Sertão
queimado por longa seca impiedosa,
É
já noite, à beira de míngua água restante,
Nem
parece que a brisa, tão deliciosa,
Sucedera,
ainda há pouco, ao sol causticante.
Céu
de estrelas... infinitamente azul...
Lá,
bem longe, a Dalva a acenar com alegria,
No
mesmo lugar, brilha o Cruzeiro do Sul,
Juntas,
ainda, a me velarem as Três Marias...
O
"Ouvir Estrelas" de Bilac é verdade!
Cantam
da saudosa infância as doces lembranças:
O
conforto dos pais, os irmãos, a felicidade...
Num
acalentar de já vividas esperanças.
Surpreendente,
lá no longínquo horizonte,
Por
luz sanguínea e imensa, arrebenta o luar!...
Celebra
o tetéu frenético em voos rasantes;
No
solo, o chocalho de vaca a ruminar...
No
céu - formosa - a Via Láctea a cintilar;
Na
terra, a claridade santa em profusão;
Em
tudo, a suprema paz ao alcance do olhar;
Dentro
de mim, sem mais caber, tanta emoção...
Tudo
é tão belo, grandioso, encantador...
Sistemática
expressividade do céu,
Manifesta
abundância do Divino Amor,
Que
banha os miseráveis com luzes, ao léu...
Detenho-me,
enfim, estupefato a pensar...
Vêm
imagens dos mais sublimes sonhos meus...
Enquanto
ouço a divinal "Sonata ao Luar",
E,
extasiado, flutuo... sinto...e vejo Deus!...
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