Não sei se os espíritas sabem. A concentração
de riqueza no Brasil é tamanha que cinco famílias detêm 50% do poder aquisitivo
nacional enquanto o RESTO da população divide os outros 50%. Isso se constitui
na maior desigualdade em todos os tempos em países ditos democratas e só atrás
do Catar nesse ranking, ou seja, a segunda pior distribuição de renda do mundo.
Não sei se os espíritas sabem que os ganhos
dessas famílias não são produto de investimentos na tecnologia, na ciência ou
na produção agrícola, sim da especulação monetária, quer dizer, aumentam a
fortuna sem benefício algum para a sociedade e mantém a maior parte dos seus
valores em paraísos fiscais.
Não sei se os espíritas sabem que os
alimentos que nos chegam às mesas, àqueles que ainda conseguem ter mesa e
alimento, provêm quase 65% dos pequenos agricultores que promovem a Agricultura
Familiar, com apenas 23% da área de plantio, não dos grandes latifundiários que
produzem para exportar. E esses pequenos produtores estão sendo sufocados
paulatinamente pelo baixo financiamento, pela dificuldade de estoque e
transporte.
Não sei se os espíritas sabem, mas o capital
que remunera lucro dos grandes magnatas nacionais não são onerados por
impostos, não há taxação de grandes fortunas nem grandes heranças no país,
enquanto a população de trabalhadores é escorchada por taxas que vampirizam os
orçamentos e reduzem o bem estar social, pois o Estado transfere tais valores
para as mãos daqueles que detêm os 50% das riquezas, sem retornar à sociedade.
Não sei se os espíritas sabem, mas desde o
descobrimento do Brasil em 1500, o período de 2002 a 2014 foi aquele no qual
houve um início de se buscar reduzir as desigualdades com aumento, tímido e frágil
ainda, da participação da população invisível na partilha dos bens sociais,
quando se conseguiu por duras penas trazer para a mesa de refeição um
conglomerado de, antes considerados, zumbis humanos. Além de abrir perspectivas
jamais vistas na direção da amplificação de escolas e universidades. Dados que
se encontram publicados em estatísticas e nos anais da ONU.
Não sei se os espíritas sabem, mas todos os
movimentos que vieram pós 2014 foram derivados de um plano para acabar com essa
farra de pobres que estavam se sentindo gente e se fossem deixados livres iriam
submeter, passadas algumas décadas, a
chegada da população de brasileira ao topo da educação, o que mudaria com
certeza as condições de vida social no Brasil. Lógico que foi necessário uma
cortina de fumaça para viabilizar a destruição dos principais pontos e a aposta
numa doutrina de ódio e perseguição criou a onda do moralismo vazio que nos
trouxe até essa atual plataforma.
Não
sei se os espíritas sabem, mas o Brasil possui um dos maiores sistemas de saúde
do mundo (SUS) que desde o nascimento tem sido bombardeado e desvitalizado
pelos que julgam que destino de pobre é morrer, enquanto se aumenta a fatia de
poderosos que enriquecem com programas privados de assistência à saúde, cuja
oferta, depende que se tenha condições financeiras para pagar. E quando surge
um problema como essa pandemia, todos querem exigir desse sistema extorquido e
desvitalizado uma ação além de suas possibilidades e somem os poderosos dos
sistemas privados, dispostos a ajudar apenas por contratos milionários de
cessão de espaço.
Não sei se os espíritas sabem, mas as
“doações aparentemente generosas” que esses conglomerados da ambição destinam
ao combate à pandemia ora instalada passam longe da caridade genuína e estão
sendo contabilizadas para reduzir a parca parcela de tributos que lhes compete
ao erário público. Quem de verdade está doando é, de novo, a sociedade civil
como um todo, que não tira proveito algum financeiro da doação que faz.
Se os espíritas não sabem, lamento. Talvez
devessem estudar mais. Talvez devessem ler a respeito do sistema neoliberal que
tantos defendem, pelo menos para ter uma visão própria sem ficar reverberando
discursos ultrapassados que ainda vê o fantasma do comunismo invadindo o mundo.
Talvez precisassem perceber que os barões do mercado financeiro estão pouco
ligando para a gleba humana que passa fome, já contados quase dois bilhões de
seres humanos. Talvez devessem se questionar porque no Brasil, de repente
emergiu 15 milhões de invisíveis ao Estado.
Se os espíritas não sabem, lastimo. É preciso
entender que o Espiritismo não veio ao mundo para fazer apenas as pessoas se
tornarem médiuns educados e frequentarem as reuniões de desobsessão, quando
usam palavras melífluas para desfazer vinculações agressivas na relação
encarnado/desencarnados. Sequer para distribuir cestas básicas e enxovais para
gestantes, medida de caráter social que não precisa exatamente ser espírita
para executar, apesar de meritória e necessária.
Se os espíritas não sabem, é uma pena. Talvez
devessem estudar Kardec, Denis, Delano, Herculano, Barsanulfo, Ney Lobo, Dori
Incontri. Talvez precisem conhecer as filosofias de Sócrates, Platão,
Aristóteles, Rousseau, Pestalozzi. Talvez devessem refletir nas lições, quem
sabe ultrapassadas (?), de Jesus.
Talvez, quem sabe, os espíritas, de mão com
tais orientações, pudessem entender que ao espírita é exigido se tornar um
“crítico social” e compreender que o momento histórico é um cavalo selado que
passa muito célere. A história da humanidade é plena de exemplos do quanto nos
enganamos nos séculos que passaram. Os enganos de hoje não divergem dos enganos
de ontem. Vivemos agora exatamente a confusão que perpetramos lá atrás.
Se os espíritas não sabem como se comportar
nesse desafio de agora, talvez caibam algumas sugestões. Analisem quem a história premiou com honrarias
morais abaixado o pó do tempo; pesquisem quem esses eram e como foram tratados
pelo poder vigente à época dos conflitos; vejam de que lado eles estavam e como
se comportavam em relação à população geral; decidam de que lado estariam se
fossem seus contemporâneos. Depois dessas avaliações façam uma tomada de
consciência e se questionem em que lado se posicionam AGORA, o que escutam,
veem e conhecem dessa realidade que defendem. Se julgarem serem justas as
posições adotadas, persistam então. A história haverá de nos julgar, igualmente
julgou aqueles que nos precederam nos grandes embates de ideias desse mundo em
constante conflito de posições.
Infelizmente tem muito espírita que não sabe. Prefere ficar ignorante nessa matéria w continuar a distribuir cestas básicas em caridade de cima para baixo e não em uma caridade que traga justiça social.
ResponderExcluirPior. Diz aceitar a doutrina de Jesus e fica se expondo nas mídias virtuais babando de ódio e defendendo grupos que são a favor do armamento da população e do desrespeito ao pensamento do outro. Roberto Caldas
ExcluirDeveria ter mais a participação dos espíritas sobre as ideias aqui assentadas.
ResponderExcluirJorge Luiz