A palavra pecado, em sua derivação do
hebraico chattat, significa errar o alvo ou mudar de direção ou ainda pisar em
falso. Jesus a utilizou segundo registros dos evangelistas, em diversas
situações, sobretudo ao finalizar um processo de cura, quando sinalizava
àqueles que haviam recebido uma nova oportunidade para que não tornassem a pecar.
Provável que o Mestre entendesse que a causa daquela doença que fora curada seria
o resultado do desvio de rota ética praticado em outro momento que voltava sob
a forma de doença agora. Inúmeras são as inserções nas escrituras, considerando
o Novo e o Velho Testamento, que se reportam aos atos ou obras das pessoas como
a causa das bênçãos ou infortúnios pelo que se passa em suas vidas. Paulo em
carta aos Gálatas (VI; 7 e 8) adverte: “Não erreis. Deus não se deixa
escarnecer, porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”.
Somos
colocados diante do espelho da própria consciência em todo tempo difícil que
exija sacrifícios de nossa parte. Toda pessoa que tenha uma história de maus
pedaços vencidos no passado, certamente louva a dificuldade que precisou
enfrentar, não obstante os momentos aflitivos e de incertezas. Os obstáculos,
quando vistos sob o ângulo do aprendizado, são degraus que permitem o
entendimento paulatino, qual acontece quando se sobe uma escada com a visão que
se passa a ter do espaço abaixo da altura conquistada.
O
Livro dos Espíritos (q.114) ao discutir a natureza intrínseca da condição
humana em confronto com as respostas que emergem das atitudes e reações que nos
são próprias reforça a condição de progresso intrínseco à caminhada individual,
diante dos acertos e desvios que cometemos. Senão vejamos: “Os Espíritos são
bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que procuram melhorar-se? – Os
Espíritos mesmos se melhoram; melhorando-se, passam de uma ordem inferior para
uma superior”. Lógico que as situações vivenciadas numa e noutra circunstância
vai estar apropriada exatamente aos atos praticados nas decisões adotadas, pois
seria surreal que o semeador de um tipo de semente fosse forçado a colher
frutos de espécie diferente daquela que plantou. A semeadura induz à colheita,
sendo essa última obrigatória.
A
lição que ensinava Jesus ao acolher as dores das multidões de aflitos que o
procuravam nos arrabaldes dos caminhos é valioso ponto de reflexão para os dias
que vivemos. O mundo está encarcerado e
paralisado, perante ameaças de dor e sofrimento, numa peleja que põe em risco a
sobrevivência física de percentual considerável da população humana. Essa
aflição nos jogou diante da auto-imagem. A humanidade necessita urgente que as
decisões individuais a salve. Romper o compromisso gera a multidão. Se a
multidão se formar corremos riscos. Fica claro que não dá para exigir do outro
diferente do que cada um faz. Se todos fizerem da mesma forma, dependendo de
qual seja a decisão, virá uma resposta correspondente e justa. Ter um caminho
possível é metade da resposta. Como tudo na Natureza, não é à toa que está
manifestação nos chega, destruindo conceitos econômicos e sistemas políticos.
Nossa geração não sabia o que era igualdade, agora já sabe, apesar de ancorada
na ignóbil desigualdade orquestrada de forma impiedosa pelo capitalismo.
Jesus
envolverá aos que deixarem o planeta. A vida continua. Aos que ficarmos não
furtará de exibir a sua sentença para a continuidade da existência: “vai e não
tornes a pecar”.
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