O título jocoso, já
explicado no artigo anterior, tem o propósito de chamar à a atenção do
leitor acerca da presença de Deus no Planeta, ante a inobservância pelos
homens, das suas leis, mais especificamente a Lei de Amor, Justiça e Caridade, analisando-se algumas passagens de
Jesus.
Allan Kardec, comentando
mensagem do Espírito Clélia Duplantier, inserto em Obras
Póstumas, na qual revela acerca das responsabilidades espirituais
do indivíduo à família, à nação, às raças, ao conjunto dos habitantes dos
mundos, as quais formam individualidades coletivas, assim se expressa:
“Não se pode duvidar de que haja
famílias, cidades, nações, raças culpadas porque, dominadas pelos instintos do
orgulho, do egoísmo, da ambição, da cupidez, caminham em má senda e fazem
coletivamente o que um indivíduo faz isoladamente; uma família se enriquece às
expensas de uma outra família; um povo subjuga um outro povo, e leva-lhe a
desolação e a ruína; uma raça quer aniquilar uma outra raça. Eis por que há
famílias, povos e raças sobre os quais cai a pena de talião.”
Somente pela compreensão das
vidas sucessivas se pode entender um processo pandêmico global de tal magnitude,
quando as vítimas parecem ser angelicais inocentes. O Espírito Clélia
Duplantier assegura três caracteres em todo o homem: o de indivíduo em si
mesmo; o de membro da família e, finalmente, o de cidadão, no tocante às
responsabilidades espirituais.
De fácil compreensão, pois,
que a dinâmica dessa natureza, como a que as Nações enfrentam, tem um
determinismo causal nessa ou em existências pretéritas, sem que isso signifique
fatalidade, conquanto o amor seja o determinante para a superação de todos os
nossos compromissos reativos dessa ou de outra vida, tendo como paradigma a
vida. Leia-se a questão nº 880, de O
Livro dos Espíritos, quando Allan Kardec indaga sobre o primeiro de todos
os direitos naturais do homem:
Os Reveladores Celestes respondem:
“- O de viver. É por isso que
ninguém tem o direito de atentar contra a vida do semelhante ou fazer qualquer
coisa que possa comprometer a sua existência corpórea.”
A compreensão espírita da
vida é um processo que transcende aos aspectos puramente biológicos. O Espírito
reencarna com o propósito de chegar à perfeição. Comentando essa questão em O Livro dos Espíritos,
Kardec afirma da importância de todos os seres corpóreos à marcha do Universo.
Ele conclui dizendo que por uma lei admirável de Deus, tudo se encadeia, tudo é
solidário
(destaque nosso) na Natureza. Quanto à solidariedade, a partir daqui a
referência será alteridade - neologismo criado por Emmanuel
Lévinas, em 1960, é uma das formas de reconhecer o valor do outro
e é ver-se através dele, é ir além da amizade, da solidariedade, da tolerância
e da sintonia - é o verdadeiro laço social entre os indivíduos, e não só no
presente, ele se estende ao passado e futuro.
Allan Kardec, ainda em Obras Póstumas, afirma:
“A Humanidade se compõe de
personalidades, que constituem as existências individuais, e das gerações, que
constituem as existências coletivas. Umas e outras avançam na senda do
progresso, por variadas fases de provações que, portanto, são individuais para as
pessoas e coletivas para as gerações. Do mesmo modo que, para o encarnado, cada
existência é um passo à frente, cada geração marca um grau de progresso para o
conjunto.”
A passagem abaixo,
protagonizada por Jesus, contida nos Evangelhos, quando ele avisado de que os
seus o esperavam da parte de fora, e quando faz a distinção entre parentesco
corporal e espiritual. Somente o Espiritismo pode torná-la compreensível, pela
comprovação da pré-existência da alma.
“Quem é minha mãe e quem são meus
irmãos? E, perpassando o olhar pelos que estavam assentados ao seu derredor,
disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; – pois, todo aquele que faz a vontade
de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.”
A
família espiritual, a verdadeira família, fortifica-se pela purificação e se
perpetuam o no Mundo Espiritual, através da reencarnação. A
sanguínea se extingue com a morte.
O COVID-19 destrói a falácia
do neoliberalismo e a tal festejada meritocracia em uma sociedade extremamente
desigual. A pandemia é uma resultante ética. Partindo dessa, o vírus tornou
visíveis tantas outras; a crise demográfica, ambiental, da educação, da miséria,
da banalização da vida, da falta d’água, as desigualdades sociais e das
riquezas e a crise de governança no mundo.
O ser humano está doente. A
mutação genética ocorre no indivíduo, como consequência dos desacertos éticos
no processo da convivência consigo e com o próximo. O vírus é apenas o gatilho,
e tem toda a sua dinâmica na compreensão do perispírito e do processo da
individualização do princípio inteligente e a individuação, catalogada por Carl
Jung.
Na obra Decodificando o Corpo Bionergético [leia-se
perispírito], há referência às conclusões do site Projeto Genoma do National Institute of Health,
que relatam que os fatores ambientais podem ser o gatilho mais importante, que
a mutação genética esteja manifestada ou não. Leia-se:
“Os cientistas estimam que cada um
de nós seja portador de cinco a cinquenta mutações (genéticas) que apresentam
algum risco de doença ou deficiência. Alguns podem não sofrer consequências
negativas dessas mutações, seja porque não vivem o bastante para que isso aconteça
ou porque não estão expostos a esses gatilhos ambientais relevantes.”
O
períspirito, para Allan Kardec, mostra o caminho da medicina do futuro. É bom
lembrar sempre que perispírito se une molécula a molécula ao corpo, no momento
da formação dos corpos.
Do princípio que a
verdadeira vida é a espiritual, importa destacar que os indivíduos são cidadãos
de dois mundos. Essa certeza fecha a compreensão das consequências espirituais
embutidas nas crises no mundo, pela ausência de comportamentos que consolidem a
alteridade.
O Espiritismo encerra que os
fatos da vida social são verso e reverso da vida do Espírito que, a cada
existência corporal se sucede uma espiritual. Um fato social é um fato cósmico.
Portanto,
a socialização é um processo de descentralização psíquica, pela expansão das
potencialidades do ego, e tem como princípio espírita da vida social e
espiritual a alteridade, quando reconhece o Outro como alguém imediatamente sob
minha responsabilidade, responsabilidade essa que Jesus definiu como amor ao
próximo, mediante a assertiva sob análise:
“Quem
é minha mãe? Quem são meus irmãos?”
Bibliografia:
FRASER. Peter H. HARRY, Massey. Decodificando o corpo bioenergético.
São Paulo, 2008.
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. São Paulo: EME, 1996.
_____________. O livro dos espíritos. São Paulo: LAKE, 2000.
_____________. Obras póstumas. Brasília: FEB, 1987.
LÉVINAS, Emmanuel. Entre nós. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
PIRES. J. Herculano. Introdução à filosofia espírita. São Paulo: FEESP, 1993.
Excelente assertiva!!
ResponderExcluirTexto bastante lúcido.
Parabéns.
Maurício Linhares
Vc tem a minha concordância e me trouxe uma ideia de um texto que avalie o perispírito + causa e efeito + vibração gerando uma patologia e interferindo no código genético e produzindo as doenças, que aliás, são processos individuais em meio às carências coletivas. Roberto Caldas
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