O Mestre Jesus, durante sua passagem gloriosa
pela Terra, deixou para toda a Humanidade a mensagem reconfortante de que
estaria conosco por todo o sempre, não nos deixando órfãos. Enviaria o
Consolador, que teria o escopo de ensinar todas as coisas e lembrar tudo o que
ele pregou e exemplificou (João 16:26).
As falanges espirituais, instrutoras da
codificação espírita, cumpriram as promessas do Cristo, levantando os véus dos
chamados mistérios. Disse o amoroso Mestre dos Mestres: “O Consolador me
glorificará porque há de receber do que é meu e vo-lo-á de anunciar” (João
16:14). Portanto, o Espiritismo revive a Doutrina de Jesus, em toda a sua
pureza original, explicando-nos que as causa do sofrimento estão dentro de nós
mesmos, refletindo a grande Justiça Divina de um Pai que é Amor (1-João 4:8).
A Doutrina Espírita ratifica o ensinamento
contido no Salmo 28 de Davi: “Paga-lhe segundo as suas obras, segundo a malícia
dos seus atos; dá-lhes conforme a obra de suas mãos, retribui-lhes o que
merecem”. Como, igualmente, corrobora o Mestre, em Apocalipse 22:12: “...A cada
um segundo as suas obras”.
Do mesmo modo, o Espiritismo clama que “a
sementeira é livre, porém a colheita é obrigatória”. Os procedimentos certos ou
errôneos, nos embates da vida, repercutem na vestimenta espiritual, vincando-a
com as vibrações que o indivíduo logra criar. Os atos bons propiciam
crescimento evolutivo espiritual, enquanto os equívocos necessitam de
reparação, proporcionada pela chance do retorno à arena física.
Sem a presença marcante da reencarnação,
acreditando-se em apenas uma vivência física, não há possibilidade de saldar a
dívida contraída, desacreditando o Cristo quando ensina que não há prisão
definitiva que não possa ser paga até o último centavo (Mateus 5:26). O próprio
Jesus, após a crucificação, visitou e pregou aos espíritos em prisão (1 Pedro
3:19), revelando que não existe pena perpétua e, no renascimento na carne,
muitas oportunidades de reajuste serão oferecidas
Nos arraiais da erraticidade, no período
entre as reencarnações, estacionado na faixa evolutiva em que se encontra,
impedido de alçar grandes voos, o espírito está envolvido por sua consciência.
Aí padece o “inferno do remorso”, o qual constantemente o cientifica dos atos
praticados em vivências reencarnatórias transatas e a necessidade da reparação
dos equívocos.
Diante das leis divinas todos os homens são
iguais. A diversidade dos instintos, das aptidões intelectuais e morais inatas
observadas, resultam das vivências, das experiências e habilidades conquistadas
ao longo do tempo através de inumeráveis reencarnações.
Quando usamos mal o livre-arbítrio,
suprimindo a liberdade dos nossos semelhantes, impondo com violência as nossas
ideias, prejudicando sobremaneira o nosso próximo, nos situamos contrários às
leis naturais. Somos catalogados pelo Código Penal Divino, inserido em nossas
consciências, como réus confessos, trazendo inscritas as sentenças em nossa
intimidade espiritual, vivenciando intenso sofrimento interior.
Em verdade, o suplício não é para sempre,
perdurará enquanto o remorso estiver sendo vivido e, reencarnando, o ser terá a
oportunidade ilimitada de sair da prisão construída dentro de si mesmo,
vivenciando, com coragem a resignação, a dor que surge no caminho, como,
igualmente, poder se purificar, através da prática do amor, exercendo a caridade
legítima e desinteressada de ganho material. Vivenciava, na verdadeira pátria
que é a dimensão extrafísica, a condição de verdugo. Agora, livre da expiação
retificatória, do “escândalo necessário” (Mateus 18:7), retorna pelo portal da
morte como servo, sem mais a presença desagradável da culpa a lhe consumir.
Disse Pedro: “O amor cobre multidão de erros” (1 Pedro 4:8).
Expiações
coletivas
A ação do resgate pode acontecer,
correlacionando-a com o tipo de infração. Se o mal foi praticado coletivamente,
isto é, em conluio lastimável junto a um grupo de executores (“Ai daqueles por
quem vem o escândalo” - Mateus 18:7), a liquidação dos débitos acontecerá com a
presença de todos os protagonistas envolvidos, sendo o processo conhecido, na
Doutrina Espírita, como expiação coletiva.
As desgraças sociais, envolvendo muitas
vítimas, são relacionadas a fatores casuais pelos materialistas e
espiritualistas menos avisados, o que caracteriza uma hipótese por demais
simplória, não merecendo consideração, desde que a própria harmonia e ordem do
Universo, como igualmente a grandeza matemática e estrutural das galáxias,
apontam para uma causa inteligente. Aliás, a frase lapidar de Teófilo Gautier é
sempre lembrada: “O acaso é talvez o pseudônimo de Deus quando Ele não quer
assinar o seu próprio nome”.
Em “Obras Póstumas”, no cap. intitulado
“Questões e Problemas”, há uma abordagem especial de Kardec e dos espíritos a
respeito das expiações coletivas, comprovando a entidade Clelie Duplantier que
faltas coletivas devem ser expiadas coletivamente pelos que, juntos, a
praticaram. Disse que todas as faltas, quer do indivíduo, quer de famílias e
nações, seja qual for o caráter, são expiadas em cumprimento da mesma lei.
