No filme Paulo, Apóstolo de Cristo, que
estreou em 2018, com bem selecionado elenco, chama atenção pelo aspecto
dramático-histórico do incomparável personagem e que está disponível na
internet, traz um diálogo que vale a produção, entre outros momentos
marcantes.
O diálogo ocorre entre Paulo, já prisioneiro
e próximo de ser executado, com outro personagem responsável pela sua prisão, e
traduz a saga de viver e seus desdobramentos.
Paulo indaga de seu interlocutor – que busca
entender o processo de viver, dominado ainda pela incredulidade perante o ideal
cristão do apóstolo, que constata pessoalmente – se ele já velejara, ao que
responde afirmativamente. E aí vem a lição magnífica de Paulo:
“(...) Imagine-se olhando para o vasto mar
diante de você. Você se abaixa, põe a mão na água e traz um pouco dela até
você.... Imediatamente ela começa a escorrer pelos dedos até a mão estar
vazia... Essa água é a vida do homem. Do nascimento à morte, ela está sempre
escorrendo por nossas mãos até se ir... junto com tudo a que você tenha apreço
neste mundo.
Porém, o Reino de que falo, para o qual eu
vivo, é como o resto da água do mar. O homem vive por aquele punhado de água
que lhe escorre pelos dedos, mas aqueles que seguem Jesus Cristo, vivem para
aquela expansão infindável de mar (...)”.
Magnífico diálogo! Repleto de reflexões para
dimensionarmos nossos apegos e ilusões diante da imensidão da vida, que não se
resume a poucas décadas em que aqui permanecemos, onde estão tantos conflitos e
dificuldades, obstáculos e desafios. A vida é mais que algumas décadas de
enfrentamentos variados, muito mais que ilusões que alimentamos e não se
restringe a nossos limitados pontos de vistas, opiniões, crenças, vícios e
condicionamentos que nos permitimos.
A ideia clara, precisa, que se tem da vida
futura e seus desdobramentos infinitos, altera completamente o modo de encarar
as ocorrências desagradáveis e passageiras do cotidiano, conforme pondera Allan
Kardec em seu lúcido texto Ponto de Vista, constante do capítulo II de O
Evangelho Segundo o Espiritismo.
A perspectiva real de continuidade natural da
vida, pós túmulo, altera completamente nossa maneira de ver a vida e seus
desafios, convidando-nos a não nos prendermos à ocorrência da água que nos
escapa pelos dedos e sim fixarmos a expansão infindável do mar, da linguagem
figurativa do Apóstolo, no diálogo do filme citado.
Afinal a vida é imortal, infinita, e caminha
para a felicidade. Apegar-se às ilusões variadas da presente existência é
condenar-se à estagnação para entender a própria dinâmica de viver.
Por isso a informação que nunca deve ser
esquecida “Meu Reino não é deste mundo”. Não é apenas uma afirmação, ela contém
todo um contexto de sabedoria, vivência, experiência, maturidade de quem sabe o
que ensina, mostrando rumos novos de harmonia e felicidade.
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