão da aproximação de entidades espirituais, sejam efeitos dos estímulos talâmicos. A possibilidade de facilitação ou inibição para a sensibilidade desses estímulos espirituais estaria sob o comando do córtex cerebral, acrescida à própria postura atenciosa do médium, em especial, devido ao seu estado emocional ou a sua postura disciplinar na mediunidade.

Desse modo, o tálamo exerce um papel bloqueador, interrompendo o caminho até o córtex cerebral, o qual será alcançado se a informação for nova ou de interesse ou, ainda, de risco. É bem provável que muitas sensações somáticas referidas pelos médiuns, dando a impressão da aproximação de entidades espirituais, sejam efeitos dos estímulos talâmicos. A possibilidade de facilitação ou inibição para a sensibilidade desses estímulos espirituais estaria sob o comando do córtex cerebral, acrescida à própria postura atenciosa do médium, em especial, devido ao seu estado emocional ou a sua postura disciplinar na mediunidade.

Acredita-se na possibilidade da melatonina ter importante papel na gênese de algumas patologias psiquiátricas, como a depressão e a esquizofrenia.

A literatura oferece uma série de informações que dão destaque especial a essa glândula, como núcleo gerador de irradiação luminosa, servindo como porta de entrada para a percepção do mundo espiritual e como elemento físico através do qual o espírito rege toda a estrutura somática. André Luiz, através da psicografia de Francisco C. Xavier, no livro “Missionários da Luz”, assim se refere à pineal:

    “É a glândula da vida mental. Ela acorda no organismo do homem, na puberdade, as forças criadoras e, em seguida, continua a funcionar como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da Criatura terrestre (…). Ela preside aos fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo”.

Dr. Jorge Andréa sobre esta glândula, em seu livro “Forças Sexuais da Alma”, afirma:

 (…) “seria realmente o casulo das energias do inconsciente, a sede do espírito, pela possibilidade de ser a zona medianeira de transição entre o energético e o físico. A glândula pineal deve ser considerada a glândula da vida psíquica; a glândula que ilumina toda a cadeia orgânica, orientando as glândulas de secreção interna através das estruturas da hipófise. (…) seria a tela medianeira onde o espírito encontraria os meios de aquisição dos seus íntimos valores, por um lado, e, pelo outro, forneceria as condições para o crescimento mental do homem, num verdadeiro ciclo aberto, inesgotável de possibilidades e potencialidades. Descartes atribuiu-lhe a honra de ser a sede da alma, ou seja, o ponto em que a alma se pendia ao corpo. Ela seria uma chave de ligação elétrica, ou melhor, uma válvula. Os nervos seriam os canais por onde passam os impulsos eletromagnéticos eletroquímicos, mas seria no corpo pineal que se registrariam esses impulsos e transmitidos para o espírito”.

Pastorino, no livro “Técnicas da Mediunidade”, ao comentar sobre a calcificação da glândula, assim se expressa:

 “A própria chamada areia (sais calcários) tem sua tarefa específica, ainda não revelada: com suas lâminas concêntricas desincumbe-se de seu serviço à semelhança daquela pedra natural denominada galena, que possui capacidade idêntica, de detectar ondas hertzianas”.

Na própria pedra galena é indispensável procurar um pontinho microscópio para conseguir essa transmutação. Assim ocorre com o corpo pineal, muito superior em seu funcionamento à galena. Nele temos, não propriamente como interpretou Descartes, mas como a válvula transmissora-receptora de vibrações do corpo astral a regular todo o fluxo de emissões do espírito para o corpo físico e vice-versa. Daí sua grande importância para a mediunidade. Ao se observar a sensibilidade da pineal à luz, pode-se pensar ser ela também mais sensível às vibrações eletromagnéticas. A irradiação espiritual seria essencialmente semelhante à onda eletromagnética que conhecemos, compreendendo assim sua ação direta sobre a pineal. Isso também explicaria o porquê da maior presença de fenômenos mediúnicos em situações desprovidas/ ou de pouca luminosidade.

Desse modo, num primeiro contato do médium com a entidade espiritual, esse encontro se daria através da pineal. A ação química, a partir do grau de estimulação no fenômeno mediúnico, explicaria aquelas sensações relatadas pelos médiuns, bem como as flutuações da intensidade e frequência dessas. Á medida que desenvolva sua capacidade e moral, o médium terá as sensações diminuídas em seus aspectos dolorosos, fazendo da mediunidade, cada vez mais, um instrumento de crescimento e de felicidade.

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