Assim como existe a expiação individual, o mesmo sucede quando se trata de
crimes cometidos solidariamente por mais de uma pessoa. A propósito, o
Codificador, em “A Gênese”, no capítulo 18, item 9, chama-nos a atenção de que
a Humanidade é um ser coletivo no qual acontecem as mesmas revoluções morais
que acontecem em cada ser individual.
Referências
de Expiações Coletivas
Na literatura subsidiária espírita, temos
algumas fontes de consulta a respeito do assunto em tela:
1- Em 17 de dezembro de 1961, em Niterói
(RJ), aconteceu a enorme tragédia no Gran Circus Norte-Americano, relacionado,
segundo o Espírito Humberto de Campos, como expiação coletiva, envolvendo
romanos que assassinaram dezenas de cristãos, em uma arena na cidade de Lião,
no ano de 177 ("Cartas e Crônicas, cap. 6, FEB);
2- O incêndio do Edifício Joelma, em São
Paulo, com muitas vítimas, foi explicado como dívidas reportadas ao tempo das
guerras das Cruzadas (“Diálogo dos Vivos", cap. 26);
3- Emmanuel, através da psicografia de Chico
Xavier, na questão 250 do livro “O Consolador”, esclarece-nos: “na provação
coletiva verifica-se a convocação dos espíritos encarnados, participantes do
mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da
justiça, na lei das compensações, funciona então espontaneamente, através dos
prepostos do Cristo, que convocam os comparsas na dívida do pretérito para os
resgates em comum, razão por que, muitas vezes, intitulais – doloroso acaso –
às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que
lhes ocasiona a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações, no quadro
dos seus compromissos individuais”; e
4- André Luiz, no capítulo 18, do livro “Ação
e Reação”, psicografado por Chico Xavier, descreve as palavras do benfeitor
espiritual Druso, a respeito de um acidente ocorrido com uma aeronave, na qual
pereceram 14 pessoas. Ressaltamos a informação de que “milhares de delinquentes
que praticaram crimes hediondos em rebeldia contra a Lei Divina encontram-se,
ainda, sem terem os débitos acertados”.
Diante de tais acontecimentos, os que
desconhecem o nascer de novo, a reencarnação, podem, com certeza, bradarem:
“Onde estava Deus quando tudo isso aconteceu?
Sem a explicação sensata das existências
sucessivas, o mundo tem sua origem alicerçada no acaso, sendo o ateísmo o
caminho a seguir por todos os que não aceitam a fragilidade dos argumentos
dogmáticos, propagando uma só vivência física, com a criação do espírito junto
com a formação do corpo de carne. Sem a crença reencarnacionista, não há como
preencher o vazio da alma humana à procura de um esclarecimento a respeito de
si mesmo e do porquê dos dramas que lhe afligem.
Dramática
Colonização Europeia
No momento atual, a humanidade está perplexa
com o fato de milhares de miseráveis subsarianos, sírios ou de Bangladesh
morrerem na costa leste do Mar Mediterrâneo, em busca de exílio, principalmente
em solo italiano. Durante a travessia por barcos, muitos desencarnam, famintos
e doentes, outros por naufrágio.
Como explicar, sob o ponto de vista
espiritual, semelhante tragédia de proporções realmente grandes, atingindo
principalmente a Itália?
Podemos conjecturar que essa intensa
tribulação (“é mister que venham escândalos”- Mateus 18:7) tem sua origem, em
transatas vivências, nas quais esses mesmos espíritos, agora sofredores,
participaram como algozes de ações deletérias, acarretando sofrimentos atrozes
aos seus semelhantes (“Ai daquele por quem o escândalo vier”- Mateus 18:7),
participando como protagonistas da violenta colonização europeia.
Por ser a Itália o país mais envolvido nesse
dramático episódio, merece ser apontado o colonialismo italiano, o qual começou
a mostrar suas garras a partir do final do século XIX, precisamente em 1885,
com sua primeira colônia, Eritreia, sendo gasto muito dinheiro para apoderar-se
de territórios intensamente pobres e distantes.
Alguns anos após, foram conquistadas a
Somália, a Líbia e a Abissínia (hoje Etiópia). Milhares de pessoas morreram
devido a essa empreitada colonialista. Somente na última batalha verificada na
Abissínia pereceram cerca de 7.000 homens. Durante o domínio colonial italiano,
na África, foram usadas armas proibidas, tais como gás venenoso e gás mostarda.
Ao lado dos invasores italianos, apareceram com maior expansividade o
colonialismo inglês e francês.
Agora, os invasores do pretérito aparecem
reencarnados, no mesmo solo que pintaram de sangue, e com a roupagem física de
africanos que tentam voltar às pátrias de origem, necessitando drasticamente de
amparo, proteção e ajuda. Retornam como vítimas, deixaram de ser algozes.
Que tenhamos a certeza de que o Amor de Deus
é incomensurável e existe uma razão espiritual para as tragédias que deixam
aterrorizadas as criaturas terrenas. Tudo tem uma finalidade, a casualidade não
existe. O Pai proporciona a redenção espiritual de todos nós, seus filhos,
herdeiros e viajores do Cosmo, através de Sua eterna misericórdia e do Seu
incomensurável Amor.
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